- A Fixação Biológica de Nitrogênio pode fornecer todo o Nitrogênio necessário para boas produtividades de soja;
- Embora a inoculação possa ser realizar via sulco de semeadura, o método mais usual até então é a inoculação via sementes *
- O tratamento de sementes de soja pode conter inseticidas e fungicidas, além de micronutrientes e bioestimulantes que podem interagir com as bactérias do gênero Bradyrhizobium
- Conforme resultados observados por Rogeski & Lazaretti (2020), dependendo do defensivo utilizado no tratamento de sementes de soja, a nodulação da planta pode ser reduzida em até 10%
É consenso que a inoculação da soja com bactérias do gênero Bradyrhizobium traz significativa contribuição para a sustentabilidade e produtividade da cultura. Por meio de uma relação simbiótica com a planta, essas bactérias são capazes de realizar a fixação biológica de nitrogênio (FBN), fornecendo todo o nitrogênio necessário para produtividades de até 3.600 kg ha-1, além de proporcionar valores entre 20 e 30 kg ha-1de Nitrogênio para a cultura em sucessão (Gitti, 2016).
Embora a inoculação em soja possa ser realizada no suco de semeadura, ou até mesmo via pulverização em superfície em alguns casos específicos, a inoculação via tratamento de sementes é o método de maior predomínio na maioria das propriedades agrícolas. Normalmente os inoculantes empregados são líquidos ou turfosos. O Inoculante líquido pode se aplicado tanto nas sementes quando no sulco de semeadura, já o inoculante turfoso deve ser aplicado somente via semente.
Contudo, além do inoculante, diversos produtos, dentre eles, defensivos como fungicidas e inseticidas, além de bioestimulantes e micronutrientes, são adicionados ao tratamento de sementes. Esse conjunto de produtos, visa proporcionar segurança para a plântula, além de estimular seu crescimento e desenvolvimento.
Vale lembrar que as bactérias do gênero Bradyrhizobium são microrganismos vivos, logo, para que ocorra a FBN, esses microrganismos necessitam permanecer viáveis no solo. Com isso em vista, recomenda-se que a inoculação das sementes de soja seja realizada no mesmo dia da semeadura da cultura, seguindo algumas orientações para reduzir a perda de eficiência da FBN.
Uma das preocupações, gira em torno da compatibilidade entre microrganismos e defensivos agrícolas adicionados ao tratamento de sementes, visto que a eficiência da inoculação está ligada a qualidade do inoculante e a quantidade utilizada, que deve ser no mínimo de 1,2 milhões de células por semente (Nogueira & Hungria, 2014).
É conhecido que fatores como alta temperatura e exposição intensa a radiação solar podem causar a morte das bactérias Bradyrhizobium. Contudo, ainda pouco se sabe sobre a compatibilidade delas com defensivos agrícolas, visto que há uma gama de produtos disponíveis para emprego no tratamento de sementes.
Analisando o efeito do tratamento de sementes sobre a inoculação da soja, Rogeski & Lazaretti (2020) submeteram as sementes de soja, cultivar MX Potência RR a diferentes tratamentos correspondendo a: T1 – testemunha (sem tratamento de semente e inoculação), T2 – somente inoculação, T3 inoculação + Carbendazim + Tiram, T4 – inoculação + Fludixionil + Metalaxyl-M, T5 – inoculação + Difenoconazol.
Após a análise do número de nódulos por planta, da massa seca dos nódulos e massa seca da parte aérea da planta, os autores observaram que o tratamento das sementes com fungicidas, resultou na redução da formação de nódulos e massa seca de nódulos da soja, tendo maior efeito fitotóxico, os ingredientes ativos Carbendazim + Tiram.
Tabela 1. Efeito do tratamento de sementes sob a nodulação, massa seca dos nódulos e da parte aérea das plantas, Cafelândia-PR, 2020.
Os resultados obtidos por Rogeski & Lazaretti (2020) demonstram que o tratamento de sementes com os defensivos analisados no presente estudo, afetam a nodulação da soja, reduzindo significativamente o número de nódulos por planta em mais de 10% quando comparado o tratamento apenas inoculado (T2) com o tratamento que resultou na menor nodulação (T3 – inoculação + Carbendazim + Tiram).
Considerando que há influência dos defensivos agrícolas sobre a sobrevivência das bactérias Bradyrhizobium e nodulação da soja, algumas estratégias de manejo podem mitigar os danos. Além da inoculação via sulco de semeadura (utilizando inoculantes líquidos), recomenda-se que independente do tibo de inoculante utilizado, no caso da inoculação via semente, essa deva ser realizada no dia da semeadura da cultura, seguindo as recomendações técnicas para a prática e evitando o armazenamento das sementes tratadas e inoculadas por longos períodos.
Em casos em que a inoculação é realizada a nível de fazenda (on Farm), deve-se atentar para a qualidade do processo, visto que além da qualidade e dose do inoculante, a uniformidade de inoculação das sementes é essencial para garantir a melhor eficácia do processo simbiótico entre planta e bactérias.
Veja mais: Cuidados com o uso do inoculante turfoso
Referências:
GITTI, D. C. INOCULAÇÃO E COINOCULAÇÃO NA CULTURA DA SOJA. Fundação MS, Tecnologia e Produção: Soja 2015/2016, 2016. Disponível em: < https://www.fundacaoms.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Tecnologia-e-Producao-Soja-20152016.pdf >, acesso em: 06/06/2023.
NOGUEIRA, M. A. HUNGRIA, M. BOAS PRÁTICAS DE INOCULAÇÃO EM SOJA. Embrapa, 40ª Reunião de Pesquisa de Soja da Região Sul – Atas e Resumos, 2014. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126872/1/Boas-Praticas-de-Inoculacao.pdf >, acesso em: 06/06/2023.
ROGESKI, R.; LAZARETTI, N. S. EFEITO DO TRATAMENTO DE SEMENTE SOBRE A INOCULAÇÃO DA SOJA. Revista Cultivando o Saber, 2020. Disponível em: < https://cultivandosaber.fag.edu.br/index.php/cultivando/article/view/1037/962 >, acesso em: 06/06/2023.
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