Na terça-feira (18) houve nebulosidade em grande parte do Estado, além de chuvas ocasionais. Na quarta-feira (19) as temperaturas se elevaram e foram registradas tempestades em algumas regiões. As tempestades persistiram durante a quinta-feira (20). Na sexta-feira (21) ocorreram chuvas isoladas, mas a maior parte do Paraná registrou tempo bom. O sábado (22) e o domingo (23) foram ensolarados, mas no final da tarde de domingo uma área de instabilidade se intensificou sobre o município de São Mateus do Sul, provocando pancadas de chuva acompanhadas de descargas elétricas. A segunda-feira (24) foi de tempo estável com predomínio de sol na maior parte das regiões paranaenses.
Na sequência, destacamos as condições nas diferentes regiões do Paraná, segundo os técnicos dos Núcleos Regionais SEAB/DERAL.
- REGIÃO NORTE
O excesso de umidade no solo dificultou a entrada das máquinas para finalizar a colheita do trigo e da aveia. No trigo há germinação de grãos na espiga, que afetará a qualidade do produto, com perda de PH. Na região do NR de Jacarezinho, as altas temperaturas e estiagem prejudicaram as lavouras semeadas mais tarde, reduzindo sua produtividade.
A colheita da nova safra de tomate já iniciou.
Apesar do atraso em relação à expectativa dos produtores, há uma aceleração do plantio do milho e da soja, que deve se intensificar nos próximos dias caso a previsão climática se confirme. Alguns produtores não conseguiram fazer a dessecação pré-plantio, e devem pôr em dia as aplicações. O feijão 1ª safra está se desenvolvendo bem e algumas lavouras estão em frutificação.
Na última semana, a ocorrência de uma chuva de granizo causou prejuízos pontuais no município de Mauá da Serra, principalmente em algumas áreas de hortaliças.
Boa parte dos produtores de repolho da região estão insatisfeitos com os baixos valores comercializados. Apesar da boa qualidade da produção, o preço médio da caixa de 28 kg vendida por eles nas últimas semanas foi em torno R$ 10, sendo que no mesmo período do ano passado estava em torno de R$ 21.
A alta umidade no solo associada a grandes quantidades de chuva geraram estragos consideráveis em termos de erosão laminar, com a perda de solo (especialmente a camada superficial, rica em matéria orgânica), adubo e sementes.
Em relação às pastagens, bem como córregos e rios, as precipitações dos últimos dias têm sido bastante benéficas.
- OESTE E CENTRO-OESTE
As chuvas dos últimos dias têm prejudicado o andamento da colheita de trigo na região. Esta condição afeta também a qualidade e a produtividade das plantas que ainda estão em campo prontas para serem colhidas.
O plantio de soja e milho segue durante as brechas de tempo bom, devendo se intensificar na próxima semana. O desenvolvimento das áreas já semeadas está lento em virtude da baixa luminosidade e excesso de umidade.
O excesso de precipitações provocou também a lixiviação de fertilizantes, além de não permitir a entrada nas lavouras para controle do milho tiguera.
- NOROESTE
A colheita de laranja está sendo realizada na região e os frutos apresentam uma melhora significativa na qualidade.
A colheita de mandioca está sendo realizada dentro do previsto. A grande maioria das lavouras de mandioca da safra 2022 está plantada, porém, escorrimento houve problemas de escorrimento superficial do solo devido ao grande volume de chuvas nos meses de agosto, setembro e outubro.
Para as pastagens, esta condição de umidade de solo e temperaturas em elevação proporcionam um bom desenvolvimento vegetativo, atendendo a necessidade de produção de alimentos para a pecuária de corte e leite.
Os produtores de soja, milho e arroz irrigado estão dando continuidade ao plantio. Há uma preocupação com o possível atraso das atividades caso as boas condições do tempo atuais não perdurem. Alguns produtores começam a refazer suas programações. Além disso, o excesso de precipitações dos últimos dias provocou a lixiviação dos nutrientes no solo, comprometendo o desenvolvimento das culturas.
