Embora a maioria dos sintomas sejam observados durante o final do ciclo da soja, grande parte das DFCs (doenças de final de ciclo da soja), têm origem ainda no início do desenvolvimento da cultura. Além de reduzir a produtividade, algumas dessas doenças afetam a qualidade da soja, causando a redução de atributos fisiológicos das sementes e qualitativos dos grãos (figura 1).
Dentre as principais DFCs que acometem a soja, podemos destacar, a Septoriose em soja (Septoria glycines), oídio (Microsphaera diffusa), mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina), mancha-parda (Septoria glycines), crestamento foliar e mancha púrpura (Cercospora kikuchii), mancha-alvo (Corynespora cassiicola), antracnose (Colletotrichum truncatum) e a ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi).
Figura 1. Sintomas típicos de mancha púrpura em soja.
Tradicionalmente convencionou-se classificar como as principais DFCs da soja a antracnose, crestamento foliar, mancha-parda e mancha olho-de-rã porque normalmente são constatados seus sintomas no final do ciclo da cultura. Embora tecnicamente não seja considerada uma DFC, a ferrugem-asiática faz parte desse grupo por poder ocorrer em qualquer período do desenvolvimento da soja.
Considerando que grande parte das infecções que algumas das DFCs tem início ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento da soja, posicionar fungicidas eficientes para o controle dessas doenças é essencial para a obtenção de boas produtividades. Para tanto, é preciso conhecer quais os fungicidas mais eficientes no mercado. Nos ensaios da safra 2023/2024 foram realizadas aplicações sequenciais com fungicidas únicos a partir de 35 dias após a semeadura (DAS). No entanto, isso não constitui uma recomendação de controle. As informações devem ser utilizadas dentro de um sistema de manejo, priorizando sem pre a rotação de fungicidas com diferentes modos de ação, adequando o manejo à época de semeadura, à cultivar, ao tamanho da propriedade e à logística de aplicação, às condições climáticas e à incidência de doenças na região e na propriedade.
Eficiência dos fungicidas
A eficiência de fungicidas no controle de DFCs em soja, na safra 2023/2024, foi avaliada por ensaios cooperativos em Rede, analisando diferentes fungicidas, de distintos grupos químicos, incluindo inibidores da desmetilação, inibidores de quinona externa, inibidor da succinato desidrogenase, isoftalonitrila e ditiocarbamato. Para a análise conjunta foram consideradas todas as avaliações como DFC, sem distinção entre as doenças (mancha-parda e crestamento foliar de Cercospora).
Foram avaliados produtos com registro junto ao MAPA para o controle das DFCs, produtos com registro especial temporário e produtos não registrados. Os tratamentos e doses analisadas estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1. Produto comercial (p.c.), ingrediente ativo (i.a.) e dose dos fungicidas nos tratamentos para controle das doenças de final de ciclo. Safra 2023/2024.
Com base nos resultados obtidos, Godoy et al. (2024) destacam que, todos os tratamentos apresentaram severidade de DFC inferior à testemunha sem fungicida. Entre os fungicidas multissítios isolados, o tratamento com clorotalonil (T2 – Previnil) apresentou menor severidade e maior porcentagem de controle.
As menores severidades ocorreram nos tratamentos com fungicidas contendo clorotalonil na formulação ou em mistura em tanque (T6 – trifloxistrobina + difenoconazol + clorotalonil, T3 – clorotalonil + tebuconazol, T4 – piraclostrobina + tebuconazol e clorotalonil, T8 – impirfluxam + metominostrobina + clorotalonil, T5 – metominostrobina + tebuconazol e clorotalonil), com controle variando de 63% a 59% (Godoy et al., 2024).
Tabela 2. Severidade das doenças de final de ciclo (SEV DFC), severidade de mancha-alvo (SEV MA), porcentagem de controle em relação ao tratamento testemunha (T1) (%C), fitotoxicidade dos fungicidas (FITO), produtividade (PROD) e porcentagem de redução de produtividade (%RP) em relação ao tratamento com a maior produtividade. Safra 2023/2024.
Conforme Godoy et al. (2024), a mancha-alvo ocorreu somente em três experimentos do ensaio, e o controle com os multissítios isolados foi semelhante (T9 – mancozebe, 36% e T2 – clorotalonil, 32%), diferenciando somente dos tratamentos com azoxistrobina + tebuconazol + mancozebe (T14 – 66%) e azoxistrobina + protioconazol + mancozebe (T10 – 63%).
Embora os tratamentos contendo clorotalonil tenham apresentado as menores severidades, as maiores produtividades foram observadas para todos os tratamentos com mancozebe na formulação (T10, T11 e T14) ou em mistura de tanque (T12 e T13) e também para os tratamentos com impirfluxan + metominostrobina + clorotalonil (T8 – 4.059 kg/ha), piraclostrobina + tebuconazol e clorotalonil (T4 – 4.093 kg/ha), clorotalonil + tebuconazol (T3 – 4.111 kg/ha) e para o programa com rotação de fungicidas (T15 – 4.181 kg/ha). A diferença entre o tratamento mais produtivo (impirfluxam + difenoconazol + picoxistrobina e mancozebe – T13) e a testemunha foi de 17,3% (Godoy et al., 2024).
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Referências:
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DAS DOENÇAS DE FINAL DE CICLO DA SOJA, NA SAFRA 2023/2024: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 205, 2024. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1164967/1/Circ-Tec-205-revista.pdf >, acesso em: 28/06/2024.