A nova elevação acentuada do dólar em relação ao real aumenta a competitividade do trigo brasileiro, levando em conta o encarecimento da importação do grão. Além disso, segundo o analista de SAFRAS & Mercado, Jonathan Pinheiro, a oferta é cada vez mais restrita.

O mercado começa a avaliar os trabalhos de plantio e as condições das lavouras nas principais regiões produtoras do Brasil. “Uma conjuntura de câmbio elevado e quebra de safra no país poderia levar a um cenário de acentuada elevação das cotações de referência no mercado interno, no decorrer da próxima temporada, tendo em vista que é justamente o ingresso de safra no país, a partir de agosto que deverá minimizar esta tendência altista”, analisou.

Paraná

A semeadura de trigo chegava a 14% na área de abrangência da Cooperativa Coopavel, que atua em 17 municípios do oeste e sudoeste do Paraná, de acordo com relatório do dia 4 de maio. Conforme fonte da cooperativa, que concedeu entrevista exclusiva à Agência SAFRAS, o produtor plantou à espera de chuvas, previstas para essa semana na região. A área a ser semeada está estimada em 99,5 mil hectares, ante cerca de 96 mil hectares na temporada passada. As lavouras se dividem entre as fases de emergência (86%) e desenvolvimento vegetativo (14%). A produtividade média está estimada em 3.530 quilos por hectare.

O plantio de trigo em Campo Mourão, no noroeste do Paraná, atinge 25% da área, estimada em 14,7 mil hectares. Segundo o engenheiro agrônomo da Coamo, Lucas Gouvea, os trabalhos devem ser finalizados em meados ou no final de junho. A produtividade é esperada em 3 toneladas por hectare. No ano passado, em safra atípica, o município registrou média de 1,87 tonelada por hectare. Em boas condições, as lavouras se dividem entre as fases de emergência (15%) e desenvolvimento vegetativo (10%).

Em Palotina, no oeste do Paraná, o plantio de trigo atinge 55% da área projetada para 2020. A superfície deve ficar entre 4 e 4,3 mil hectares. Segundo o engenheiro agrônomo da C.Vale, André Borin, os bons preços do grão estimularam um aumento da área. Por outro lado, o desenvolvimento das lavouras está bastante atrasado. Apenas 5% das lavouras já emergiram.

“Normalmente o plantio e a emergência vão até 10 de maio, assim, conseguimos colher até o final de agosto ou o começo de setembro, que é o período mais seco. Agora, se entrarmos em junho plantando, provavelmente não conseguiremos colher cedo e teremos problemas de qualidade devido às chuvas de setembro”. Ele observa que os produtores da região não costumam investir muito no trigo devido aos riscos. “Talvez por isso tenham ‘perdido o jeito’”. A produtividade para esta safra é estimada entre 57 e 60 sacas por hectare.

Rio Grande do Sul

O plantio de trigo foi iniciado nesta semana em Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo o engenheiro agrônomo da Cotrirosa, Taciano Reginatto, os trabalhos não chegam a 5% da área, tanto no município – entre 10 e 11 mil hectares -, quanto na zona de atuação da cooperativa, que engloba 18 municípios – em torno de 70 mil hectares. A produtividade é esperada em 50 sacas por hectare.

A expectativa para a safra é positiva, levando em conta os bons preços observados para o trigo no mercado interno brasileiro. Por este motivo, Reginatto acredita que o trigo ocupe parte da área que seria destinada ao milho. O crescimento pode ser de 10 a 15% na superfície em relação ao ano passado.

Fonte: Agência SAFRAS

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.