- SUL
As áreas de trigo e cevada que estão em ponto de colheita têm seus trabalhos dificultados ou mesmo impedidos em virtude da dificuldade da entrada de máquinas para a colheita, devido às contínuas chuvas e alta umidade do solo. Esta umidade também adiou a sequência dos tratamentos fitossanitários das áreas em desenvolvimento e preocupa os produtores devido ao aumento de patógenos nos cereais de inverno. Estas condições poderão refletir na qualidade e produtividade do trigo.
As áreas de aveia, na sua maioria já em senescência, são mais utilizadas como cobertura.
Com relação à safra de verão, a maior preocupação é com o plantio da soja, que estava atrasado; alguns produtores sequer haviam iniciado a semeadura e não conseguirão escalonar a cultura a contento. Nesta semana o tempo melhorou um pouco e o plantio reiniciou, especialmente nas áreas mais altas, onde não há acúmulo de água. A implantação da cultura ficará concentrada, gerando maiores riscos climáticos e também um acúmulo de atividades na condução das lavouras.
Os plantios de feijão e milho estão se encaminhando para o final. Houve diminuição de incidência de cigarrinhas, porém, o desenvolvimento das plantas ainda está abaixo do normal. Há relatos também de falhas na germinação, principalmente nas áreas mais úmidas, com possibilidade de replantio.
As lavouras de cebola estão com bom desenvolvimento vegetativo e formação de bulbos, boa sanidade, com algumas áreas de variedades precoces em fase de término de formação de bulbos e previsão de início de colheita neste mês de outubro.
Nas áreas de batata, os produtores aguardam a melhora das condições climáticas para realizar os tratos culturais necessários.
No NR de União da Vitória uma chuva de granizo localizada causou perdas no trigo em final de ciclo e no milho em desenvolvimento vegetativo.
- SUDOESTE
O grande volume de chuvas do último mês tem dificultado o andamento das atividades de campo, além de causar transtornos, como enxurradas, alagamentos nas lavouras, rompimento de terraços e muita erosão laminar, levando embora plântulas, sementes e adubo.
Além de favorecer a incidência de doenças, como giberela e brusone, a umidade está causando redução na qualidade do trigo, bem como no rendimento. Muitas lavouras foram dessecadas para a colheita, mas ainda estão a campo. A qualidade obtida nas áreas colhidas é bem variada, e o volume de triguilho é significativo. Agora, com a colheita, se percebe também os danos causados pelas geadas. Já existem muitos acionamentos por parte dos produtores para o seguro rural.
Em relação às aveias branca e preta, a área a ser colhida deve ser reduzida acentuadamente. A característica do produtor para esta cultura é em sua maioria aproveitar áreas para serem colhidas se o clima for favorável e, consequentemente, se o rendimento do grão for compensador.
Os produtores aguardam a melhora das condições climáticas para intensificar o plantio de batata, milho e feijão. As lavouras plantadas apresentam um desenvolvimento aquém do esperado, prejudicado pelo excesso de chuvas, períodos frios e baixa luminosidade. Além disso, não é possível entrar nas lavouras para as devidas pulverizações e adubação de cobertura, o que pode afetar o rendimento final. Para a cultura do feijão, especificamente, a preocupação não é a alta produtividade, mas sim a obtenção de sementes para a segunda safra.
O plantio de soja também está atrasado e a cultura está com desenvolvimento inicial lento. Muitas áreas sofreram erosão devido a essas chuvas e, segundo relatos de técnicos de cooperativas e agricultores, algumas áreas deverão ter replantio. Porém, como parte das lavouras está em início de desenvolvimento, deve-se esperar alguns dias para melhor avaliação.
O atraso das atividades de semeadura vai trazer também complicações para o período de plantio de segunda safra, levando o produtor a repensar a sua programação para que se consiga tempo hábil e dentro do período de zoneamento agroclimático.
Fonte: Departamento de Economia Rural – Deral