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Mercado do Trigo: Análise mensal Cepea

Os preços do trigo estão em movimento de alta desde outubro do ano passado, influenciados pelo dólar elevado, por dificuldades na importação e, mais recentemente, pela firme demanda interna. Com isso, a expectativa é de que produtores dediquem neste ano uma área maior que a de 2019 para a triticultura, na expectativa de boa rentabilidade.

Apesar da possível maior área, moinhos ainda precisam buscar outras fontes de importação alternativas de matéria-prima a custos menores, a fim de sustentar a aquecida procura pelas farinhas e derivados do cereal. Neste cenário, em março, moinhos solicitaram a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) para a importação do trigo argentino durante a pandemia. Caso aprovada, esta medida permitirá que os moinhos comprem até 750 mil toneladas de fora do Mercosul, sem a tarifa, segundo informações da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo).

No acumulado do mês (de 28 de fevereiro a 31 de março), os preços do trigo no mercado de lotes em São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina subiram 12,6%, 8,7%, 6,7% e 2,1%, respectivamente. No mesmo período, o preço do grão no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registrou alta de 7,7% no Paraná, de 1,7% no Rio Grande do Sul e 1,5% em Santa Catarina.

Quando comparadas as médias mensais de fevereiro e março, nota-se alta de 6,9% no Paraná, com o trigo a R$ 1.045,80/tonelada no último mês. No Rio Grande do Sul, a média de março foi 5,8% superior à de fevereiro, a R$ 897,85/t. Em São Paulo e em Santa Catarina, as médias foram 5,8% (R$ 1070,90/t) e 2,8% (R$ 944,95/t) maiores.

Internacional

O porto de cereais de Timbúes – localizado ao sul da província de Santa Fé – suspendeu as atividades comerciais e industriais até o dia 2 de abril. A Bolsa de Comércio de Rosário também paralisou suas atividades até 27 de março, tendo em vista que a pandemia de coronavírus inviabilizou as operações físicas.

O governo argentino também bloqueou todas as suas fronteiras (portos, aeroportos, travessias internacionais e/ou centros de fronteira), visando conter o avanço pandemia do coronavírus. Esses impasses de logísticos na Argentina, por sua vez, elevaram as exportações dos Estados Unidos e, consequentemente, os preços nas bolsas do país norte-americano.



Oferta e demanda mundiais 

Em relatório divulgado no dia 10, a Conab manteve a estimativa de importação em 7 milhões de toneladas e as exportações, em 300 mil toneladas. Assim, o suprimento interno manteve-se em 12,9 milhões de toneladas e o estoque final, em 850,6 mil toneladas.

O USDA, em relatório divulgado também no dia 10, apontou produção mundial ligeiramente mais alta, devendo totalizar 764,5 milhões de toneladas na safra 2019/20, volume 0,1% maior em relação ao estimado no relatório de fevereiro, mas 4,5% superior ao da temporada 2018/19. As maiores produções na Argentina e na Índia mais do que compensam as reduções na Austrália e na Turquia.

As transações mundiais foram ligeiramente aumentadas, com importações muito maiores para a Turquia. Quanto às exportações, o aumento dos embarques argentinos e russos mais do que compensaram a redução projetada para o Canadá e a Austrália. Assim, as transações mundiais foram reajustadas para 184,1 milhões de toneladas, volume 0,4% maior em relação ao estimado no mês passado e 5% acima do da temporada anterior.

Ainda segundo o USDA, a Rússia segue como o principal exportador mundial do cereal pelo terceiro ano consecutivo. O clima favorável, atrelado à uma melhor tecnologia de produção, beneficiou os rendimentos e a qualidade. Com maior oferta, o país se tornou cada vez mais competitivo.

O Egito é o maior importador mundial, suprindo grande parte de sua demanda da Rússia, que fornece mais de dois terços das importações egípcias. Além disso, um recente aumento nas importações da Turquia também beneficiou as exportações russas – o país turco foi autorizado a importar quantidades adicionais de trigo com isenção de impostos para estabilizar os preços domésticos. O Egito e a Turquia, juntos, representam mais de um terço das exportações da Rússia, devido à competitividade de preços e logística.

Mercados mais distantes também estão respondendo aos preços competitivos da Rússia, como Bangladesh, Nigéria e Indonésia. O aumento na demanda por trigo de qualidade também levou as Filipinas, a Argélia e o Brasil a elevarem as importações do país russo.

O USDA manteve a projeção das reservas norte-americanas ao fim de 2019/20 em 25,6 milhões de toneladas. A previsão de estoques mundiais foi reduzida para 287,1 milhões de toneladas, volume 0,3% menor em relação ao relatório de fevereiro, mas 3,4% maior que o da safra 2018/19.

Derivados

A demanda doméstica por derivados aumentou em março, elevando os preços da farinha e do farelo. Alguns moinhos podem interromper a moagem, devido ao baixo estoque de trigo em grão e à dificuldade em adquirir novos lotes, principalmente por conta dos impasses logísticos da Argentina e do alto patamar do dólar, que dificulta as compras nos Estados Unidos.

De fevereiro para março, as médias mensais das farinhas para bolacha doce, bolacha salgada, massas em geral, panificação, massas frescas e pré-mistura subiram 8,3%, 6,3%, 4,8%, 4,6%, 3,5% e 1,5%, respectivamente. Apenas a farinha integral se desvalorizou 0,1%. Quanto aos farelos, os valores do ensacado subiram 2,5% e os do a granel, 1,5%.

Fonte: Cepea

Equipe Mais Soja
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