Com os crescentes casos de resistência de plantas daninhas a herbicidas, algumas práticas de manejo necessitam ser revistas, a fim de reforçar suas contribuições no manejo de plantas daninhas. Além da buva (Conyza spp.) e do capim-amargoso (Digitaria insularis), os quais são comumente encontrados em áreas de cultivo, uma vasta variedade de plantas daninhas apresenta elevada produção de sementes e facilitada dispersão delas, a exemplo de plantas do gênero Amaranthus, que dependendo da espécie podem produzir até 600 mil sementes por planta (Tuesca et al., 2016).
Além do vento, da água e de agentes dispersores como pássaros, uma das principais formas de disseminação de sementes é por meio das máquinas agrícolas, especialmente colhedoras. Isso porque após os tratos culturais da safra, chegado o momento de colheita dos grãos, é comum visualizar plantas daninhas que “sobraram” na lavoura. Essas plantas então são colhidas pelas colhedoras e suas sementes transportadas até outras áreas de cultivo onde pode ou não já haver a presença dessas plantas daninhas.
Cabe destacar que muitas vezes essas “sobras” de plantas daninhas apresentam resistência a herbicidas, e por isso resistem ao controle químico. Dessa forma, ao colher áreas com sobras de plantas daninhas e não realizar a limpeza das máquinas, acaba-se por transportar as sementes dessas daninhas para outras áreas de cultivo, o que justifica a maior concentração de plantas daninhas nas áreas de entrada de máquinas na lavoura, como é comum observar com plantas de caruru (Amaranthus spp.).
Mas o que fazer para evitar a disseminação dessas daninhas?
O ideal é realizar a limpeza das máquinas assim que terminado o processo de colheita, ou sempre que mudar de talhão ou lavoura. Mas atenção, a limpeza da máquina deve ser realizada fora do talhão ou lavoura, preferencialmente em lugar onde seja possível juntar os materiais que saírem da colhedora e destruí-los, um exemplo é o barracão de máquinas.
Para a limpeza pode-se utilizar ar comprimido ou soprador, limpando primeiro os lugares mais acessíveis da máquina e posteriormente os menos acessíveis. Após a limpeza externa da colhedora, deve-se realizar a limpeza interna, é importante destampar a limpar áreas críticas que possam abrigar sementes, tais como o retorno sem-fim e o retorno de grãos limpos (roundup ready plus).
Deve-se realizar a limpeza do fluxo de ar da colhedora, fazendo com que a turbina ou ventilador opere na máxima capacidade. Para limpeza do sistema de trilha e componentes internos é aconselhado de se insira materiais secos em ambas as extremidades do cabeçote (sistema de alimentação) para que flua material seco no interior da máquina fazendo a limpeza do sistema de trilha. Para isso pode-se utilizar feno ou palha (roundup ready plus).
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Limpos os componentes internos e externos da máquina, deve-se recolher o material e destruí-lo para garantir que sementes de plantas daninhas não prosperem. Após isso, a máquina está pronta para a próxima colheita. Aconselha-se que essa atividade seja repetida sempre que mudar de talhão ou pelo menos de lavoura.
Áreas com elevada presença de plantas daninhas no momento da colheita devem receber atenção especial, principalmente se tratando de espécies de daninhas que apresentam resistência conhecida a herbicidas. Levando em consideração a elevada produção de sementes por boa parte das plantas daninhas, o tempo gasto para limpeza das máquinas não é tempo perdido e sim um investimento no manejo de plantas daninhas.
Consulte o guia prático de limpeza de colhedora clicando aqui!
Confiram abaixo o vídeo preparado pelo Comitê de Ação a Resistência aos Herbicidas – HRAC-BR.
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Referências:
COMITÊ DE AÇÃO A RESISTÊNCIA AOS HERBICIDAS. LIMPEZA DE COLHEDORA: COMO PROTEGER MINHA LAVOURA DAS PLANTAS DANINHAS RESISTENTES. HRAC-BR. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/ >, acesso em: 09/02/2021.
SISTEMA ROUNDUP READY PLUS: SOLUÇÕES DE MANEJO. GUIA PRÁTICO DE LIMPEZA DE COLHEDORA. Disponível em: < http://www.roundupreadyplus.com.br/artigos/manejo/limpeza-de-colheitadeiras/ >, acesso em: 09/02/2021.
TUESCA, D. et al. MANEJO DE MALEZAS PROBLEMA: Amaranthus palmeri (S.) Watson BASES PARA SU MANEJO Y CONTROL EN SISTEMAS DE PRODUCCIÓN. Aapresid, 2016. Disponível em: < http://www.aapresid.org.ar/rem-malezas/archivos/emergencias/documentos/tuesca-papa-y-morichetti-manejo-de-malezas-problema-amaranthus-palmeri-s-watson.pdf >, acesso em: 09/02/2021.