O manejo de plantas daninhas é fundamental para evitar que plantas daninhas utilizem recursos disponíveis para o crescimento e desenvolvimento de plantas cultivadas, tais como água, nutrientes do solo e radiação solar. A utilização de herbicidas para o controle dessas plantas daninhas é cada vez mais difundido na agricultura, entretanto, algumas plantas daninhas como a Buva (Conyza spp.) apresentam resistência a alguns herbicidas, como o glifosato, herbicida mais utilizado no controle de plantas daninhas no cultivo da soja RR.
Entretanto, é fundamental pensar em estratégias que possibilitem um manejo sustentável dessas plantas daninhas, possibilitando a menor utilização de herbicidas, o que refletiria em menores custos de produção. Sabe-se que algumas plantas daninhas necessitam de radiação solar para desencadear seu processo germinativo, as denominadas plantas fotoblásticas positivas, e que o bando de sementes do solo em sua grande maioria abriga inúmeras sementes de espécies daninhas.
Sendo assim, uma das alternativas para evitar a emergência dessas plantas daninhas, é a cobertura do solo. A cobertura do solo pode ser realizada com uma cultura de valor comercial, assim como plantas de cobertura com função meramente destinada ao recobrimento do solo. Outra característica interessante, é que algumas plantas de cobertura também auxiliam na descompactação do solo, algumas reciclam nutrientes e algumas podem até atuar no controle de pragas como nematoides de solo.
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Em vídeo o Professor da Universidade Federal do Paraná e coordenador do Grupo Supra Pesquisa Leandro P. Albrecht destaca a importância das plantas de cobertura no manejo de plantas daninhas. Leandro chama atenção para os benefícios do consorcio entre aveia preta e nabo forrageiro, muito utilizado no Sul do Brasil como plantas de cobertura de inverno.
Segundo Leandro, há “várias possibilidades de arranjo e distribuição” para o consórcio, podendo variar de acordo com a finalidade do cultivo, entretanto, as distinções entre as duas plantas tanto com relação a parte aérea quanto em relação ao sistema radicular faz do consorcio uma ótima alternativa para compor a cobertura do solo. Albrecht destaca que as contribuições do consorcio para minimização da emergência de plantas daninhas no sistema produtivo são fantásticas, fazendo do cultivo uma ótima opção tanto para cobertura do solo quanto para a construção do perfil do solo ou até mesmo servindo como fonte de adubação verde.
Conforme observado por Baldinot Junior; Backes; Torres (2004), tanto em cultivo solteiro quanto em sistemas de consórcio, plantas de cobertura como aveia preta, azevém, centeio, nabo forrageiro e consórcios como aveia preta + ervilhaca comum, assim como um mix de plantas misturando aveia preta + azevém + centeio + ervilhaca comum + nabo forrageiro proporcionam ótima cobertura do solo, sendo interessantes alternativas no manejo integrado de plantas daninhas (figura 1).
Figura 1. Porcentagem de cobertura do solo proporcionada por culturas de cobertura do solo, Epagri/Estação Experimental de Canoinhas, SC, 2003.
Cabe destacar que assim como a escolha da planta de cobertura, a densidade de semeadura assim como a população de plantas irá depender da finalidade do cultivo, sistema de rotação e disponibilidade de sementes, essa última, uma dificuldade prática em algumas regiões de cultivo.
Entretanto, bem como afirmado por Albrecht, a cobertura do solo é fundamental o manejo integrado das plantas daninhas, sendo ferramenta indispensável no controle da emergência de plantas daninhas e a utilização de plantas de cobertura é de grande valia para o sistema produtivo, principalmente na entressafra da cultura da soja.
Veja também: Desempenho agronômico de soja cultivada em sucessão às culturas de cobertura de inverno
Confira abaixo o vídeo com as contribuições de Leandro P. Abrecht.
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Referências:
BALBINOT JUNIOR, A. A; BACKES, R. L; TORRES, A. N. L. DESEMPENHO DE PLANTAS INVERNAIS NA PRODUÇÃO DE MASSA E COBERTURA DO SOLO SOB CULTIVOS ISOLADO E EM CONSÓRCIOS. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.3, n.1, p.38-42, 2004.