A mosca-da-haste da soja, Melanagromyza sojae, é um díptero que vem ampliando sua ocorrência em área e hospedeiros na América do Sul. Na região sul do Brasil a praga vinha ocorrendo com infestações mais expressivas na “safrinha”, porém, nessa safra, está presente em elevadas populações, já na safra principal.
Em Abril de 2019 um levantamento feito pelo Grupo de Pesquisa MIL-UFSM em lavouras comercias de soja em 28 municípios no Rio Grande do Sul, apontou que 97-100% das plantas amostradas tinham danos ocasionados pela mosca-da-haste, independentemente da cultivar de soja e do estádio de desenvolvimento da cultura . Nessa safra, novos levantamentos serão realizados para conhecer a ocorrência e comportamento dessa praga.
Como já destacado previamente em outros textos (Mosca-da-haste da soja: ocorrência e sintomas, Primeiro registro de mosca-da-haste da soja (Melanagromyza sojae) na Bolívia), o primeiro registro da ocorrência de espécies dessa família no Novo Mundo foi realizado em 1983, onde foram encontrados espécimes no município de Passo Fundo, Rio Grande do Sul [3]. Recentemente, foi confirmada a presença de M. sojae por meio de identificação taxonômica e caracterização do DNA mitocondrial na região sul do Brasil em 2015 [1] e centro-oeste em 2018 [2], no Paraguai em 2016 [4] e na Bolívia em 2019 [6].
O comportamento e a flutuação populacional da mosca-da-haste da soja ao longo do ano, nas condições de cultivo brasileiras, ainda não é totalmente compreendido. Sabe-se que as plantas ‘guaxas’ de soja hospedam a praga durante o inverno, propiciando condições para seu crescimento e a manutenção da população. Recentemente, a Mosca-da-haste foi detectada em trevo-persa (Trifolium resupinatum L.) [5] (Figura 2), uma cultura de cobertura em diversas regiões do RS.
Figura 2 – Trevo-persa com danos ocasionados por M. sojae, Santa Maria, Rio Grande do Sul.
Elaboração: Rafael Paz Marques (Mestrando do PPGAgronomia-UFSM), Alessandro Donatti (Acadêmico de Agronomia-UFSM) e Prof. Jonas Arnemann, PhD., do Molecular Insect Lab da UFSM.
[1] ARNEMANN, J.A.; TAY, W. T.; WALSH, T. K.; BRIER, H.; GORDON, K.; HICKMANN, F.; UGALDE, G.; GUEDES, J. V. C. Soybean Stem Fly, Melanagromyza sojae (Diptera: Agromyzidae), in the New World: detection of high genetic diversity from soybean fields in Brazil. Genetics and Molecular Research, Ribeirão Preto, v. 15, gmr.15028610, 2016.
[2] CZEPAK, C.; NUNES, M. L.; CARVALHAIS, T.; ANJOS, M. V.; SILVERIO, R. F.; LIMA, P. B. S. O.; GODINHO, K. C. A.; LIMA, A. M. L. J.; COELHO, R. M. S.; GONTIJO, P. C. First record of the soybean stem fly Melanagromyza sojae (Diptera: Agromyzidae) in the Brazilian Savannah. Pesquisa Agropecuária Tropical, Goiânia, v. 48, n. 2, p. 200-203, 2018.
[3] GASSEN, D.K.; SCHNEIDER, S. Ocorrência de Melanagromyza sp. (Dip. Agromizidae) danificando soja no sul do Brasil. In: Reunião De Pesquisa da Soja da Região Sul, 13, 1985, Porto Alegre. Soja: resultados de pesquisa 1984-85. Passo Fundo: EMBRAPA-CNPT, 108-109.
[4] GUEDES, J. V. C.; ARNEMANN, J. A.; CURIOLETTI, L. E.; BURTET, L. M.; RAMÍREZ-PAREDES, M. L.; NOSCHANG, D.; OLIVEIRA, F. I.; TAY, W. T. First record of soybean stem fly Melanagromyza sojae (Diptera: Agromyzidae) in Paraguay confirmed by molecular evidence. Genetics and Molecular Research, RibeirãoPreto, v. 16, p. 1-8, 2017.
[5] FERREIRA D. R.; MARCHESAN E.; UGALDE G. A.; POZEBON H.; MARQUES R. P.; MORO D.; PADILHA G.; FORGIARINI S. E.; ARNEMANN J. A. Melanagromyza sojae found an overwintering host in the New World: Trifolium resupinatum L. Scientific note. In press.
[6] VITORIO, L.; BAZÁN, A. F. C.; ARNEMANN, J. A.; POZEBON, H.; UGALDE, G. A.; MARQUES, R. P. BEVILAQUA, J. G.; PUNTEL, L.; COLPO, T. L.; PERINI, C. R.; GUEDES, J. V. C. First record of the soybean stem fly Melanagromyza sojae (Diptera: Agromyzidae) in Bolivia. Genetics and Molecular Research, Ribeirão Preto, v. 18, p. gmr18222, 2019.
Foto de capa: Lucas Vitorio