Requerimento hídrico do milho

O milho é uma das culturas mais afetadas pela variabilidade do regime pluviométrico, sendo considerada uma cultura sensível ao déficit hídrico. A evapotranspiração da planta altera em função da cultivar, estádio de desenvolvimento e condições ambientais, havendo variações entre 2,6 a 6,9 mm dia-1, com o pico de evapotranspiração durante o período reprodutivo do milho (Monteiro, 2009).

Resultados similares observados por Radin et al. (2003), avaliando a evapotranspiração do milho em função da demanda evaporativa atmosférica, e do crescimento das plantas, demonstram que, a evapotranspiração média do milho é menor no início do ciclo, com média de 2,58 mm dia-1, aumentando com o desenvolvimento da planta, atingindo o valor máximo próximo a 7mm dia-1 próximo ao pendoamento.

Segundo Monteiro (2009), ao todo, durante o ciclo de desenvolvimento do milho, são necessários de 400 a 700 mm, dependendo da cultivar e condições ambientais. Estresses hídricos, dependo da intensidade do déficit e período em que ocorrem, podem limitar significativamente a produtividade do milho.

Estresse hídrico

A baixa disponibilidade de água no solo pode induzir o estresse vegetal, porém, quando a baixa disponibilidade de água está associada à elevada temperatura do ar, alta irradiação e baixa umidade, o estresse é mais intenso e severo em relação a um ambiente com o mesmo nível de disponibilidade hídrica, mas com temperaturas mais amenas (figura 1). Sendo assim, pode-se dizer que os efeitos do estresse hídrico em milho também estão condicionados aos demais fatores ambientais.

Figura 1. Efeito dos fatores de estresse sobre a produtividade do milho.
Onde: Potencial máximo da cultura (PM), déficit hídrico (DH), temperatura (T), irradiação (I) e umidade relativa do ar (UR); o estresse severo ocorre quando há a combinação de vários fatores de estresse.
Fonte: Souza & Barbosa (2015)
Período crítico do milho

O déficit hídrico tem maior impacto sobre o rendimento de grãos de milho quando ocorre no florescimento (Bergamaschi et al., 2006). A redução no rendimento de grãos pode ser causada por estresse hídrico, especialmente quando ocorre entre duas semanas antes e duas semanas após o espigamento, estando a maior redução associada ao estresse em R1 (Monteiro, 2009).


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Em milho, o estádio R1 corresponde ao embonecamento (polinização), marcando o início do florescimento. O estádio inicia quando os estilos-estigmas estão visíveis, para fora das espigas. A polinização ocorre quando o grão de pólen liberado é capturado por um dos estilos-estígmas. Estresse ambiental nessa fase, especialmente o hídrico, causa baixa polinização e baixa granação da espiga, uma vez que, sob seca, tanto os “cabelos” como os grãos de pólen tendem à dissecação (Magalhães & Durães, 2006).

Figura 2. Milho em estádio R1.

Corroborando as informações anteriores, Silva et al. (2021) observaram que, quando o déficit hídrico ocorre a partir da fase de polinização, o milho produz espigas mal formadas e apresenta baixo rendimento, além de redução na área foliar e matéria seca (figura 3). Logo, pode-se dizer que o período de embonecamento (R1) é o período mais sensível do milho ao déficit hídrico, podendo a ocorrências de déficits nesse período, prejudicar a granação das espigas e consequentemente a produtividade do milho.

Figura 3. Produtividade (A) e exemplo de espigas colhidas (B) de milho cultivado sob déficit hídrico em diferentes períodos do desenvolvimento da cultura.
T1 = pendoamento (VT), T2= polinização (R1), T3 = grão leitoso (R3), T4 = grão pastoso (R4) e T5 = grão farináceo (R5)
Fonte: Silva et al (2021)

Veja mais: Sistema de produção – Milho safrinha consorciado com espécies forrageiras melhora o solo e aumenta a produtividade da soja em sucessão



Referências:

BERGAMASCH, H. et al. DÉFICIT HÍDRICO E PRODUTIVIDADE NA CULTURA DO MILHO. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.41, n.2, p.243-249, fev. 2006. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pab/a/GtwYt6SSLWgzsZFKgHbt36P/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 13/03/2024.

MAGALHÃES, P. C.; DURÃES, F. O. M. FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO DE MILHO. Embrapa, Circular Técnica, n. 76, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/490408/1/Circ76.pdf >, acesso em: 13/03/2024.

MONTEIRO, J. E. B. A. AGROMETEOROLOGIA DOS CULTIVOS: O FATOR METEOROLÓGICO NA PRODUÇÃO AGRÍCOLA. INMET, 2009. Disponível em: < https://www.embrapa.br/documents/1355291/37056285/Bases+climatol%C3%B3gicas_G.R.CUNHA_Livro_Agrometeorologia+dos+cultivos.pdf/13d616f5-cbd1-7261-b157-351eaa31188d?version=1.0 >, acesso em: 13/03/2024.

RADIN, B. et al. EVAPOTRANSPIRAÇÃO DA CULTURA DO MILHO EM FUNÇÃO DA DEMANDA EVAPORATIVA ATMOSFÉRICAE DO CRESCIMENTO DAS PLANTAS. Pesq. Agrop. Gaúcha, v. 9, n. 1-2, p. 7-16, 2003. Disponível em: < http://revistapag.agricultura.rs.gov.br/ojs/index.php/revistapag/article/view/412/391 >, acesso em: 13/03/2024.

SILVA, S. et al. PARÂMETROS PRODUTIVOS DO MILHO SOB DÉFICIT HÍDRICO EM DIFERENTES FASES FENOLÓGICAS NO SEMIÁRIDOBRASILEIRO. Irriga, Botucatu, Edição Especial –Nordeste, v. 1, n. 1, p. 30-41, maio, 2021. Disponível em: < https://revistas.fca.unesp.br/index.php/irriga/article/view/4254 >, acesso em: 13/03/2024.

SOUZA, M. S./ BARBOSA, A. M. FATORES DE ESTRESSE NO MILHO SÃO DIVERSOS E EXIGEM MONITORAMENTO CONSTANTE. Visão Agrícola, n. 13, 2015. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA_13_Fisiologia-artigo3.pdf >, acesso em: 13/03/2024.

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