O trigo é um dos principais cereais de inverno cultivado em solo brasileiro, em virtude das condições climáticas, sua produção é concentrada principalmente na região Sul do Brasil, sendo cultivado após a cultura da soja sob sistema plantio direto. Entretanto, especialmente no Rio Grande do sul, em algumas propriedades que cultivam trigo após soja ou milho, é possível observar um pequeno vazio outonal, onde não há o cultivo de plantas, deixando a área em condições de pousio.
Felizmente, o cultivo de plantas de cobertura vem ganhando importância em virtude de seus benefícios diretos e indiretos na produtividade e sustentabilidade da produção agrícola, sendo o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) uma das plantas de cobertura mais adaptadas as condições de outono-inverno nas regiões Sul Brasileiras.
Dentre os benefícios do cultivo do nabo-forrageiro, podemos destacar sua habilidade em descompactar o solo e ciclar nutrientes, além disso, a planta apresentam uma considerável produção de matéria verde, servindo ainda como fonte de adubação verde ou umidade para cultivos em sucessão.
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Em virtude de suas características de desenvolvimento, tais como o ciclo relativamente pequeno e o rápido crescimento, o nabo forrageiro é uma interessante alternativa para cultivo no período de entressafra, após soja ou milho, antecedendo a cultura do trigo. Entretanto um dos questionamentos mais relevantes está relacionado a viabilidade do cultivo. O nabo forrageiro contribui para o aumento da produtividade do trigo em sucessão? Vale a pena cultivar o nabo forrageiro visando incremento de produtividade do trigo?
Avaliando a influência do nabo forrageiro na produtividade do trigo cultivado em sucessão, Kochhann et al. (2003), observaram que para condições de cultivo do nabo forrageiro após o milho-grãos, há uma significativo aumento de produtividade da cultura do trigo, entretanto, os resultados obtidos pelos autores demonstram que para contribuir no aumento de produtividade do trigo é necessária a produção de pelo menos 3 t.ha-1 de fitomassa de nabo forrageiro.
Figura 1. Rendimento de grãos de trigo, com e sem nabo forrageiro como cultura intercalar às culturas de milho-grão e de trigo, em Independência, em 2000.
Figura 2. Rendimento de grãos de trigo, com e sem nabo forrageiro como cultura intercalar às culturas de milho-grão e de trigo, em Independência, em 2002.
Segundo Kochhann et al. (2003), conforme os resultados apresentados nas figuras 1 e 2, o nabo forrageiro aumentou, significativamente, a produtividade de trigo em relação à do pousio, independentemente da dose de nitrogênio aplicada. Em ambas as safras, a dose de 20 kg.ha-1 de N aplicada no trigo, em sequência ao nabo forrageiro, proporcionou rendimento de grãos de trigo equivalente à dose de 80 kg.ha-1 de nitrogênio aplicada à cultura de trigo em sequência ao pousio (Kochhann et al., 2003). Ou seja, o nabo forrageiro contribuiu com o equivalente a 60 kg.ha-1 de nitrogênio para a cultura de trigo.
Tendo em vista os resultados apresentados por Kochhann et al. (2003), pode-se dizer que o nabo forrageiro contribui significativamente para ao aumento da produtividade do trigo cultivado em sucessão, sendo uma interessante alternativa inclusive para redução dos custos com adubação, principalmente quando o nabo é cultivado após a cultura do milho. O rendimento de máxima eficiência de grãos de trigo cultivado em sequência ao nabo forrageiro para as condições do presente estudo foi obtido com a dose de 40 kg.ha-1 de nitrogênio (Kochhann et al., 2003).
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Referências:
KOCHHANN, R. A. et al. RENDIMENTO DE GRÃOS DE TRIGO CULTIVADO EM SEQUÊNCIA AO ADUBO VERDE NABO FORRAGEIRO. Embrapa, Circular Técnica, n. 116, 2003. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co116.pdf >, acesso em: 06/05/2021.
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