O controle de plantas daninhas é essencial para impedir a competição de plantas daninhas com cultivadas por água, nutrientes e radiação solar. Com o surgimento de culturas com a tecnologia RR, a exemplo da soja, novas perspectivas foram criadas a respeito do controle de plantas daninhas. Sem dúvidas a nova ferramenta auxilio em vem auxiliando consideravelmente no manejo e controle de plantas daninhas, sedo o glifosato o herbicida mais utilizado em cultivos com a tecnologia RR. No entanto uma problemática surge em meio aos inúmeros benefícios trazidos pela tecnologia, trata-se das plantas voluntárias ou “tiguera” que apresentam difícil manejo em decorrência da sua resistência ao glifosato.
Dependendo da cultura a ser cultivada sucessivamente, os danos da produtividade decorrentes da presença de plantas voluntárias podem ser representativos. Segundo DA SILVA et al. (2015), para a cultura do algodoeiro, o qual é cultivado após a soja em várias regiões do Brasil, os autores destacam que as perdes de produtividade de algodão chegam a 14% para uma planta de soja voluntária por metro quadrado. Contudo, cabe destacar que DA SILVA et al. (2015), atribuem o fluxo de emergência de plantas voluntárias ao nível de perda de colheita, apresentando estes relação direta.
Outra cultura prejudicada pela interferência da soja voluntária é o milho safrinha. Para o cultivo do milho safrinha após soja, segundo ADEGAS; GAZZIERO; VOLL (2014) a interferência da soja na produtividade do milho pode chegar a 40% dependendo do nível de infestação presente na área. Contudo os autores destacam que para populações de soja tiguera igual ou inferiores a duas plantas por metro quadrado não há efeito prejudicial para a cultura do milho. Confira o trabalho original clicando aqui.
Tabela 1. Produtividade e perda relativa da cultura de milho safrinha, em função de diferentes níveis de infestação de soja voluntária.

Com base na influência negativa causada na produtividade de culturas pela ocorrência de plantas espontâneas, é fundamentam buscar estratégias que possibilitem o controle das plantas voluntárias, visto que nesse contexto acabam desempenhado papel de planta daninha prejudicando a cultura principal.
Buscando respostas ao controle de soja, quando infestante do milho, THEORODO et al. (2018) avaliaram a eficiência de herbicidas utilizados na cultura do milho para o controle de plantas de soja voluntárias em dois estádios fenológicos, em trabalho científico intitulado “Herbicidas utilizados em milho no controle de soja voluntária” avaliaram diferentes caldas com distintos produtos para o controle da soja voluntária.
O trabalho foi publicado na revista Brasileira de Herbicidas, no ano de 2018 e pode ser observado na íntegra clicando aqui.
Os herbicidas utilizados (tratamentos) bem como as doses utilizadas estão apresentadas na tabela 2.
Tabela 2. Herbicidas (tratamentos) utilizados para avaliar o controle de soja voluntária em diferentes estádios do desenvolvimento em cultivo de milho.

Os resultados encontrados pelos autores demonstram que para o controle de soja espontânea em estádios V1 e V3 aos 35 dias após aplicação (DAA), os herbicidas isolados nicosulfuron, tembotrione e mesotrione não apresentaram controle eficiente, já os herbicidas atrasina, em forma isolada ou associada, o glufosinato de amônio e o dicamba apresentaram desempenho superiores para o controle da soja tiguera.
Figura 2. Porcentagem de controle de soja voluntária “tiguera” nos estádios do desenvolvimento fenológico V1 e V3 aos 35 dias após a aplicação dos produtos.

Maiores eficiências no uso de atrasina forma observadas quando em associação a nicosulfuron, tembotrione e mesotrione, demonstrando melhor desempenho quando comparado ao uso isolado da atrasina.
THEODORO et al. (2018) concluem que independente do estádio fenológico avaliado, os herbicidas 2,4-D, tembotrione, nicosulfuron e mesotrione não apresentaram controle eficiente da soja voluntária e os herbicidas glufosinado de amônio e atrasina isolado ou em associação com mesotrione, nicosulfuron ou tembotrione apresentam 100% de controle da soja voluntária, sendo estes ótima opções para o uso no manejo da soja tiguera em milho safrinha.
Contudo, é necessário uma análise criteriosa do sistema de produção, visto que outras plantas daninhas podem estar presentes na lavoura e a escolha do herbicida deve otimizar o controle de plantas daninhas, para tanto, recomenda-se a consulta a um profissional técnico habilitado.
Veja também: Alternativas para o controle químico do capim-amargoso
Referências:
ADEGAS, F. S; GAZZIERO, D. L. P; VOLL, E. INTERFERÊNCIAS DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA MILHO SAFRINHA. Embrapa, 2014.
DA SILVA, A. F. et al. DESTRUIÇÃO DE RESTOS CULTURAS DO ALGODOEIRO E MANEJO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS. Embrapa Algodão – Capítulo em livro científico, p. 167-188, 2015.
THEODORO, J. G. C. et al. HERBICIDAS UTILIZADOS EM MILHO NO CONTROLE DE SOJA VOLUNTÁRIA. Rev. Bras. Herb., v.17, n.4, 2018.
Redação: Maurício Siqueira dos Santos – Eng. Agrônomo, equipe Mais Soja.