A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), praga mais temida pelos produtores de milho, é um inseto sugador de seiva capaz de causar danos diretos e indiretos às plantas. Em áreas infestadas, os adultos da cigarrinha podem ser observados alimentando-se no cartucho das plantas de milho. O inseto adulto se caracteriza por apresentar uma coloração parda a amarelada, com asas transparentes e com duas pontuações negras no dorso da cabeça. Apresenta cerca de 4 mm de comprimento e menos de 1mm de largura (Oliveira, 2018).

Figura 1. Cigarrinha-do-milho, Dalbulus maidis.

Fonte: http://www.pragas.com

Este inseto atua como vetor dos enfezamentos pálido e vermelho, doenças sistêmicas causadas por molicutes, que se desenvolvem no floema das plantas. A incidência do complexo de enfezamentos no milho é favorecida pela proximidade de fonte de inóculo (lavouras com plantas doentes), pela alta incidência de cigarrinhas infectadas com esses agentes (cigarrinhas provenientes de lavouras com plantas doentes), e pelo nível de suscetibilidade do genótipo de milho. Além disso, condições climáticas com temperaturas noturnas acima de 17 °C e temperaturas diurnas acima de 27 °C favorecem a multiplicação dos molicutes na cigarrinha e nas plantas.

Para o controle da cigarrinha-do-milho, os métodos culturais e químicos são os mais utilizados e efetivos. Ao escolher os híbridos a serem semeados, é importante optar por aqueles que apresentam maior tolerância aos danos causados pela cigarrinha e pelo complexo de enfezamentos. Somado a isto, realizar o tratamento de sementes também é importante por ser uma prática fundamental e bastante eficiente na redução da população da praga.

No manejo químico, a recomendação é que seja feita a aplicação de inseticidas via pulverização foliar, principalmente na fase inicial de desenvolvimento das plantas, sendo essa a fase mais suscetível da cultura aos danos por cigarrinha e à contaminação pelos patógenos. Quanto antes os molicutes forem transmitidos às plantas, maior será o impacto na produtividade, mesmo que os sintomas manifestem-se apenas na fase final do ciclo (enchimento de grãos).

Além disso, devem ser preconizadas aplicações com intervalos curtos e sempre procurando atingir o alvo de forma adequada, de forma a impedir que os insetos contaminados consigam transmitir seus patógenos às plantas. A sobrevivência de apenas uma cigarrinha contaminada pode ser suficiente para perpetuar a disseminação dos molicutes na lavoura. A aplicação de produtos químicos, sobretudo com ativos do grupo dos neonicotinoides, apresenta resultados significativos e uma proteção eficaz após a emergência da cultura (Maneira, 2021).

Figura 2. Eficiência no controle da cigarrinha-do-milho com os neonicotinoides imidacloprido e acetamiprido.

Fonte: Maneira, 2021.

Ainda, segundo a Fundação MS, formulações contendo acefato (Orthene, Perito), metomil (Lannate) e associações entre piretroides e neonicotinoides (Engeo Pleno S, Connect, Galil) apresentam resultados promissores no controle de D. maidis. Essas medidas de proteção inicial são importantes para impedir a reprodução e multiplicação da praga e prevenir uma explosão populacional da cigarrinha em estágios subsequentes. Além disso, adequar a época de semeadura, evitando plantios consecutivos e sobreposição de ciclos da cultura, também é uma medida importante.

Para um efetivo controle da cigarrinha-do-milho, é importante evitar que a emergência das plântulas ocorra sob alta pressão populacional da praga, eliminar plantas voluntárias no campo que podem constituir fonte de inóculo e “ponte verde” para a próxima safra, e promover a diversificação de variedades na área de plantio a fim de minimizar possíveis prejuízos.

Revisão: Henrique Pozebon, Mestrando PPGAgro  e Prof. Jonas Arnemann, PhD. e Coordenador do Grupo de Manejo e Genética de Pragas – UFSM

Referências: 

DA SILVA ROCHA, Luiz Fernando; JARDIM, Marcus Vinicius Gonçalves; DE SOUZA, Aila Rios. CONTROLE QUIMÍCO DA CIGARRINHA NO MILHO.

DE OLIVEIRA SABATO, Elizabeth. Manejo do Risco de Enfezamentos e da Cigarrinha no Milho. 2018.

FARIA, Augusto Alves de et al. Controle químico de Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) via pulverização foliar na cultura do milho. 2018.

MANEIRA, Roberto. Ferramentas para o Controle da Cigarrinha-do-milho. 2021.

OLIVEIRA, Alessandro. Cigarrinha do Milho. 2018.

PINTO, Murilo Rafael. Cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) e o complexo dos enfezamentos: características de transmissão, disseminação e controle. 2021.

Foto de capa: http://www.pragas.com

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