Uma das principais e mais preocupantes doença fungicas que acometem a cultura da soja é o mofo-branco, causado pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum. Em cultivares suscetíveis, as perdas de produtividade em decorrência dessa doença podem chegar a 70%, caso as devidas medidas de manejo não sejam adotadas. Segundo Meyer et al. (2020), o controle químico do mofo-branco deve ser priorizado durante os períodos mais sensíveis da cultura à doença, compreendidos entre o início do florescimento (R1) para cultivares de hábito de crescimento determinado ou no fechamento das entrelinhas de semeadura para cultivares de hábito indeterminado, até a formação de vagens (R4).

Contudo, além do controle químico com o adequado posicionamento de fungicidas, outras estratégias de manejo são necessárias para reduzir a incidência do mofo-branco em soja, sendo que características como a produção de escleródios, dificultam a erradicação da doença em áreas agrícolas.

Os escleródios são estruturas reprodutivas produzidas pelo mofo-branco, que podem permanecer viáveis por longos períodos, contribuindo para a manutenção da doença no campo. Sob condições adequadas de temperatura e umidade, os escleródios presentes no solo germinam, dando origem a apotécios (figura 1), iniciando novos focos da doença.

Figura 1. Escleródio de mofo-branco germinando, dando origem a apotécio.

Os escleródios produzidos pelo mofo-branco podem permanecer nos resíduos culturas da soja e no solo, ou até mesmo serem “colhidos” juntamente às sementes/grãos de soja. O uso de sementes contaminadas com escleródios de mofo-branco é a principal porta de entrada da doença em áreas sem histórico do mofo-branco (figura 2). Uma vez inserido na área de cultivo, dificilmente o mofo-branco é erradicado.

Figura 2. Escleródios de mofo-branco em sementes de soja.

Foto: José de Barros França-Neto

Logo, além do controle da doença propriamente dito, é fundamental atentar para o controle e/ou redução da produção de escleródios. Uma alternativa para isso é o controle biológico dos escleródios, reduzindo assim, a fonte de inóculo da doença.

Analisando o controle biológico de Sclerotinia sclerotiorum na cultura da soja, Meyer et al. (2022) observaram eficiência do controle biológico pela redução da germinação carpogênica de até 41% e da inviabilidade de escleródios em até 65%, quando utilizadas espécies de Bacillus e Trichoderma no controle biológico.

Para compor o estudo, foram realizadas duas aplicações dos agentes de biocontrole no início do estádio vegetativo, em V2 e V4. Os tratamentos foram compostos por duas formulações de mistura de propágulos de três espécies de Bacillus, uma formulação tripla de Trichoderma harzianum + T. asperellum + B. amyloliquefaciens, três formulações de T. harzianum, uma formulação com dois isolados de T. asperellum e um tratamento testemunha, sem aplicação de biofungicidas (Meyer et al., 2022).



Com base nos resultados obtidos pelos autores, (tabela 2), todos os tratamentos com biofungicidas superaram a testemunha T1 (sem aplicação de biofungicidas) na redução da germinação carpogênica de escleródios de S. sclerotiorum, demonstrando a importante contribuição dessas ferramentas no manejo do mofo-branco em áreas agrícolas.

Meyer et al. (2022) destacam que os tratamentos que apresentaram maiores reduções da germinação carpogênica foram os tratamentos com T. asperellum (T8), T. harzianum (T5 e T6) e a formulação em mistura de B. subtilis + B. velezensis + B. pumilus (T3), com percentuais de controle variando de 32% a 41%. Os tratamentos analisados no estudo desenvolvido por Meyer et al. (2022) podem ser visualizador na tabela 1.

Tabela 1. Tratamentos com biofungicidas (p.c.= produto comercial), ingrediente ativo (i.a.), empresa fabricante, épocas de aplicação e doses utilizadas no ensaio cooperativo de controle biológico de mofo-branco em soja, safra 2021/2022.

Fonte: Meyer et al. (2022)

Confira abaixo os resultados obtidos por Meyer e colaboradores (2022). Clique aqui para acessar o trabalho completo.

Tabela 2. Germinação carpogênica e seu respectivo percentual de controle (% C), escleródios inviáveis e seu respectivo percentual de controle (% C) e colonização de escleródios pelos agentes de biocontrole em função dos tratamentos com biofungicidas nos experimentos em rede de controle biológico de mofo-branco, safra 2021/2022.

Fonte: Meyer et al. (2022)

Referências:

HENNING, A. A. ET AL. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE SOJA. EMBRAPA, DOCUMENTOS, N. 256, 2014. DISPONÍVEL EM: < HTTPS://AINFO.CNPTIA.EMBRAPA.BR/DIGITAL/BITSTREAM/ITEM/105942/1/DOC256-OL.PDF >, ACESSO EM: 21/11/2022.

MEYER, M. C. ET AL. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE MOFO-BRANCO (SCLEROTINIA SCLEROTIORUM) EM SOJA, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. EMBRAPA, CIRCULAR TÉCNICA, N. 165, 2020. DISPONÍVEL EM: < HTTPS://AINFO.CNPTIA.EMBRAPA.BR/DIGITAL/BITSTREAM/ITEM/217684/1/CIRC-TEC-165.PDF >, ACESSO EM: 21/11/2022.

MEYER, M. C. ET AL. EXPERIMENTOS COOPERATIVOS DE CONTROLE BIOLÓGICO DE SCLEROTINIA SCLEROTIORUM NA CULTURA DA SOJA: RESULTADOS SUMARIZADOS DA SAFRA 2021/2022. EMBRAPA SOJA, CIRCULAR TÉCNICA, N. 186, 2022. DISPONÍVEL EM: < HTTPS://WWW.EMBRAPA.BR/EN/SOJA/BUSCA-DE-PUBLICACOES/-/PUBLICACAO/1145774/EXPERIMENTOS-COOPERATIVOS-DE-CONTROLE-BIOLOGICO-DE-SCLEROTINIA-SCLEROTIORUM-NA-CULTURA-DA-SOJA-RESULTADOS-SUMARIZADOS-DA-SAFRA-20212022 >, ACESSO EM: 21/11/2022.

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