Popularmente conhecida como leiteiro, a Euphorbia heterophylla é uma preocupante planta daninha, presente em diversas regiões de cultivo no Brasil. Segundo Trezzi et al. (2014), o leiteiro tem potencial de causar prejuízos significativos na cultura da soja, com perdas diárias de grãos podendo variar de 5,2 Kg ha-1 a 6,5 Kg ha-1.
Considerando o impacto dessa planta daninha em soja, o controle eficiente do leiteiro é essencial para reduzir perdas de produtividade na cultura. Entretanto, além de apresentar características que conferem elevada habilidade competitiva ao leiteiro, algumas populações dessa planta daninha apresentam resistência a determinados herbicidas, o que dificulta o manejo e controle pós-emergente, resultando em falhas de manejo.
No Brasil, são conhecidos casos de resistência de Euphorbia heterophylla aos herbicidas inibidores da ALS (1993), aos herbicidas inibidores da ALS e PROTOX (2004) e mais recentemente resistência a inibidores da EPSPs (2019). Segundo Heap (2024), foram relatados casos de resistência do leiteiro aos herbicidas clorimuron-etilo, cloransulam-metilo, imazamox, imazaquin e imazethapir em 1993; aos herbicidas acifluorfeno, cloransulam-metil, diclosulam, flumetsulam, flumiclorac-pentil, fomesafen, imazethapir, lactofen, metsulfuron-metil, nicosulfuron e saflufenacil em 2004, e ao glifosato em 2019.
As falhas de controle do leiteiro, podem resultar na persistência das populações da planta daninha, possibilitando com que a planta alcance o florescimento, produza sementes e as dissemine. Com isso em vista, adotar estratégias de manejo que possibilitem o controle eficiente do leiteiro é essencial para reduzir as infestações das áreas agrícolas.
Além da utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, em especial em populações resistentes, uma importante estratégia consiste no emprego de herbicidas pré-emergentes. Avaliando o desempenho de diferentes pré-emergentes para controle de Euphorbia heterophylla em soja, no método “plante aplique”, Sanchotene et al. (2017) observaram que os herbicidas sulfentrazone, imazaquin e diclosulam desempenham um controle pré-emergente eficiente sobre Euphorbia heterophylla (acima de 80%),
Além disso os autores observaram que as associações de herbicidas como flumioxazin + chlorimuron-ethyl, flumioxazin + imazaquin, flumioxazin + imazethapyr e flumioxazin + sulfentrazone, também foram eficazes no controle de E. herophylla (tabela 1).
Tabela 1. Resultados médios da porcentagem de controle sobre Euphorbia heterophylla (leiteiro) aos 14, 21 e 28 dias após à aplicação dos tratamentos (DAA). Santa Maria/RS, 2015/16 (Sanchotene et al., 2017).
Considerando a habilidade competitiva do leiteiro e os casos de resistência dessa planta daninha, o uso de herbicidas pré-emergentes é extremamente importante para o controle das populações de Euphorbia heterophylla, especialmente em casos onde nota-se falhas de controle com o emprego de herbicidas pós-emergentes. O uso dos pré-emergentes possibilita a redução dos fluxos de emergência dessa planta daninha, atuando diretamente na “sementeira” do solo.
Veja mais: Desafios no controle do Leiteiro (Euphorbia heterophylla)
Confira abaixo as dicas do professor e pesquisador Alfredo Albrecht.
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Referências:
HEAP, I. BANCO DE DADOS INTERNACIONAL DE ERVAS DANINHAS RESISTENTES A HERBICIDAS. On-line, 2023. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 21/05/2023.
SANCHOTENE, D. M. et al. DESEMPENHO DE DIFERENTES HERBICIDAS PRÉ-EMERGENTES PARA CONTROLE DE Euphorbia heterophylla NA CULTURA DA SOJA. PERSPECTIVA, Erechim. v. 41, n.155, p. 07-15, setembro/2017. Disponível em: < https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/155_630.pdf >, acesso em: 21/05/2024.
TREZZI, M. M. et al. IMPACTO ELEVADO: PREJUÍZOS CAUSADOS PELO LEITEIRO NA SOJA. Revista Cultivar, ed. 183, ano XV, 2014. Disponível em: < https://revistacultivar.com.br/revistas/grandes-culturas/183 >, acesso em: 21/11/2023.