Uma das características do solo é ser considerado um sistema trifásico formato em parte por sólidos, água e ar. Com a compactação do solo, o volume de macroporos e consequentemente de ar é diminuído do solo. Além disso, a compactação também exerce influência negativa na infiltração de água no perfil do solo, dificultando que a água alcance as camadas mais profundas do perfil. Em consequência, se tem um baixo aproveitamento da água da chuva que é facilmente escoada dependendo da intensidade da precipitação, em virtude da diminuição da taxa de infiltração da água no solo decorrente da compactação.
Dentre as alternativas que não envolvam interferência mecânica (uso de escarificadores e subsoladores) para a descompactação do solo, é possível citar a utilização de plantas de cobertura e rotação de culturas que possibilitem a melhoria das condições estruturais do solo. O sistema radicular de determinadas plantas pode contribuir para melhor característica estruturais de solo, favorecendo a infiltração de água no perfil, além de contribuir para a manutenção da macro, meso e microfauna do solo.
Muito se fala na contribuição da palhada da parte aérea das plantas para o sistema plantio direto, mas tão importante quanto é a contribuição do sistema radicular das plantas.
Figura 1. Comparação entre sistemas radiculares de diferentes culturas.

As diferenças no desenvolvimento do sistema radicular de diferentes culturas permitem o planejamento da rotação de cultura com base nas características da planta e solo, sendo uma importante ferramenta no manejo da compactação. Além de melhorar a estrutura física do solo, favorecendo a aeração e infiltração de água. Plantas como o nabo-forrageiro desempenham importante papel na descompactação do solo e apesar de REINERT et. al, (2008) observarem maiores dificuldades para o crescimento de raízes em solo com densidade superior a 1,85 Mg.m-3, os autores destacam que plantas como o nabo-forrageiro, mucuna, crotalária e gaundu podem ser utilizadas visando a descompactação do solo, apresentando benefícios superiores a adoção do pousio nas áreas de cultivo.
Figura 2. Sistema radicular de nabo-forrageiro em condições de solo com densidade inferior (figura a) e superior (figura b) a 1,85 Mg.m-3. Dimensão da quadrícula: 0,05 x 0,05 m.

Apesar de ser uma das principais planta utilizadas na descompactação de solo, o cultivo do nabo-forrageiro é recomendado para o período de inverno, sendo assim, é necessário pensar no planejamento da rotação de cultura.
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Culturas como a crotalária, guandu e a mucuna podem ser inseridas na rotação de culturas buscando melhorar as condições estruturais do solo, servindo também como fontes de adubação verde para culturas sucessoras. Além disso, REINERT et. al, (2008) observaram que o milho em sucessão a essas culturas apresenta maior desenvolvimento do sistema radicular quando comparado ao milho sucedido por pousio.
Figura 3. Distribuição radicular da cultura do milho em parcelas com as sucessões mucuna-cinza/nabo; crotalária juncea/nabo; guandu/nabo; e pousio/nabo. Dimensão da quadrícula: 0,05 x 0,05 m.

A melhor distribuição do sistema radicular pode promover maior absorção de água e nutrientes pela cultura, refletindo em maiores produtividade. A adoção de plantas de cobertura para melhoras a qualidade do solo também é defendida por SANTOS et. al, (2014), onde os autores destacam que o sistema radicular das plantas de cobertura desempenha papel fundamental na melhoria da qualidade do solo.
Além disso, a parte aérea das plantas servir como fonte de adubação verde, possibilitando a liberação de nutrientes no solo para a absorção da cultura sucessora, principalmente se tratando de Nitrogênio, a palhada possibilita o controle de plantas daninhas, conforme observado por OLIVEIRA et. al, (2001).
Figura 4. Efeito dos níveis de palha sobre o número total de plantas daninhas – Embrapa Milho e Sorgo.

Entretanto, em meio as vantagens trazidas pelo cultivo das plantas de cobertura, algumas dificuldades fazem da rotação de cultura uma realidade um tanto quando difícil de implementação e a principal causa é a dificuldade de conseguir sementes de distintas plantas de cobertura. Contudo, a utilização de plantas de cobertura desempenha papel fundamental no sistema de produção e seus benefícios diretos e indiretos influem na produtividade de culturas anuais produtoras de grãos.
Referências:
OLIVEIRA, M.F.et. al. EFEITO DA PALHA E DA MISTURA ATRAZINE + METOLACHLOR NO CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DO MILHO, EM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.36, n.I, p.37-41, jan.2001.
REINERT, D. J. LIMITES CRÍTICOS DE DENSIDADE DO SOLO PARA O CRESCIMENTO DE RAÍZES DE PLANTAS DE COBERTURA EM ARGISSOLO VERMELHO. R. Bras. Ci. Solo, 2008.
SANTOS, F. S. et. al. A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS DE COBERTURA NA RECUPERAÇÃO DE SOLOS COMPACTADOS. Acta Iguazu, Cascavel, v.3, n.3, p. 82-91, 2014.
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Gostaria de citar a autoria da foto que se encontra do fundo artigo, como posso colocar ?
Pode citar Mayara, é de autoria da equipe Mais Soja.
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