O mercado brasileiro de trigo encerrou a semana com negociações pontuais e ritmo moderado, refletindo a cautela dos agentes diante das condições climáticas e da aproximação da safra nova. De acordo com o analista de Safras & Mercado, Elcio Bento, apesar do bom desenvolvimento das lavouras nas principais regiões produtoras, “os agentes permanecem reticentes em atuar com maior intensidade, em razão das incertezas climáticas que ainda pairam sobre o ciclo”.
No Paraná, onde mais de 60% da área já foi colhida, as indicações de preço permanecem entre R$ 1.200 e R$ 1.250 por tonelada CIF moinho, enquanto os produtores demonstram interesse de venda a partir de R$ 1.250 no FOB. Segundo Bento, essa diferença de preços mantém o mercado lateralizado. Ele explica que “as indústrias seguem abastecidas e preferem aguardar maior clareza sobre a qualidade do trigo colhido e o comportamento das cotações nas próximas semanas”.
No Rio Grande do Sul, os compradores seguem retraídos, aguardando que o ingresso da nova safra pressione as cotações. As vendas externas continuam, mas em volumes reduzidos e com preços próximos de R$ 1.160 por tonelada sobre rodas no porto de Rio Grande, com entrega prevista para novembro e dezembro.
“Esse valor equivale a cerca de US$ 250 por tonelada, frente a US$ 230 em 2024, uma queda de aproximadamente 6,5%”, destacou. Ele acrescenta que as tradings estão pagando valores semelhantes aos do trigo argentino, “o que representa um prêmio positivo de até US$ 10 por tonelada, reflexo da melhor qualidade do trigo gaúcho e da vantagem logística do porto de Rio Grande”.
Nos estados do Cerrado, como Minas Gerais e Goiás, a colheita está praticamente concluída, com mais de 80% da safra já comercializada. Os preços médios estão ao redor de R$ 1.300 por tonelada FOB. Para Bento, o cenário é de equilíbrio frágil, no qual “os compradores esperam a chegada da safra nova para buscar preços mais baixos, enquanto os produtores resistem em negociar diante da incerteza sobre a qualidade final do grão”.
Emater/RS
A cultura do trigo avança para a fase final do ciclo com adequado desenvolvimento vegetativo e reprodutivo. De acordo com o relatório semanal da Emater-RS, divulgado nesta quinta-feira (9), atualmente, 58% das lavouras estão em enchimento de grãos, 18% em maturação fisiológica e 20% ainda em espigamento e floração. A colheita está no início, com menos de 1% da área cultivada.
“O potencial produtivo permanece elevado, dependendo do nível tecnológico e das condições locais”, destaca a Emater. Nas lavouras de maior investimento, a expectativa chega a superar 3.900 kg/ha, enquanto áreas menos tecnificadas também apresentam desempenho satisfatório, sustentadas pela regularidade das chuvas.
Deral
A colheita da safra 2024/25 de trigo no Paraná alcançou 60% da área até o dia 06 de outubro, segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento. O plantio ocupou 824,9 mil hectares, volume 25% menor que os 1,106 milhão de hectares cultivados em 2024.
As lavouras apresentam as seguintes condições: 86% estão classificadas como boas, 13% médias e 1% ruins. As fases de desenvolvimento estão divididas entre floração (6%), frutificação (35%) e maturação (59%).
Fonte: Ritiele Rodrigues – Safras News