Os percevejos são pragas que acometem diversas culturas agrícolas, causando perdas quantitativas e qualitativas nos grãos e sementes produzidas. Visando mitigar os efeitos dos percevejos em culturas agrícolas, o controle químico com o emprego de inseticidas é indispensável, devendo-se seguir as orientações técnicas pré estabelecidas para a cultura, com base nos níveis de ação para o controle dos percevejos.
Na soja, o pico populacional dos percevejos coincide com o final do ciclo da cultura (Figura 1). Quando não há o devido controle dos percevejos e/ou há falhas de manejo, elevadas populações da praga podem permanecer no pós-colheita da soja.
Figura 1. Período crítico e pico populacional de percevejos em soja.
Com limitada oferta de comida, os percevejos tendem a migrar para as plantas daninhas presentes na área. A oferta de matéria verde das plantas daninhas possibilita a sobrevivência dos percevejos, essas plantas então, passam a atuar como “ponte verde” para a sobrevivência dos percevejos.
Após a palhada residual da colheita serve como abrigo para populações hibernantes. Além de abrigo, sementes caídas no solo servem de alimento para os percevejos. Adicionalmente, a introdução de cultivo intensivo, cultura após cultura de forma continuada tem favorecido esses insetos (Panizzi et al., 2015), contribuindo para a manutenção das populações dos percevejos.
Uma das espécies mais comuns onde podemos observar esse hábito dos percevejos é a buva Conyza spp., popular planta daninha presente em praticamente todo o território nacional. Os percevejos se hospedam na buva até a colheita da soja, e após a germinação de novos fluxos dessa planta daninha nos períodos entressafra, essas plantas, voltam a atuar como “pontes verdes”.
Além da buva, uma vasta gama de plantas daninhas pode atuar como hospedeiras dos percevejos na entressafra das culturas, possibilitando a manutenção das populações da praga. Conforme observado por Engel et al. (2017), há uma relação entre o tamanho da planta hospedeira e o número de percevejos, indicando que há o aumento do número de insetos a medida em que há o aumento do diâmetro das plantas hospedeiras (figura 2).
Figura 2. Média de D. furcatus ocorrentes em diferentes diâmetros de plantas de capim-rabo-de-burro A. bicornis (Ab) e macega estaladeira E. angustifolium (Ea) durante entressafra de soja e milho.
A presença de elevadas populações de percevejos na implantação e estabelecimento de culturas agrícolas posteriores a soja, tais como milho e trigo, pode comprometer o adequado estande de plantas e a produtividade da lavoura, tornando necessário realizar o controle químico ainda nos estádios iniciais, mesmo adotando o tratamento de sementes.
Com isso em vista, o controle de plantas daninhas na entressafra é uma estratégia de manejo para reduzir as populações de percevejos. Além disso, conforme observado por Engel et al. (2017), é essencial controlar plantas daninhas nos estádios iniciais do desenvolvimento, reduzindo a capacidade delas em hospedar percevejos na entressafra.
Confira abaixo as dicas do professor e pesquisador Alfredo Albrecht.
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Referências:
ENGEL, E. et al. POPULAÇÕES DE PERCEVEJOS BARRIGA-VERDE [Dichelops furcatus (Hemiptera: pentatomidae)] EM DIFERENTES DIÂMETROS DE PLANTAS SILVESTRES DURANTE ENTRESSAFRA DE SOJA E MILHO. Rev. Cienc. Agrar., v. 60, n. 2, p. 206-209, abr./jun. 2017. Disponível em: < https://btcc.ufra.edu.br/index.php/ajaes/article/view/2681/1442 >, acesso em: 07/05/2024.
PANIZZI, A. R. et al. MANEJO INTEGRADO DOS PERCEVEJOS BARRIGA-VERDE, Dichelops spp. EM TRIGO. Embrapa Trigo, 2015. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/126856/1/FL-08528.pdf >, acesso em: 07/05/2024.
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