A soja é uma cultura altamente exigente de Nitrogênio (N), sendo assim, o adequado fornecimento desse nutriente é indispensável para a obtenção de boas produtividades de soja. Felizmente, através da simbiose entre plantas de soja e bactérias fixadoras de nitrogênio do gênero Bradyrhizobium, todo o nitrogênio requerido pela soja para produtividade de até 3600 kg.ha-1 é fornecido a cultura (Grigolli, 2015).

Essa simbiose por sua vez tem início principalmente por meio da inoculação da soja com Bradyrhizobium, seja via semente ou na linha de semeadura. Entretanto, para maior eficiência dessa inoculação, algumas estratégias devem ser adotadas, levando em consideração as condições de produção e cultivo.

Inoculação em áreas de primeiro cultivo de soja

Como a soja não é uma cultura nativa do Brasil, as bactérias presentes no solo podem não exercer função direta na fixação biológica de nitrogênio, ou não estarem presentes em quantidades suficientes para suprir as necessidades da cultura, sendo assim, é fundamental realizar a inoculação da soja. Uma alternativa para área que não foram cultivadas com soja é a utilização do dobro da dose do inoculante utilizado em cultivos tradicionais de soja (Mercante et al., 2011).

Inoculação em áreas tradicionais de cultivo com soja

Em áreas onde tradicionalmente se cultiva soja, a reinoculação com bactérias do gênero Bradyrhizobium é tão importante quanto a inoculação em áreas de primeiro cultivo. Isso porque por se tratar de organismos vivos, essas bactérias estão sujeitas a não sobreviver em populações adequadas para suprir a demanda por nitrogênio da cultura da soja na safra seguinte.

Sendo assim, a reinoculação é essencial para a manutenção da população dessas bactérias no solo. Além disso, estudos realizados pela Embrapa apontam incremento de produtividade média a soja na ordem de 8% com a realização da reinoculação, destacando a importância dessa prática (Mercante et al., 2011).

Tratamento de sementes com fungicidas x inoculação de sementes com rizóbios

Conforme destacado por Mercante et al. (2011), existe a possibilidade de que alguns fungicidas quando utilizados no tratamento de sementes possam exercer efeito tóxico em bactérias fixadoras de nitrogênio, afetando a nodulação das plantas e a produtividade da cultura. Para evitar esse efeito, a inoculação das sementes deve ser a última pratica a ser realizada, antes do momento da semeadura. Outra alternativa é a realização da inoculação por meio da aspersão no sulco de semeadura da soja.



Aplicação de micronutrientes Cobalto (Co) e Molibdênio (Mo)

Segundo Mercante et al. (2011), os micronutrientes Co e Mo são essenciais ao processo de fixação de Nitrogênio atmosférico, desempenhando papeis específicos. No entanto, em virtude das diferentes formulações em que esses produtos vêm sendo disponibilizados para uso na agricultura, tem-se observado alguns problemas referentes a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio. Sendo assim, visando maior eficiência do processo de inoculação, o fornecimento desses micronutriente pode ocorrer via foliar, nos estádios de desenvolvimento da soja V3 a V5, nas doses de 2 a 3 g.ha-1 de Co e 12 a 30 g.ha-1 de Mo conforme recomendações técnicas para a cultura.

Adubação nitrogenada x fixação biológica de nitrogênio

A disponibilidade de nitrogênio, pela presença de quaisquer fontes minerais, pode limitar o potencial de nodulação e de fixação de N2 na interação Bradyrhizobium-soja (Mercante et al., 2011). Estudos realizados demonstram que a adição ou fornecimento de nitrogênio via fertilizantes nitrogenados em qualquer estádio do desenvolvimento da soja são desnecessários para o bom crescimento e desenvolvimento da cultura e não contribuem para o aumento de produtividade da soja. Sendo assim, não se recomenda a adição ou fornecimento de Nitrogênio via fertilizantes na cultura da soja inoculada com bactérias fixadoras de nitrogênio.  

Figura 1. Rendimento médio de grãos de soja considerando 29 ensaios conduzidos em oito estados brasileiros, em solos tradicionalmente cultivados com soja e contendo 103 a 106 células de rizóbio/g solo. Foram considerados apenas ensaios com rendimentos superiores a 2.400 kg ha-1 e foram obtidos incrementos de até 1.950 kg ha-1 pela reinoculação. NI = não inoculado; IP= inoculação padrão; NI + 200 Kg N = não inoculado + 200 Kg de nitrogênio por hectare.

Letras diferentes sobre as barras indicam contraste pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Fonte: Mercante et al. (2011).

Sistema de manejo da cultura

Por se tratar de organismos vivos, a sobrevivência das bactérias fixadoras de nitrogênio está condicionada a fatores ambientais, tais como temperatura e umidade do solo. Dessa forma, solos que possuem cobertura com palhada (sistema plantio direto), por apresentarem menor amplitude térmica em comparação ao sistema convencional, possibilitam maio sobrevivência dessas bactérias, contribuindo para maior nodulação e produtividade da soja. Além disso, no sistema convenciona, pode ocorrer o atraso do processo de fixação de nitrogênio em virtude da inibição causada pela mineralização do nitrogênio incorporado ao solo pelos resíduos culturais (Mercante et al., 2011).

Uso de substância adesiva para inoculante turfoso

Inoculantes turfosos apresentam certa dificuldade em ficar aderidos nas sementes de soja, sendo assim, deve-se utilizar ferramentas como substâncias adesivas para possibilitar a adesão entre inoculante e semente. A solução açucarada a 10% além de não alterar o vigor das sementes, não causa doença e apresenta baixo custo, sendo essa, uma das mais aconselhadas para uso no processo de inoculação de sementes de soja.

Tendo em vista os fatores e aspectos citados anteriormente, é possível observar que a maior parte das estratégias para aumento da eficiência da inoculação são simples e dependem apenas do manejo. Sendo assim, deve-se ajustar práticas inadequadas a fim de otimizar a inoculação de sementes de soja, aumentando a nodulação da cultura e produtividade final da soja.

Confira o trabalho completo de Mercante et al. (2011) clicando aqui!


Veja também: Como a coinoculação pode aumentar a produtividade da soja?

Referências:

GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2014/2015, 2015. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/base/www/fundacaoms.org.br/media/attachments/209/209/newarchive-209.pdf >, acesso em: 23/03/2021.

MERCANTE, F. M. et al. ESTRATÉGIAS PARA AUMENTAR A EFICIÊNCIA DE INOCULANTES MICROBIANOS NA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 169, 2011. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/62430/1/COT2011169.pdf >, acesso em: 23/03/2021.

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