Além da escolha da melhor cultivar e época de semeadura para sua lavoura, é essencial atentar para o planejamento do sistema de produção e rotação de culturas. Visando um manejo eficientes e a sustentabilidade do cultivo, o planejamento da lavoura a longo prazo é essencial para o aumento da produtividade e redução dos custos de produção.

Embora a soja seja a cultura principal de várias propriedades agrícolas brasileiras, o uso de culturas em rotação a cultura da soja mostra-se de importante contribuição para o sistema de produção. Tendo em vista que espécies de plantas daninhas como a buva (Conyza spp.) podem causar redução significativa da produtividade da soja, a além disso servirem como ponte verde para a entrada de pragas no cultivo da soja, o controle dessa daninha é essencial para a viabilidade do cultivo.

Entretanto, assim como a buva, outras plantas daninhas tais como o capim-amargoso (Digitaria insularis) apresentam resistência conhecida a herbicidas, fato que torna o controle químico dessas daninhas extremamente dificultoso. Sendo assim, o uso de herbicidas em pré-emergência, a rotação de mecanismos de ação e o controle cultural, são ferramentas indispensáveis para um manejo eficiente dessas plantas daninhas.

Com relação ao controle de plantas daninhas fotoblásticas positivas, tais como a buva, o controle cultural por meio do cultivo de plantas de cobertura que possibilitem o recobrimento do solo com sua palhada residual é uma das principais alternativas para promover um controle eficiente dessas daninhas. Segundo Vidal et al. (2007), plantas fotoblásticas positivas necessitam de determinada quantidade de luz para dar início ao processo germinativo.



Dessa forma, a palhada residual deixada por culturas de cobertura, através da cobertura do solo possibilita o controle da germinação de plantas daninhas, impedindo a incidência de luz nas sementes e reduzindo o fluxo de emergência de plantas daninhas no solo.

Figura 1. Germinação de buva em quatro regimes térmicos e dois níveis luminosos, avaliada aos 12 dias após a semeadura. Cada ponto no gráfico representa a média de 16 repetições. Barra vertical indica diferença mínima significativa (DMS) (P<0,05) para comparar resultado entre os regimes térmicos e de luminosidade (Vidal et al., 2007).

Fonte: Vidal et al. (2007).

Além da palhada atuar na redução da germinação do banco de sementes do solo, também reduz a temperatura do solo, alterando seu fluxo de calor e reduzindo a evaporação da água nas camadas superficiais do solo. Com isso, altera-se o volume de água evaporada do solo, aumentando a disponibilidade hídrica para a planta.

O fato pode auxiliar em períodos de déficit hídrico, possibilitando redução dos estresses sofridos pelas plantas, e proporcionando melhores condições térmicas e hídricas para o crescimento e desenvolvimento vegetal.

Figura 2. Influência da palhada na temperatura média da superfície do solo.

Foto: @planejar_consultoria

Além do controle cultural de plantas daninhas e a redução de temperatura do solo, a implantação de culturas que possibilitem palhada residual ao sistema de produção auxilia na redução do escoamento superficial, diminuindo o impacto causado pela gota da chuva no solo e desagregação de partículas, uma vez que a palhada após decomposta poderá ser transformada em matéria orgânica do solo e atuar como agente cimentante de partículas.

Outro fato interessante é que plantas com adensado sistema radicular, tais como o nabo-forrageiro (Raphanus sativus), podem atuar como agente descompactador do solo, auxiliando na melhoria de características físico-estruturais do solo, possibilitando maior aprofundamento de raízes de culturas sucessoras e maior infiltração de água no solo.

Além disso, outras plantas como espécies de crotalária, quando inseridas no sistema de produção, desempenham função essencial na redução de populações de nematóides fitopatogênicos, sendo uma interessante alternativa de cultivo em áreas com grandes infestações de nematoides.


Veja também: Soja após Crotalária – aumento da produtividade e controle de nematoides


Em vídeo o pesquisador da CCGL, Tiago Hörbe, chama atenção para a importância do planejamento da lavoura a longo prazo. Tiago comenta que em virtude das variações climáticas, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, o planejamento da lavoura é uma prática essencial para a obtenção de boas produtividades e estabilidade produtiva.

Embora outros tantos fatores possam vir a intervir no planejamento de uma lavoura, tendo em vista os aspectos observados, nota-se que mesmo em condições adversas, o planejamento do sistema de produção é fundamental para a sustentabilidade do sistema e viabilidade produtiva e econômica, sendo assim, planejar é preciso!

Confira o vídeo abaixo com as dicas do pesquisador Tiago Hörbe.


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Referências:

VIDAL, R. A. et al. IMPACTO DA TEMPERATURA, IRRADIÂNCIA E PROFUNDIDADE DAS SEMENTES NA EMERGÊNCIA E GERMINAÇÃO DE Conyza bonariensis E Conyza canadensis RESISTENTES AO GLYPHOSATE. Planta Daninha,Viçosa-MG, v. 25, n. 2, p. 309-315, 2007.

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