Para evitar perdas de produtividade, o controle de plantas daninhas é fundamental na cultura da soja. Plantas como o Capim-amargoso (Digitaria insularis) e a Buva (Conyza spp.) podem causar perdas de produtividade significativas na soja. Isso por que as plantas daninhas competem com a cultura por água, nutrientes do solo e radiação solar, prejudicando o crescimento e desenvolvimento da soja.

A utilização de herbicidas é uma das principais ferramentas em uso na agricultura moderna para o manejo e controla das plantas daninhas, entretanto, segundo Adegas (2019), a utilização de uma mesmo herbicida ou mecanismo de ação pode acarretar na seleção de plantas resistentes. Em vídeo o Professor da Universidade Federal do Paraná e supervisor do Grupo Supra Pesquisa Leandro P. Albrecht, aborda o tema e destaca que a utilização de um mesmo herbicida ou mecanismo de ação acaba por “selecionar” as plantas resistentes, “As plantas resistentes já estão lá, nós fazemos pressão de seleção, matamos o fraco e deixamos o forte”.

Sendo assim, é fundamental pensar em estratégias que possibilitem o manejo eficiente das plantas daninhas, proporcionando níveis de controle adequados. Uma das estratégias é a utilização de herbicidas pré-emergentes na cultura da soja.



Conforme abordado por Leandro, os pré-emergentes são uma necessidade no sistema produtivo e desempenham três funções básicas sendo elas:

  • “Segurar” a emergência de plantas daninhas, atuando no banco de sementes do solo
  • Aumentar o PAI (Período Anterior a Interferência)
  • Manejo de resistência

Segundo Leandro, os herbicidas pré-emergentes possibilitam o aumento do período anterior a interferência, período este em que a cultura pode conviver com a planta daninhas sem que haja perda significativa na produtividade. O professor destaca que o aumento do PAI permite um menor PCPI (período crítico de prevenção a interferência), período esse em que devem ser tomadas as medidas de controle. Ou seja, com a diminuição desse período, pode se tornar possível até a diminuição do número de aplicações de pós-emergentes para o controle das plantas daninhas.

No que diz respeito ao manejo da resistência de plantas daninhas, segundo Leandro, a utilização de herbicidas pré-emergentes “favorece a rotação de mecanismos de ação” possibilitando a utilização de distintas moléculas para o controle das plantas daninhas. O professor destaca que com relação ao manejo do capim-amargoso, a utilização de pré-emergentes possibilita a utilização de 3 a 5 mecanismos de ação diferentes, já se tratando do manejo da buva, são possíveis a utilização de pelo menos 3 mecanismos diferentes, possibilitando a “diminuição da pressão de seleção e diminuindo o número de populações resistentes”.

Além de ser uma ferramenta importantíssima no manejo da buva e do capim-amargoso, os pré-emergentes são indispensáveis para o manejo de plantas como o Leiteito (Euphorbia heterophylla). Avaliando a eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle do leiteiro, Sanchotene et al. (2017) encontraram resultados que demonstram para a maior parte dos tratamentos avaliados, níveis de controle acima de 70% aos 28 dias após a aplicação dos produtos (tabela 1). Confira o trabalho completo.

Tabela 1. Resultados médios da porcentagem de controle sobre Euphorbia heterophylla (leiteiro) aos 14, 21 e 28 dias após à aplicação dos tratamentos (DAA). Santa Maria/RS, 2015/16.Fonte: Sanchotene et al. (2017).

Além disso, os autores concluem que a utilização dos pré-emergentes não apresentou perda de produtividade da soja quando comparados os demais tratamentos com a testemunha (capinada).

Figura 1. Produção média de soja, em kg.ha-1, após a imposição dos tratamentos herbicidas. Santa Maria/RS. 2015/16. Médias não seguidas pelas mesmas letras nas colunas diferem entre si pelo teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade de erro.

Os tratamentos seguem a sequência descrita na tabela 1.
Fonte: Sanchotene et al. (2017).

 Assim como a utilização de herbicidas pré-emergentes isolados, a associação entre herbicidas apresentam resultados satisfatórios para o controle do leiteiro conforme observado na tabela 1.

Com base nos aspectos observados, e na importante contribuição do uso de herbicidas pré-emergentes no controle de plantas daninhas, cabe destacar que sua utilização é fundamental para o manejo integrado de plantas daninhas, sendo de suma importância para possibilitar a condições adequadas para o crescimento e desenvolvimento das plantas cultivadas.

O aumento do período anterior a interferência, assim como a diminuição do período crítico de prevenção a interferência são fundamentais na busca pela sustentabilidade dos cultivos, assim como na diminuição dos custos de produção, sendo assim, a utilização de pré-emergentes é uma ferramenta indispensável no manejo e controle de plantas daninhas.

Veja também: Herbicidas pré e pós emergentes na dessecação e controle de buva na cultura do milho

Confira o vídeo abaixo com as dicas do professor Leandro P. Albrecht.


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Referências:

ADEGAS, F. UTILIZAÇÃO DE HERBICIDAS PRE EMERGENTES NA PRODUÇÃO DE GRÃOS. EMBRAPA – RADAR DA TECNOLOGIA SOJA, 2019. Disponível em: < https://youtu.be/84XEteUigfc>, acesso em: 11/08/2020.

SANCHOTENE, D. M. et al. DESEMPENHO DE DIFERENTES HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES PARA CONTROLE DE EUPHORBIA HETEROPHYLLA NA CULTURA DA SOJA. PERSPECTIVA, Erechim. v. 41, n.155, p. 07-15, set. 2017.

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