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Dose “de arranque” ou “starter” de nitrogênio na soja é necessária para boas produtividades?

Dentre os macronutrientes essenciais para a soja, o Nitrogênio (N) se destacar por ser o requerido em maiores quantidades pela planta. Em média, são necessários cerca de 80 kg ha-1 de N para cada tonelada de grãos produzidos (Hungria; Campo; Mendes, 2001).

Por meio da fixação biológica de Nitrogênio (FBN), bactérias do gênero Bradyrhizobium capturam o nitrogênio atmosférico e o transformam em formas assimiláveis pela soja, disponibilizando-o para as plantas. Essa simbiose entre planta e bactérias, permite a obtenção de boas produtividades de soja, sem a necessidade em adicionar Nitrogênio a cultura, via fertilizantes.

Embora sejam naturalmente encontradas no solo, essas bactérias normalmente não estão presentes em densidades populacionais suficientes para suprir toda a demanda da soja via FBN. Sendo assim, a forma mais eficiente e econômica de aumentar os níveis populacionais do Bradyrhizobium, garantindo uma FBN adequada é a inoculação das sementes ou sulco de semeadura.

No entanto, por se tratar de um processo biológico, a FBN não é instantânea, demandando gasto de energia e tempo para começar a disponibilizar nitrogênio para a soja. Hungria; Campo; Mendes (2001), destacam que, ao ponto que o Nitrogênio do fertilizante é facilmente absorvido pela soja, por se tratar de um processo biológico, a planta necessita “investir um pequeno capital energético inicial” para a formação dos nódulos da FBN.



Essa “demora” da FBN, pode resultar em sintomas visuais como amarelecimento das plantas nos estádios iniciais do desenvolvimento (10 a 12 dias após emergência). Em plantas que recebem aporte nitrogenado via fertilizante (dose de arranque ou starter), esses sintomas não são observados, isso, porque o Nitrogênio oriundo do fertilizante está “pronto” para uso, enquanto a FBN, ainda está em processo de ajustes, preparando para suprir todo o nitrogênio necessário para a soja.

Os sintomas de amarelecimento desaparecem após dois ou três dias, além disso, conforme destacado por Hungria; Campo; Mendes (2001), diversos estudos conduzidos pela Embrapa, nas regiões Sul, Central e Norte, comprovaram não haver nenhum incremento de produtividade em função da aplicação da dose inicial de nitrogênio (arranque ou starter) via fertilizantes nitrogenados.

Os autores destacam ainda, que em alguns casos, a dose inicial de Nitrogênio na soja pode não só prejudicar a nodulação inicial das planta, como também resultar em perdas de rendimento da cultura. Resultados de pesquisa demonstram que a adição de 20 kg ha-1 de Nitrogênio na semeadura da soja pode resultar em redução de até 14% na nodulação da planta e redução de mais de 140 kg ha-1 na produtividade da cultura (Hungria; Campo; Mendes, 2001).

Tabela 1. Efeito da complementação da inoculação com doses iniciais de fertilizante nitrogenado no rendimento da soja. Experimentos conduzidos em Planaltina, DF, com a cultivar Celeste na safra 1998/99 e em Londrina, PR, com a cultivar BR 37, na safra 1997/98, ambos em solos com populações estabelecida de Bradyrhizobium.

Fonte: Hungria; Campo; Mendes (2001)

Analisando a resposta da soja a fontes e doses de N, associada à inoculação de Bradyrhizobium japonicum, Zuffo et al. (2020) observaram que independentemente do ambiente, das fontes e doses de N na aplicação, mesmo quando realizada em outro período do desenvolvimento da soja (pleno florescimento), a adubação nitrogenada não incrementou a produtividade da cultura. Logo, conclui-se que doses iniciais de Nitrogênio na cultura da soja não proporcionam benefícios no que diz respeito ao aumento da produtividade da cultura, devendo-se, portanto, investir em uma inoculação eficiente.


Veja mais: Bioinsumos na agricultura: Bacillus pode atenuar os efeitos do estresse hídrico e estimular o crescimento da soja



Referências:

HUNGRIA, M. CAMPO, R. J.; MENDES, I. C. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DO NITROGÊNIO NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Circular Técnica, n. 35, 2001. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CNPSO/18515/1/circTec35.pdf >, acesso em: 08/01/2024.

ZUFFO, A. M. et al. ADUBAÇÃO NITROGENADA ASSOCIADA À INOCULAÇÃO DE Bradyrhizobium japonicum PODE AUMENTAR A PRODUTIVIDADE E O TEOR DE PROTEÍNAS DE GRÃOS DE SOJA? Rev. Agro. Amb., v. 13, n.4, p. 1391-1407, out./dez. 2020. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Alan-Zuffo-2/publication/344598524_Adubacao_nitrogenada_associada_a_inoculacao_de_Bradyrhizobium_japonicum_pode_aumentar_a_produtividade_e_o_teor_de_proteinas_de_graos_de_soja/links/5f8348dd92851c14bcc1305a/Adubacao-nitrogenada-associada-a-inoculacao-de-Bradyrhizobium-japonicum-pode-aumentar-a-produtividade-e-o-teor-de-proteinas-de-graos-de-soja.pdf >, acesso em: 09/01/2024.

Equipe Mais Soja
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