O objetivo foi caracterizar a duração da fase vegetativa e reprodutiva de cultivares de soja de diferentes grupos de maturação quando submetidas a distintas épocas de semeadura.
Autores: Vladison Fogliato Pereira1; Simone Puntel1; Moises de Freitas do Nascimento1; Ioran Guedes rossato2 ; Jossana Ceolin Cera3
INTRODUÇÃO
A produção de soja no Rio Grande do Sul segundo IBGE na safra 2017/2018 foi de 17,4 milhões de toneladas e no Brasil de 115.8 milhões de toneladas. Nos últimos anos esse aumento da produtividade no Brasil e no Rio Grande do Sul vem ocorrendo devido à incorporação de novas tecnologias de produção (ZANON, 2015).
Umas das tecnologias são os lançamentos de novas cultivares de soja com diferente comportamento de ciclo produtivo e tipo de crescimento e cabe ao produtor e/ou técnico tomar a decisão de qual cultivar utilizar nas mais diversas situações. Esta decisão muitas vezes se torna difícil por vários fatores influenciarem no ciclo da cultura, como data de semeadura, grupo de maturidade relativa (GMR), temperatura e o fotoperíodo regulam a duração das fases e do ciclo total de desenvolvimento da soja (KANTOLIC, 2008).
O objetivo foi caracterizar a duração da fase vegetativa e reprodutiva de cultivares de soja de diferentes grupos de maturação quando submetidas a distintas épocas de semeadura.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado o presente estudo na Universidade Federal de Santa Maria, no departamento de fitotecnia em Santa Maria. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com 4 repetições, as parcelas com área útil de 12,60 m2, o espaçamento entre linha foi de 0,45 m e 14 plantas por metro linear na linha. A adubação foi realizada com base no manual de adubação e calagem RS/SC, para atingir 6 Mg ha-1. Utilizou-se irrigação suplementar em todas as épocas e o manejo de pragas, doenças e plantas daninhas foi de acordo com as recomendações técnicas para a cultura.
As cultivares de soja utilizadas foram a NS 4823 RR (GMR 4.8), BMX Elite IPRO (GMR 5.5) e BMX Ícone IPRO (GMR 6.8) conduzidas sobre diferentes épocas de semeadura, sendo as datas de semeadura de 17/10/2017, 21/11/2017, 19/12/2017, respectivamente. As avaliações realizadas fenologia seguindo a escala de Fehr e Caviness (1977), sendo a fase vegetativa descrita pela letra V, seguida por um número que varia de 1 a n, onde 1 a n compreende o número de folhas completamente desenvolvidas. A fase reprodutiva é descrita pela letra R, seguida por número que varia de 1 a 8, indicando o estágio de desenvolvimento da planta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Observando a Tabela 1 e a Figura 1 verificou-se que ocorreu diferença da fase vegetativa e reprodutiva quando semeadas em épocas distintas, sendo que em todas cultivares apresentou maior duração da fase reprodutiva no mês de outubro variando de 61,5% a 76,2%. Há redução da duração da fase reprodutiva, do ciclo total de desenvolvimento, com o atraso da data de semeadura independentemente do grupo de maturação. A maior duração da fase reprodutiva no mês de outubro, juntamente com o período de maior coeficiente fototérmico (ZANON et al, 2016), resulta em um maior potencial produtivo para todas as cultivares no Rio Grande do Sul em semeaduras realizadas nessa época.
Tabela 1 – Duração da fase vegetativa (FV) e reprodutiva (FR) em dias após emergência (DAE) e a equivalência em porcentagem (DAE%) da cultivar NS 4823 RR, BMX Elite IPRO e BMX Ícone IPRO semeadas em diferentes épocas de semeadura.
As cultivares de GMR 4.8 e 5.5 mesmo com ciclo menor tiveram comportamento da fase reprodutiva variando de 68,4% a 76,2% e 61,1% a 61,5% respectivamente, sendo superior e/ou semelhante com a cultivar de GMR 6.8 que variou de 61,7% a 64,3%, um dos fatores dos quais garante altas produtividades. Como impactos positivos da maior duração da fase reprodutiva nas cultivares, pode-se inferir um provável aumento do potencial produtivo dessas cultivares (Setiyono et al., 2010).
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Em experimentos de campo e numéricos conduzidos por Kantolic et al. (2007) em Buenos Aires, Argentina, os autores verificaram que uma hipótese para os programas de melhoramento de soja aumentarem a produtividade potencial da cultura seria através da seleção de cultivares com maior duração da fase reprodutiva, sem prolongar a duração do ciclo total de desenvolvimento.
Figura 1 – Duração da fase vegetativa (FV) e reprodutiva (FR) em dias após emergência (gráficos na vertical a esquerda, seguidos pelas letras a, c, e) e a equivalência de dias após emergência em porcentagem (gráficos na vertical a direita, seguidos pelas letras b, d, f) da cultivar NS 4823 RR (a,b), BMX Elite IPRO (c,d) e BMX Ícone IPRO (e, f) semeadas em outubro, novembro e dezembro.
CONCLUSÃO
Conclui-se que uma alternativa para os produtores que não apresentam problemas com deficiência hídrica é a utilização de cultivares de ciclos mais precoces e que apresentam a fase reprodutiva bastante longa, pois diminuindo o período de exposição da cultura no campo, reduz os riscos climáticos e custos de investimentos, sem diminuir o potencial produtivo das lavouras.
REFERÊNCIAS
FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. Stages of soybean development. Ames: Iowa StateUniversity of Science and Technology, 1977. 15p. (Special Report, 80).
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Levantamento Sistemático da Produção Agrícola – LSPA. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/6588>. Acesso em: 05 jun. 2018.
KANTOLIC, A. G., MERCAU, J. L., SLAFER, G. A., & SADRAS, V. O. (2007). Simulated yield advantages of extending post-flowering development at the expense of a shorter pre-flowering development in soybean. Field Crops Research, 101, 321-330. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j. fcr.2006.12.008.
KANTOLIC, A. G. (2008). Control ambiental y genético de la fenologia del cultivo de soja: impactos sobre elrendimiento y laadaptación de genótipos. Revista da Facultad de Agronomía UBA, 28, 63-88.
SETIYONO, T. D., CASSMAN, K. G., SPECHT, J. E., DOBERMANN, A., WEISS, A., YANG, H., CONLEY, S. P., ROBINSON, A. P., PEDERSEN, P., & DE BRUIN, J. L. (2010). Simulation of soybean growth and yield in near-optimal growth conditions. Field Crops Research, 119, 161-174. DOI: http://dx.doi.org/10.1016/j.fcr.2010.07.007.
ZANON, A. J. et al. Desenvolvimento de cultivares de soja em função do grupo de maturação e tipo de crescimento em terras altas e terras baixas. Bragantia, Campinas, vol.74 nº.4 , 2015. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/1678- 4499.0043>. Acesso em: 13 set. 2018.
ZANON, A. J. et al. Efeito do tipo de crescimento no desenvolvimento de cultivares modernas de soja após o início do florescimento no Rio Grande do Sul. Bragantia, Campinas, v. 75, n. 4, p.446-458, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/1678-4499.535.
Informações dos autores:
1Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS;
2Estudante de pós graduação, Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS;
3Meteorologista Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Cachoeirinha/RS.
Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS.