O pH do solo é um dos principais determinantes da disponibilidade de nutrientes essenciais para as plantas, especialmente para culturas como a soja, que desempenha um papel crucial na segurança alimentar global. O pH do solo influencia diretamente a solubilidade e a disponibilidade de nutrientes como fósforo, cálcio, magnésio, potássio e outros elementos essenciais para o crescimento da soja.
Idealmente, o pH ótimo para a soja situa-se entre 6.0 e 6.5, faixa na qual a absorção desses nutrientes é maximizada. Em solos ácidos, especialmente com pH abaixo de 5.5, há um aumento na solubilidade do alumínio. Este elemento torna-se tóxico para as plantas, interferindo no desenvolvimento radicular e na absorção de água e nutrientes.
A toxicidade por alumínio é um dos principais fatores limitantes para o crescimento da soja em muitas regiões, resultando em perdas significativas de produtividade.
Uma correlação entre pH do solo e produtividade foi analisada através da função limite com dados de 512 lavouras de soja acompanhadas pela Equipe FieldCrops entre safras 2015/2016 a 2020/2021. Uma função limite com as produtividades superiores apresentou um platô de produtividade encontrado em áreas com pH entre 5,5 e 6,5. A cada 0,1 de pH abaixo de pH 5,5 a produtividade de grãos reduz em 151 kg ha-1, ou seja, aproximadamente 2,5 sc ha-1 (Figura 1).
Nesta estimativa, não foram considerados as lavouras da safra 23/24 (em vermelho), apenas utilizada para visualização na figura de Tagliapietra et al., 2022.
Figura 1. Relação entre a produtividade de soja e o pH do solo. Os círculos amarelos representam as lavouras das safras 2005/2016 a 2020/2021 e os losangos vermelhos as lavouras participantes do Campeonato Soybean Money Maker 2023/2024.

Na Operação Raízes, abriu-se trincheiras até 1.5m em 13 estados brasileiros e coletou-se solo a cada camada de profundidade que consta na tabela. Ao analisar apenas o banco de dados da safra 2023/2024 do Campeonato, verificou-se que a maioria das lavouras se encontram igual ou acima do teor crítico de pH de 0 a 20 cm, no entanto, ao aprofundar-se no perfil de solo, verifica-se uma diminuição no pH, consequentemente, aumentando a porcentagem de lavouras abaixo do teor crítico de pH.
Figura 2. Porcentagem de lavouras participantes do Campeonato Soybean Money Maker com pH em água abaixo do valor crítico (5.5) e igual ou superior ao valor crítico.

Nem todas as lavouras que apresentavam pH menor que 5.5 continham Al tóxico no solo, isso porque, depende do tipo de solo e composição mineral, histórico de manejo e condições ambientais. Do mesmo modo, ao analisar a presença e os valores de Alumínio no solo, verifica-se tendência semelhante. Conforme aprofunda-se no perfil, aumenta a presença de Al no solo (Figura 3).
Figura 3. Porcentagem de lavouras participantes do Campeonato Soybean Money Maker com presença ou não de Alumínio.

Os agricultores estão cada vez mais conscientes da importância de manejar adequadamente o pH do solo e controlar a presença de alumínio. Estratégias como a calagem, que consiste na aplicação de calcário para elevar o pH do solo, são fundamentais para neutralizar a acidez excessiva e reduzir a toxicidade por alumínio. Monitorar regularmente o pH do solo e ajustar as práticas agrícolas conforme necessário são passos essenciais para garantir condições ideais de crescimento da soja e maximizar a produtividade.