A cultura apresenta rápida evolução de fases, aproximando-se do final do ciclo: 15% das lavouras estão em processo de maturação; 46% em enchimento de grãos; 29% em floração; e 10% em desenvolvimento vegetativo. Nas áreas de semeadura mais precoce, os produtores finalizam o preparo de máquinas e equipamentos para o início da colheita.
Apesar das intensas precipitações no Extremo Sul e na Campanha, bem como da ocorrência pontual de granizo e ventos fortes em áreas do Centro e Noroeste do RS, as lavouras de trigo mantêm condição geral satisfatória no Estado. Nas regiões Oeste, Noroeste, Norte e Nordeste, o desenvolvimento das lavouras é considerado muito bom, tanto vegetativo quanto reprodutivo. De modo geral, esse bom desempenho tem compensado os danos pontuais observados em outras regiões, e os níveis de produtividade esperados devem continuar dentro das expectativas iniciais, desde que as condições climáticas futuras favoreçam a continuidade do ciclo.
Quanto ao manejo das lavouras, manteve-se o cronograma de aplicação de fungicidas, prevenindo a incidência de doenças, principalmente nas espigas. No Planalto Médio, observa-se um aumento da infestação de azevém nas lavouras, indicando que o controle dessa planta invasora, resistente à maioria dos herbicidas, foi ineficiente, ou que ocorreu uma germinação tardia. Em pontos de acamamento da cultura, foi identificado ataque de lagarta-rosca.
A redução abrupta na cotação do produto, ocorrida no período, causou apreensão entre os triticultores, pois pode impactar significativamente a lucratividade da cultura e a capacidade dos produtores de cumprir suas obrigações financeiras referentes à safra do cereal. A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista está em 3.100 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, as condições climáticas foram excelentes para a cultura, que se encontra predominantemente na fase reprodutiva. As chuvas ocorreram de forma pontual, mas em volumes adequados para a manutenção da umidade do solo, sem favorecer significativamente a proliferação de doenças. As aplicações de fungicidas estão sendo realizadas sem grandes restrições. O ciclo evolui, e se observam lavouras atingindo a fase de maturação.
Em Maçambará, onde se cultiva cerca de 21 mil hectares do cereal, cerca de 10% alcançaram essa fase; e em São Borja 30% dos 30 mil hectares cultivados. As expectativas permanecem otimistas quanto ao desempenho da cultura. Porém, nos últimos dias, houve um aumento na incidência de giberela e brusone, bem como acamamento em porções de lavouras mais vigorosas devido à ação de ventos fortes.
Na Campanha, a situação é menos favorável, pois o desenvolvimento das lavouras foi prejudicado pelas chuvas excessivas e pela falta de luminosidade. As precipitações superam 500 mm desde início de agosto, e esse excesso retardou as aplicações de fungicidas, aumentando significativamente a incidência de doenças. A situação é particularmente crítica nas lavouras em fase de floração, concentradas principalmente em Caçapava do Sul, Lavras do Sul e Aceguá, que representam cerca de 30% dos 11.600 hectares cultivados na Campanha. O restante da área, aproximadamente 70%, ainda se encontra na fase de desenvolvimento vegetativo.
Na de Caxias do Sul, nas regiões da Serra e Campos de Cima da Serra, as condições climáticas, desde a segunda quinzena de julho, têm sido favoráveis ao desenvolvimento dos cereais de inverno. Houve alternância entre períodos frios e quentes, sem ocorrência de geadas tardias. O volume de chuvas, embora ligeiramente abaixo da média para o período, apresentou distribuição regular, mantendo a umidade do solo em níveis adequados durante todo o ciclo. As áreas semeadas mais precocemente se encontram nas fases de floração e início de enchimento de grãos, enquanto a maioria das lavouras está na fase de espigamento. O estado geral das lavouras está muito bom, e as plantas bem desenvolvidas com boas condições fitossanitárias, o que indica um elevado potencial produtivo.
Na de Frederico Westphalen, 5% encontram-se no estágio de desenvolvimento vegetativo; 40% em florescimento; 50% em enchimento de grãos; e 5% em maturação. Durante as fases iniciais, as lavouras foram favorecidas pela incidência de radiação solar, associada a precipitações regulares de baixo volume. Aproximadamente 95% das áreas estão em estágio reprodutivo, fase que ocorre uma redução no progresso de doenças de final de ciclo, como giberela e brusone, além de maximização do peso dos grãos.
Na de Ijuí, a cultura continua apresentando bom desenvolvimento e rápida evolução para os estádios de formação de grãos (50%) e início de maturação (11%). As primeiras áreas semeadas com cultivares precoces estão no estádio de maturação, e os grãos estão bem formados e em fase de acúmulo de massa. A pressão de doenças permanece baixa; houve apenas alguns casos pontuais de bacteriose.
Na de Passo Fundo, a cultura encontra-se nos estádios de enchimento de grãos (50%) e floração (50%), apresentando bom potencial produtivo. Do ponto de vista fitossanitário, não há registro de ocorrência significativa de pragas ou doenças até o momento. A produtividade esperada é de 3.600 kg/ha.
Na de Pelotas, 55% das lavouras estão em florescimento; 37% em desenvolvimento vegetativo; e 7% em enchimento de grãos. As chuvas intensas do período preocupam os produtores, especialmente em relação às lavouras nas fases críticas de florescimento e enchimento, embora o estado fitossanitário permaneça bom. As aplicações preventivas de fungicidas foram prejudicadas pela umidade excessiva, dificultando a entrada de máquinas.
Na de Santa Maria, os trigais apresentam boas condições fitossanitárias, porém há preocupação com a continuidade das chuvas, que pode intensificar a pressão de patógenos, comprometendo a qualidade dos grãos. Alguns produtores não conseguiram realizar as aplicações preventivas de fungicidas no último período devido às precipitações. Em Nova Palma, houve registro de danos, em algumas lavouras, em decorrência da queda de granizo, embora o impacto tenha sido pouco abrangente.
Na de Santa Rosa, 11% estão em florescimento; 69% em enchimento de grãos; e 20% em maturação. A colheita restringe-se a pequenas áreas, ainda sem expressão percentual. No geral, as lavouras se beneficiaram das chuvas ocorridas em setembro, apresentando plantas com boa formação de grãos, sem falhas ou doenças nas espigas que comprometam o desenvolvimento
O intervalo entre as precipitações tem favorecido a cultura, evitando o molhamento prolongado e, consequentemente, reduzindo o risco de infecções fúngicas. No entanto, a presença de fuligem proveniente de queimadas tem reduzido a luminosidade, sem impactar o desenvolvimento dos grãos. De modo geral, o estado sanitário das lavouras é considerado muito bom, resultado das pulverizações e do clima seco com temperaturas amenas.
Em algumas lavouras, especialmente em Entre-Ijuís, Santo Ângelo e áreas isoladas de Campina das Missões, o acamamento mais intenso de plantas, decorrente de ventos fortes na fase de enchimento de grãos, pode comprometer parcialmente a recuperação das plantas e impactar negativamente a produtividade final.
Na de Soledade, a cultura está majoritariamente em estádio reprodutivo. Embora a pressão de doenças possa aumentar devido ao clima chuvoso, a maioria das lavouras mantém bom estado fitossanitário e nutricional, dependendo ainda das condições climáticas nas fases finais do ciclo produtivo.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, teve queda de 2,89%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 69,27 para R$ 67,27. O produto disponível foi cotado na Bolsa de Cereais de Cruz Alta em R$ 82,00/sc.
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Fonte: EMATER RS