A nível de campo, é possível observar a presença de diversas espécies de plantas daninhas em meio ao cultivo da soja. O Período anterior a interferência (PAI) é o período no qual a soja pode conviver com plantas daninhas sem que sejam observadas perdas de produtividade da cultura.
Entretanto, após esse período, Benedetti et al. (2009) destacam que a presença de plantas daninhas em meio a cultura da soja pode causar danos irreversíveis decorrentes da matocompetição, tais como redução da produtividade da soja, crescimento e desenvolvimento da cultura.
Além da buva (Conyza spp.) e do capim-amargoso (Digitaria insularis), o caruru (Amaranthus spp.) é uma planta daninha que vem ganhando destaque em meio as plantas daninhas que incidem sobra a cultura da soja. O gênero Amaranthus contém várias espécies, sendo as mais conhecidas o Amaranthus hybridus e o Amaranthus palmeri.
Avaliando diferenças morfológicas entre Amaranthus cruentus, CV. BRS ALEGRIA, e as plantas daninhas A. hybridus, A. retroflexus, A. viridis e A. spinosus, Spehar (2003), observou que dependendo da espécie de Amaranthus, uma planta pode produzir mais de mil sementes quando atingida a maturidade fisiológica, fato que torna essencial o manejo da planta daninha antes da produção de sementes.
Tabela 1. Quantidade de sementes por planta e coloração de sementes de diferentes espécies de Amaranthus.

Tendo em vista que uma planta de A. hybridus var. Paniculatus pode produzir aproximadamente 785 sementes, a presença de duas plantas por metro quadrado de área corresponde a produção de mais de 15 milhões de sementes por hectares, sementes essas que poderão ser disseminadas ou somadas ao banco de sementes do solo. Além da elevada produção de sementes, a facilitada dispersão delas torna o caruru uma planta daninha preocupante no cultivo da soja. Alguns autores apontam para dados muito mais alarmantes: 01 planta produzindo mais de 600.000 sementes, que após germinadas podem crescer de 2 a 3 cm por dia, podendo atingir até 3,0 m de altura (Revista FABC – Abril/Maio 2020).
Segundo Soares (2019), o convívio de plantas de Amaranthus spp. com a cultura dos soja, reduz significativamente a produtividade da cultura. Além disso conforme observado por Gazziero & Adegas (2016), a redução da produtividade da soja causada pela matocompetição de plantas daninhas do gênero Amaranthus, pode estar relacionada a espécies de Amaranthus, sendo que os autores atribuem ao Amaranthus palmeri, o risco de uma redução do potencial produtivo da soja, milho e algodão de 80 a 90%. Sendo assim, o controle dessa e outras plantas daninhas do gênero Amaranthus é indispensável para reduzir a matocompetição e interferência dessas plantas daninhas na produtividade da soja.
Conforme informações da Rede Técnica Cooperativa – RTC, na safra 2019/2020 foram observadas sobras de caruru em 52% das lavouras em que o glifosato foi aplicado em pós emergência da soja. O pesquisador da CCGL, Dr. Mário Bianchi, destaca que a resistência ao glifosato aumenta a dificuldade do controle em pós-emergência, por isso a importância de trabalhar com herbicidas pré-emergentes, como s-metolachlor, metribuzin, flumioxazina, sulfentrazona, clorimuron, diclosulam e imazetapir. No caso de resistência a herbicidas inibidores da ALS como clorimuron, imazetapir e diclosulam, estes devem ser substituídos ou associados com produtos como s-metolaclor, metribuzin, flumioxazina ou sulfentrazona, para manter um nível de controle adequado (Rede Técnica Cooperativa – RTC, 2020).
Bianchi enfatiza que devido ao rápido crescimento do caruru e a elevada produção de sementes na safra anterior, deve-se atentar para o monitoramento da lavoura, visando realizar vistorias na pós emergência entre V1 e V2.
O controle do caruru nos estádios iniciais do seu desenvolvimento é essencial para evitar perdas produtivas e a produção e disseminação de sementes pra planta daninha, sendo assim, o monitoramento da área é indispensável.
Veja também: Caruru – Controle e Manejo
Herbicidas pré-emergentes: ferramentas no controle do Caruru
Atenção com o Caruru e suas milhares de sementes produzidas por planta
Controle de Caruru (Amaranthus hybridus) resistente ao glifosato
Amaranthus hybridus: saiba como identificar essa planta daninha no campo
Referências:
BENEDETTI, J. G. R. et al. PERÍODO ANTERIOR A INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS EM SOJA TRANSGÊNICA. Scientia Agraria, Curitiba, v.10, n.4, p.289-295, July/Aug. 2009. Disponível em: < https://revistas.ufpr.br/agraria/article/download/14801/10003 >, acesso em: 19/11/2020.
GAZZIERO, D. L. P.; ADEGAS, F. S. Amaranthus palmeri NO BRASIL. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 88, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/137108/1/comunicado-tecnico-88OL.pdf
REDE TÉCNICA COOPERATIVA. A IMPORTÂNCIA DO CONTROLE DE CARURU NA SAFRA 2020/21. RTC, 2020. .Disponível em: < https://www.ccgl.com.br/site/rede-tecnica-cooperativa/noticias/18/a-importancia-do-controle-de-caruru-na-safra-2020-21 >, acesso em: 19/11/2020.
SOARES, N. O. S. INTERFERÊNCIA DE PLANTAS INFESTANTES NA CULTURA DA SOJA (Glycine max L.). Universidade Federal do Tocantins, Monografia, 2019. Disponível em: < http://repositorio.uft.edu.br/handle/11612/1699 >, acesso em: 19/11/2020.
SPEHAR, C.R. DIFERENÇAS MORFOLÓGICAS ENTRE Amaranthus cruentus, CV. BRS ALEGRIA, E AS PLANTAS DANINHAS A. hybridus, A. retroflexus, A. viridis e A. spinosus. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.21, n.3, p.481-485, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-83582003000300017&script=sci_abstract&tlng=pt >, acesso em: 19/11/2020.