O controle de plantas daninhas em meio a culturas agrícolas é uma tarefa complexa que exige conhecimento técnico e científico, atrelado a um bom manejo. Uma das espécies mais complexas e preocupantes de plantas daninhas que infestam a cultura da soja, matocompetindo com ela é a buva (Conyza spp.).
A buva matocompete com a soja por radiação solar, água e nutrientes do solo, podendo uma planta por metro quadrado, causar perdas de produtividade de até 14% em soja (Supra Pesquisa). Em conjunto a essa elevada habilidade competitiva, a buva possui uma grande capacidade de produzir sementes, as quais são facilmente dispersas, dando origem a novas populações de plantas daninhas, infestando áreas de cultivo.
Ainda que o controle químico da buva seja realizado principalmente em pós-emergência, a ocorrência de casos de resistência dessa daninha a alguns herbicidas torna necessário a utilização de práticas de manejo alternativas, de forma integrada, para a maior eficiência de controle da daninha.
Uma dessas práticas de manejo é o controle cultural, por meio da boa cobertura do solo, principalmente pela palhada residual de culturas antecessoras a soja. Conforme observado por Yamashita et al. (2016), na ausência de luz, a germinação de sementes de buva é drasticamente reduzida (figura 1), podendo assim, ser considerada uma espécie fotoblástica positiva (sementes necessitam de luz para germinar).
Figura 1. Germinação (%) de sementes de Conyza canadensis e C. bonariensis em duas condições de luminosidade.
Embora a boa cobertura do solo, reduza significativamente o fluxo de emergência da buva, contribuindo para o manejo e controle da daninha, em situações onde não se tem uma boa uniformidade da cobertura do solo, é possível observar a emergência de algumas plantas de buva em meio a palhada residual da cultura antecessora. A desuniformidade de cobertura do solo, possibilita a incidência de luz no solo, possibilitando a emergência das sementes de buva e outras espécies fotoblásticas positivas presentes no banco de sementes do solo.
Embora boa parte dessas plantas daninhas emergidas possam ser controladas com o emprego de herbicidas pós-emergentes, visando um manejo e controle eficiente, deve-se integrar medidas de controle a exemplo do uso de herbicidas pré-emergentes. Os herbicidas pré-emergentes atuam diretamente no banco de sementes do solo, inibindo a germinação das sementes de plantas daninhas ou causando a morte delas durante o processo germinativo.
Como principais benefícios, tem-se a redução do fluxo de emergência de plantas daninhas, o aumento do período anterior a interferência de plantas daninhas e a rotação de mecanismos de ação de herbicidas. Contudo, embora os herbicidas pré-emergentes contribuam significativamente para o manejo e controle da buva na cultura da soja, a utilização deles depende de uma séria de fatores e critérios, sendo essencial atentar para características físicas e químicas de solo e herbicidas, assim como a umidade do solo e a presença de palhada na cobertura do solo.
Veja mais: Quais os critérios para a utilização dos pré-emergentes?
Assim como contribui para a redução dos fluxos de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas, a palhada em cobertura pode restringir a chegada de herbicidas pré-emergentes no solo, impondo uma barreira física. Para que exerçam um controle satisfatório, os herbicidas pré-emergentes necessitam estar em contato com o solo e banco de sementes dele. Além disso, fatores como a quantidade de argila, a textura do solo, a CTC, o pH estão fortemente ligados ao potencial de adsorção do herbicida no solo, resultando na capacidade desse herbicida se dissolver.
Confira o vídeo abaixo com as dicas do pesquisador da CCGL Mário Bianchi sobre o controle de buva em resteva de cereais de inverno.
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Referências:
YAMASHITA, O. M. et al. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE DUAS ESPÉCIES DE CONYZA EM FUNÇÃO DA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE LUZ E INTERAÇÃO COM A ADIÇÃO DE NITRATO E ÁCIDO GIBERÉLICO NO SUBSTRATO. Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V.12 N.2 Maio/Ago. 2016. Disponível em: < https://revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/1714 >, acesso em: 06/12/2021.