Embora seja uma prática realizada principalmente com o intuito de antecipar o processo de colheita e proporcionar maior uniformidade da lavoura, a dessecação pré-colheita da soja traz outros benefícios para o sistema de produção. Dentre esses benefícios, destaca-se o controle de plantas daninhas presentes no final do ciclo da soja.
Considerando que plantas daninhas como capim-amargoso (Digitaria insularis), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), buva (Conyza spp.) e caruru (Amaranthus spp.), são frequentemente observadas em lavoura de soja ao final do ciclo da cultura, e que, grande parte das populações dessas plantas daninhas apresentam algum grau de resistência a herbicidas, a dessecação pré-colheita da soja pode ser uma oportunidade de manejo para o controle dessas plantas daninhas.
A maioria dessas espécies apresenta resistência ao glifosato (Heap, 2024), o que dificulta o controle dessas plantas daninhas em dessecações pré-semeaduras utilizando esse herbicida. Com isso em vista, em sistemas de produção em que outras culturas sucedem a soja, a dessecação pré-colheita da cultura possibilita a rotação de mecanismos de ação de herbicidas para o controle dessas plantas daninhas, contribuindo para a redução das populações remanescentes.
Atualmente, os herbicidas inibidores da fotossíntese ao nível do fotossistema I (diquat) e os herbicidas inibidores da glutamina sintetase (glufosinato de amônio) são os herbicidas mais empregados para a dessecação pré-colheita da soja, que apresentam registro para tal prática. Sobretudo, vale destacar que em sua grande maioria, as plantas daninhas encontradas na pré-colheita da soja apresentam porte elevado.
Logo, pensando em um controle eficiente dessas daninhas, aplicações sequencias de herbicidas necessitam ser realizadas. Considerando que a prática da colheita mecanizada resulta no corte das plantas de soja e plantas daninhas. Para um controle eficiente das plantas daninhas com aplicações sequenciais é necessário aguardar o rebrote dessas plantas. Ao atingir área foliar suficiente para absorver os herbicidas, deve-se realizar a dessecação subsequente para o estabelecimento da nova cultura no campo.
Figura 1. Plantas daninhas na pré-colheita da soja.
Logo, pode-se dizer que a dessecação pré-colheita da soja é uma prática fundamental, não só para proporcionar maior uniformidade da área para colheita e antecipar essa prática, como também para o manejo e controle de plantas daninhas, pensando em sistemas de produção onde culturas sucessoras são implementadas após a soja.
Veja mais: Quanto tempo após a dessecação pré-colheita é possível colher a soja?
Referências:
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2024. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 01/03/2024.