Além das tradicionais doenças fúngicas às quais o manejo fitossanitário da soja é focado, como ferrugem-asiática da soja e algumas manchas foliares, algumas doenças (não menos importantes) se destacam por acometer a cultura em seus estádios finais do desenvolvimento, escapando muitas vezes do programa de defensivos estabelecidos no início do cultivo.
Essas doenças são popularmente conhecidas como DFCs (Doenças de Final de Ciclo da Soja). Embora uma série de doenças e patógenos possam causar danos à soja, algumas DFCs em específico se destacam por causar danos não só quantitativos, como também qualitativos, podendo reduzir a qualidade dos grãos e/ou sementes produzidas.
Figura 1. Período de ocorrência de doenças em soja.
Quais as principais DFCs da soja?
A grande maioria das doenças que ocorrem na soja são originárias de fungos patogênicos, sendo, portanto, consideradas doenças fúngicas. Dentre as principais DFCs que acometem a soja, podemos destacar, a Septoriose em soja (Septoria glycines), oídio (Microsphaera diffusa), mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina), crestamento foliar e mancha púrpura (Cercospora kikuchii), mancha-alvo (Corynespora cassiicola), antracnose (Colletotrichum truncatum) e a ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi). Tradicionalmente convencionou-se classificar como as principais DFCs da soja a antracnose, crestamento foliar, mancha-parda e mancha olho-de-rã porque normalmente são constatados seus sintomas no final do ciclo da cultura, mas cuidado, pois normalmente a infecção da planta pelo fungo ocorre em períodos anteriores, exigindo monitoramento e medidas de controle.
Figura 2. Principais DFCs da soja. A – Septoriose em soja (Septoria glycines), B – oídio (Microsphaera diffusa), C – mancha-olho-de-rã (Cercospora sojina), D – mancha-alvo (Corynespora cassiicola), E – antracnose (Colletotrichum truncatum) e F – ferrugem-asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi).
Embora também seja foco no início do manejo fitossanitário da soja, a ferrugem-asiática da soja também é classificada como doença de final de ciclo por poder acometer a cultura durante todo seu ciclo de desenvolvimento, causando danos tanto no início quando no final do desenvolvimento da cultura.
Dentre as doenças citadas anteriormente, outra DFC de importância econômica para a produção de soja é o crestamento foliar de cercospora, doença causada pelo fungo (Cercospora kikuchii). Além de acometer as folhas da soja, os sintomas da doença também podem ser observados nos legumes da soja, podendo passar para os grãos, causando sintomas típicos conhecidos como “mancha-púrpura”. Embora muito se discuta sobre a influência desses sintomas sobre a qualidade fisiológica das sementes de soja, pode-se dizer e a coloração característica “púrpura” dos grãos afetados, pode ser um dos fatores de redução do valor da cultura.
Veja mais: Mancha púrpura compromete a germinação das sementes de soja?
Figura 3. Sintoma de pontuações escuras, com coloração castanho-avermelhado nas vagens e Mancha púrpura no grão.
Embora com ocorrência principalmente no final do ciclo da soja, sob condições ambientais adequadas, as DFCs podem causar significativos danos á produção, tanto de ordem quantitativa quando qualitativa. Segundo Godoy et al. (2021), no caso da ferrugem-asiática da soja, dependendo da severidade da doença, suscetibilidade da cultivar e período em que a doença acomete a cultura, perdas de até 90% podem ser observadas em soja.
Com isso em vista, fica evidente a necessidade de destinar atenção não só as tradicionais doenças manejadas desde o início do desenvolvimento da soja, como também às doenças de final de ciclo da soja.
Referências:
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2020/2021: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 174, 2021. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/225501/1/Circ-Tec-174.pdf >, acesso em: 03/02/2023.
Foto de capa: Foto: Daren Mueller Iowa State University Bugwood.org
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