As condições climáticas, que, até a primeira semana de outubro, favoreciam a cultura, sofreram mudanças, gerando apreensão entre os triticultores. A sucessão de precipitações, que se estenderam por até cinco dias consecutivos em parte do Estado, resultou em excessiva umidade no solo, limitando o desenvolvimento das lavouras e mantendo água livre sobre as plantas durante quase todo o período. Essa situação beneficiou o desenvolvimento de doenças, sobretudo giberela, e não foi possível realizar os tratos culturais, especialmente para o controle e prevenção de doenças fúngicas.
A colheita foi interrompida pela dificuldade de acesso das máquinas, o que pode afetar pontualmente os resultados da safra em razão da degradação das reservas do grão em maturação fisiológica, principalmente nas áreas onde foram aplicados herbicidas para dessecação e uniformização das plantas.
Nos curtos períodos possíveis, os produtores tentaram iniciar ou retomar a colheita para minimizar as perdas. No entanto, a operação evoluiu apenas 1%. Foram relatados problemas logísticos, e algumas unidades de armazenamento impuseram restrições às cargas devido à alta umidade dos grãos, que dificultaria o processo de secagem e aumentaria o risco de desenvolvimento de fungos nas moegas.
Os primeiros resultados das colheitas realizadas em lavouras de ciclo mais curto, que permaneceram molhadas por vários dias, indicam redução no Peso Hectolitro (PH), variando entre 74 e 76 kg/hl. Já a maior parte das lavouras de ciclo mais longo ainda estão em processo de maturação (45%) e enchimento de grãos (42%), e espera-se que suas condições de rendimento e qualidade não sejam tão impactadas.
A área cultivada, conforme dados da Emater/RS-Ascar, é de 1.312.488 hectares, e a produtividade prevista permanece em 3.100 kg/ha.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, em Alegrete, a sanidade das lavouras é considerada satisfatória. Foram realizadas duas aplicações de fungicidas, e uma terceira aplicação deve ocorrer, se necessário, para proteger as plantas até a maturação. Em Itacurubi, 30% das áreas estão em fase de maturação, e há atraso no início da colheita. Em Maçambará, as lavouras com maior investimento, implantadas no final da janela do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), apresentam melhor sanidade e maior potencial produtivo em comparação com as estabelecidas entre o final de maio e junho, que estão em fase de maturação.
Em Manoel Viana, a colheita deve iniciar nos próximos dias, e há sintomas de brusone e giberela em lavouras que não receberam tratamento preventivo. Em São Borja, a colheita foi iniciada, antecipando as chuvas; 5% dos 30 mil hectares foram colhidos com boa produtividade e qualidade (PH entre 78 e 85). Na região da Campanha, 18% das lavouras atingiram a fase de enchimento de grãos; 41% em floração; e 41% entre o final do alongamento dos colmos e o espigamento. As chuvas atrasam o controle de doenças. Em Hulha Negra, estima-se redução de 10% no potencial produtivo projetado e, em Aceguá, a perda estimada é de 5%.
Na de Caxias do Sul, as chuvas, que ocorreram por cinco dias consecutivos, mantiveram a atmosfera úmida com presença de nuvens, reduzindo a luminosidade e, assim, afetando negativamente o desenvolvimento das lavouras. Também favoreceram o desenvolvimento de moléstias principalmente nas áreas em fase de florescimento.
Na de Erechim, os altos volumes de chuva ultrapassaram 200 mm, prejudicando algumas lavouras próximas à colheita. Em termos fenológicos, 15% da cultura está em fase de floração, 65% em fase de enchimento de grãos e 20% em maturação fisiológica. Os produtores aguardam para realizar a colheita, assim que as condições climáticas permitirem. Observouse um aumento na incidência de giberela e de manchas foliares nas lavouras, mas a expectativa de produtividade permanece estável, em torno de 3.600 kg/ha.
Na de Frederico Westphalen, 70% das áreas estão em fase de enchimento de grãos; 25% em maturação; e 5% colhidos. As chuvas e a alta umidade podem impactar negativamente a qualidade dos grãos. Contudo, devido ao bom desenvolvimento da cultura, que apresenta alta taxa de espiguetas férteis por metro quadrado e bom enchimento de grãos, a estimativa de produtividade se mantém em 3.500 kg/ha.
Na de Ijuí, a colheita foi interrompida, permanecendo 1% colhido. A cultura está avançando rapidamente para o estágio de maturação (37%). As condições de alta umidade ocasionaram a germinação de grãos nas espiguetas da base da espiga nas lavouras em final de ciclo. A aplicação de produtos para uniformizar a maturação não foi realizada devido à dificuldade de movimentação dos maquinários nas lavouras, pois o solo estava excessivamente úmido. Além disso, observou-se aumento dos sintomas de doenças de espiga, especialmente giberela, e infecções bacterianas nas raízes das plantas.
Na de Pelotas, 15% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 35% em fase de florescimento e 50% em enchimento de grãos. Apesar das chuvas, as expectativas de safra permanecem inalteradas.
Na de Santa Rosa, o potencial produtivo das lavouras estava elevado até o início de outubro. Após as chuvas, estima-se uma leve redução no potencial, que poderá ser mais acentuada, se as condições de alta umidade persistirem nos próximos dias. Atualmente, 24% das lavouras estão em fase de enchimento de grãos; 67% estão maduras; 10% foram colhidas; as mais recentes apresentam redução na qualidade. As chuvas também afetaram as áreas prontas para a colheita, mas há relatos de germinação em algumas lavouras. A colheita foi retomada apenas em 12/10, principalmente em variedades de ciclo mais curto.
Na de Soledade, a área em maturação aumentou para 25%, mas a maior parte da área (70%) ainda está em fase de enchimento de grãos, tornando-se bastante suscetível às doenças fúngicas. Os triticultores estão apreensivos, especialmente aqueles que não realizaram os tratamentos antifúngicos preventivos antes das chuvas. As condições climáticas são cruciais para a cultura neste final de ciclo, pois a precipitação excessiva pode impactar negativamente tanto a produtividade quanto a qualidade dos grãos.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,40%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 66,73 para R$ 67,00. O produto disponível foi cotado na Bolsa de Cereais de Cruz Alta em R$ 70,00/sc.
Confira o Informativo Conjuntural Emter/RS n° 1837 completo, clicando aqui!
Fonte: EMATER RS