InícioDestaqueErvilhaca e seus benefícios em relação ao pousio

Ervilhaca e seus benefícios em relação ao pousio

O pousio é uma condição indesejável em um sistema produtivo rentável e sustentável, isso porque além de minimizar o uso da terra, o pousio possibilita condições adequadas para a emergência de plantas daninhas e ocorrência de pragas e doenças no período entressafra. Além disso, estudos conforme o realizado por Nunes et al. (2011) demonstram que culturas como o trigo quando cultivadas após o pousio apresentam menor produtividade em comparação ao cultivo em sucessão a plantas de coberturas.

Mas não para ai, o cultivo de plantas de cobertura proporciona mais benefícios ao sistema, tais como cobertura do solo e controle do fluxo de emergência de plantas daninhas, descompactação do solo, ciclagem de nutrientes, aumento do teor de matéria orgânica do solo, melhoria dos atributos físicos e biológicos do solo, entre outros.

Culturas como soja e milho, são extremamente exigentes em nitrogênio, apresentando respostas positivas ao incremento do nutriente no caso do milho. Felizmente a fixação biológica de nitrogênio (FBN) se encarrega de fornecer todo o nitrogênio necessário para boas produtividades de soja, contudo, dependendo da espécie de planta de cobertura cultivada anterior ao milho ou soja, incrementos de produtividade podem ser observados em decorrência do nitrogênio acumulado e disponibilizado pelas plantas de cobertura.



Conforme observado por Giacomini et al. (2003), independente da planta de cobertura cultivada dentre as avaliadas pelos autores, o acúmulo de matéria seca e nitrogênio é superior no cultivo de plantas de cobertura em comparação ao sistema de pousio.

Figura 1. Acúmulo de nitrogênio na matéria seca da parte aérea de plantas de cobertura, em cultivo isolado e consorciado, em 1998.

Médias das quantidades totais de N seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 %. As barras verticais correspondem à diferença mínima significativa (Tukey 5 %) para o N acumulado por cada espécie. ns = não-significativo. * = significativo a 5 %. AP = aveia preta. EC = ervilhaca comum; NF = nabo forrageiro.
Adaptado: GIACOMINI et al. (2003)

Uma das plantas de cobertura de inverno com maior capacidade em acumular nitrogênio é a ervilhaca comum (Vicia sativa), planta que conforme observado por Giacomini et al. (2003) e corroborado por Carlos et al. (2006) apresenta uma elevada capacidade em fixar nitrogênio conforme apresentado na figura 2.

Figura 2. Quantidade de nitrogênio fixado por plantas leguminosas (Fabaceae).

*Cálculo referente a dois terços do nitrogênio encontrado na parte aérea das leguminosas acima.
Fonte: Carlos et al. (2006)

Em parte, o nitrogênio acumulado na planta após mineralização dos resíduos culturais passa a ficar disponível no solo para as plantas, contribuindo para produtividade da cultura sucessora e sustentabilidade do sistema. Além de ser uma interessante alternativa de cultivo, a ervilhaca possui uma elevada capacidade em cobrir o solo, fato que auxilia no controle dos fluxos de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas. Conforme observado Gouveia & Almeida (1997), aos 79 dias após o plantio (DAP), a ervilhaca recobre cerca de 73% do solo (tabela 1).

Tabela 1. Taxa de cobertura do solo proporcionada por plantas de cobertura.

Fonte: Gouveia & Almeida (1997)

Entretanto, apesar de ser uma ótima planta para cultivo como planta de cobertura, sua baixa relação C/N faz com que os resíduos culturais da ervilhaca permaneçam por pouco tempo na cobertura do solo. Dessa forma, quando a ervilhaca é empregada não só com a finalidade de fixar nitrogênio, mas também de cobertura do solo, o ideal é consorciar a ervilhaca com culturas de elevada reação C/N, tais como a aveia, proporcionando assim, um maior tempo de cobertura do solo com resíduos culturais.


Veja mais: Nabo forrageiro – ciclagem de nutrientes e descompactação do solo!


Referências:

CARLOS, J. A. D. et al. ADUBAÇÃO VERDE: DO CONCEITO À PRÁTICA. Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 2006. Disponível em: < https://ciorganicos.com.br/wp-content/uploads/2017/10/Adubacao-Verde-do-conceito-a-pratica-USP-CI-Organicos-OrganicsNet.pdf >, acesso em: 26/04/2021.

GIACOMINI, S. J. et al. MATÉRIA SECA, RELAÇÃO C/N E ACÚMULO DE NITROGÊNIO, FÓSFORO E POTÁSSIO EM MISTURAS DE PLANTAS DE COBERTURA DE SOLO. R. Bras. Ci. Solo, 27:325-334, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/pdf/rbcs/v27n2/16233.pdf >, acesso em: 26/04/2021.

GOUVEIA, R. F.; ALMEIDA, D. L. AVALIAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS AGRONÔMICAS DE SETE ADUBOS VERDES DE INVERNO NO MUNICÍPIO DE PATY DO ALFERES (RJ). Embrapa, n. 20, 1997. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/623576/1/cot020.pdf >, acesso em: 26/04/2021.

NUNES, A. S. et al. ADUBOS VERDES E DOSES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NA CULTURA DO TRIGO SOB PLANTIO DIRETO. V Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2011. Disponível em: < https://www.cpao.embrapa.br/aplicacoes/cd_trigo/trabalhos/SOLOS/Adubos%20verdes%20e%20doses%20de%20nitrog%C3%AAnio%20em%20cobertura%20na%20cultura%20do%20trigo%20sob%20plantio%20direto.pdf >, acesso em: 26/04/2021.

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Equipe Mais Soja
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