pH e os nutrientes do solo
O pH do solo está diretamente relacionado com a disponibilidade de nutrientes para as plantas (figura 1). Solos com pH inadequado, apresentam baixa disponibilidade de nutrientes, mesmo esses estando presentes em altas concentrações no solo.
Figura 1. Relação entre pH do solo e a disponibilidade dos nutrientes.
Exceto para o arroz irrigado, as demais culturas produtoras de grãos tem como pH de referência o valor de pH 6,0. Entretanto, os maiores efeitos da acidez que limitam a produção vegetal aparecem quando o valor do pH do solo é menor que 5,5, quando então é recomendada a aplicação de calcário. Quando o valor de pH é maior que o valor de referência não há resposta econômica à calagem (Santos et al., 2016).
O principal corretivo agrícola utilizado para corrigir o pH do solo é o calcário. Contudo, existem diferentes formulações de calcário, o que torna necessário conhecer a necessidade do solo e compreender em qual situação cada tipo de calcário é recomendado.
Os calcários são classificados quanto ao seu teor de MgO em: calcítico, com menos de 5% de MgO; magnesiano, com 5% a 12% de MgO; e dolomítico, com mais de 12% de MgO. Os calcários calcíticos apresentam de 1% a 5% de MgO e de 45% a 55% de CaO; os magnesianos, de 5% a 12% de MgO e de 40% a 42% de CaO; e os dolomíticos, de 13% a 21% de MgO e de 25% a 35% de CaO (Primavesi & Primavesi, 2004).
Além de atuar na correção do pH e acidez do solo, os calcários também são considerados fontes de nutrientes para as culturas. Para a maioria das culturas agrícolas, os calcários são a principal fonte de Cálcio e Magnésio. Para algumas culturas não responsivas à elevação do pH, a saturação por bases é o critério adotado para o fornecimento de Ca e de Mg às plantas (Santos et al., 2016).
Quando utilizar cada tipo de calcário?
Considerando que ambos os tipos de calcário (calcítico, magnesiano e dolomítico) apresentam bons níveis de Cálcio, quando o intuito da calagem é corrigir o pH do solo e elevar os teores de Cálcio no solo, ambos podem ser utilizados. Já quando há a necessidade de corrigir os níveis de Magnésio no solo, elevando a concentração desse nutriente, deve-se dar preferência pelos calcários dolomítico e magnesiano.
Por apresentar maior concentração de Magnésio, quando é necessário elevar os teores de Mg no solo, deve-se dar preferencia pelo uso do calcário dolomítico. Em função da concentração de nutrientes, o calcário magnesiano pode ser considerado um calcário intermediário em relação ao dolomítico e o calcítico, sendo também, muito empregado com o intuito de corrigir o pH do solo e elevar os teores de Ca e Mg.
Sobretudo, o que irá definir a escolha do calcário são os resultados da análise química da fertilidade do solo, a disponibilidade do corretivo na região de cultivo e o custo do insumo, podendo-se utilizar tanto o calcário dolomítico quando o magnesiano em casos de deficiência de Mg, mas sempre dando preferencia pelo uso do calcário dolomítico. Em solos cujos teores de Mg estão em equilíbrio, pode-se fazer uso do calcário calcítico para corrigir o pH do solo, sem prejuízos ao sistema de produção.
Frequência de calagem
A reaplicação de calcário não é uma prática calendarizada. A prática é necessária quando os resultados da análise química da fertilidade do solo indicarem a necessidade, considerando os níveis de referência. A frequência com que isso ocorre varia com a dose e o residual do calcário aplicado anteriormente, bem como com o tipo de solo, de planta cultivada e do sistema de manejo empregado (Santos et al., 2016).
Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, os critérios que indicam a necessidade de calagem e a quantidade de corretivo para as culturas produtoras de grãos estão dispostos na tabela 1.
Tabela 1. Critérios para a indicação da necessidade e da quantidade de corretivos da acidez para culturas de grãos.
Veja mais: Gesso agrícola e a produtividade do milho
Referências:
PRIMAVESI, A. C.; PRIMAVESI, O. CARACTERISTICAS DE CORRETIVOS AGRÍCOLAS. Embrapa, Documentos, n. 37, 2004. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/61985/1/Doc37ACP2004.pdf >, acesso em: 22/03/2024.
SANTOS, D. R. et al. DIAGNÓSTICO DA ACIDEZ E RECOMENDAÇÃO DA CALAGEM. Comitê de Química e Fertilidade do Solo – RS/SC, Manual de Calagem e Adubação Para os Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, cap. 5, 2016. Disponível em: < https://www.sbcs-nrs.org.br/docs/Manual_de_Calagem_e_Adubacao_para_os_Estados_do_RS_e_de_SC-2016.pdf >, acesso em: 22/03/2024.