Atualmente, a vassourinha-de-botão é uma das principais plantas daninhas do sistema de produção de grãos. As espécies Borreria verticillata (L.) G.Mey. (sinonímia Spermacoce verticillata), Borreria spinosa Cham. & Schltdl. (sinonímia Spermacoce spinosa) e Mitracarpus hirtus (L.) DC., são muito semelhantes, o que muitas vezes dificulta a identificação dessas plantas daninhas (Ikeda et al., 2025).
A interferência da vassourinha-de-botão na soja varia conforme a espécie, a densidade populacional e o período de convivência com a lavoura. Estima-se que, para cada planta por metro quadrado, a produtividade possa ser reduzida em 1,3% a 4,2%. Esses prejuízos se intensificam à medida que a densidade da planta daninha aumenta, podendo comprometer significativamente o rendimento da cultura (Lourenço, 2018).
Figura 1. Produtividade da soja mantida em convivência com densidades de vassourinha-de-botão durante todo ciclo. Orizona, Goiás, 2017. y = -178,25x + 3767,5 R² = 0,8618.

Além de produzir uma grande quantidade de sementes, diferentemente de espécies daninhas como a buva, a vassourinha do botão é considerada uma espécie fotoblásticas neutra, ou seja, a germinação da espécie não depende de luz, o que dificulta ainda mais o controle cultural dessa planta daninha. Nesse sentido, o emprego de herbicidas pré-emergentes (residuais) é uma das principais estratégias para reduzir os fluxos de emergência da vassourinha-de-botão.
Para o controle em pré-emergência da vassourinha-de-botão, há algumas opções registradas apenas para o controle de B. verticillata em soja, a exemplo das misturas comerciais de metribuzin + S-metolachlor, fomesafen + S-metolachlor, pyroxasulfone + flumioxazin e diclosulam + halauxifen (Ikeda et al., 2025).
Embora a eficiência dos herbicidas pré-emergentes esteja condicionada a uma série de fatores, tais como características físico-químicas do solo e condições ambientais, Ikeda et al. (2025) destacam que o uso dos pré-emergentes contribui significativamente para a redução dos fluxos de emergência da vassourinha-de-botão.
Ao verificar a eficiência de herbicidas pré-emergentes no controle de B. spinosa, os autores observaram que, pyroxasulfone + flumioxazin [120 + 80 g ha-1]) e os herbicidas com flumioxazin (flumioxazin (75 g ha-1), flumioxazin + S-metolachlor [63 + 1.260 g ha-1]), apresentaram controle excelente dessa planta daninha em solo argiloso (100% de controle) (Tabela 1). Além disso, os autores destacam que a aplicação de S-metolachlor isolado também proporcionou controle próximo a 100%, embora de forma mais lenta (aos 42 dias após a aplicação).
De acordo com Ikeda et al. (2025), o controle com S-metolachlor ocorre geralmente antes da emergência, sendo sintoma característico do herbicida em espécies de folhas largas as folhas em formato de coração. No presente estudo, os autores observaram a emergência das plântulas, mas sem o seu desenvolvimento. Já para os tratamentos com flumioxazin, houve controle total logo na primeira avaliação.
Tabela 1. Porcentagem de controle e número de plantas vaso-1 de vassourinha-de-botão (Borreria spinosa) aos 7, 14, 21, 28, 35 e 42 dias após a aplicação (DAA) de tratamentos herbicidas aplicados em pré-emergência. Sinop, MT, 2024.

Figura 2. Controle de vassourinha-de-botão (Borreria spinosa) em pré-emergência com a aplicação de atrazine (2.500 g ha-1) (A), flumioxazin (75 g ha-1) (B), flumioxazin + S-metolachlor [63+1.260 g ha-1] (C), pyroxasulfone + flumioxazin [120+80 g ha-1] (D), S-metolachlor (1.680 g ha-1) (E) e terbutilazina (1.500 g ha-1) (F) aos 21 dias após a aplicação. Sinop, MT, 2024.

O uso dos herbicidas pré-emergentes possibilita a redução dos fluxos de emergência das plantas daninhas no período inicial do desenvolvimento da lavoura, reduzindo consequentemente a pressão de controle sobre os herbicidas pós-emergentes. Ainda que varie em decorrência da espécie de planta daninha e densidade populacional, estima-se que o período anterior a interferência das plantas daninhas na cultura da soja varie entre 11 a 26 dias após a emergência (Silva et al., 2009; Franceschetti et al., 2018), contudo, o estabelecimento da cultura no limpo ainda é uma das principais estratégias para o bom estabelecimento inicial da lavoura.
Confira o estudo completo de Ikeda e colaboradores (2025) clicando aqui!
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Referências:
FRANCESCHETTI, M. B. et al. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE PLANTAS DANINHAS NA CULTURA DA SOJA. Anais da VIII Jornada de Iniciação Cientifica e Tecnológica – VIII JIC, 2018. Disponível em: < https://portaleventos.uffs.edu.br/index.php/JORNADA/article/view/8650 >, acesso em: 03/06/2025.
IKEDA, F. S. et al. MANEJO DE VARROURINHA-DE-BOTÃO (Borreria spinosa) NA SUCESSÃO SOJA-MILHO. Embrapa Agrossilvipastoril, Documentos, n. 11, 2025. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1174732/1/2025-cpamt-doc-11-fsi-manejo-vassourinha-de-botao-sucessao-soja-milho.pdf >, acesso em: 03/06/2025.
LOURENÇO, M. F. C. MANEJO QUÍMICO DE VASSOURINHA-DE-BOTÃO (Spermacoce sp.) NA CULTURA DA SOJA. Dissertação de Mestrado, Instituto Federal Goiano Campus Urutaí, 2018. Disponível em: < https://sistemas.ifgoiano.edu.br/sgcursos/uploads/anexos_1/2019-02-06-11-32-38MARCOS%20FELIPE%20DE%20CASTRO%20LOUREN%C3%87O.pdf >, acesso em: 03/06/2025.
SILVA, A. F. et al. PERÍODO ANTERIOR À INTERFERÊNCIA NA CULTURA DA SOJA-RR EM CONDIÇÕES DE BAIXA, MÉDIA E ALTA INFESTAÇÃO. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 27, n. 1, p. 57-66, 2009. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/BBHnkvPVDYTZ7BhqN3WxgFv/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 03/06/2025.