Assim como para as demais culturas agrícolas, o manejo da fertilidade do solo é de suma importância para a obtenção de altas produtividades de trigo, sendo o nitrogênio (N) um dos nutrientes mais importantes para a cultura. O trigo é altamente responsivo a adubação nitrogenada, sendo tradicionalmente recomendado o fracionamento dessa adubação durante os períodos de semeadura (adubação de base), afilhamento e alongamento do colmo (adubação de cobertura) (De Bona; De Mori, Wiethölter., 2016).

Figura 1. Manejo nutricional na cultura do trigo.

Fonte: De Bona; De Mori, Wiethölter.(2016).

 A quantidade de fertilizante nitrogenado fornecido ao sistema de produção pode variar de acordo com a fonte de nitrogênio, a recomendação técnica com base na análise da fertilidade do solo e a expectativa de produtividade da cultura. Em algumas situações em que se trabalha com elevadas doses, o fracionamento em mais de duas aplicações de cobertura pode ser realizado.

A realização de uma terceira dose de N no espigamento do trigo tem como objetivo o reforço na adubação nitrogenada, aumentando o teor de proteínas dos grãos, prática empregada em muitos países onde a proteína estabelece o critério de comercialização. Aplicação tardia de N em cobertura, após a fase de emborrachamento, geralmente não afeta o rendimento de grãos, mas pode aumentar o teor de proteína no grão (Embrapa, 2014).

Além da definição do momento de aplicação e dose de nitrogênio na cultura do trigo, Tiago Hörbe, Pesquisador da CCGL, destaca que é essencial observar as possíveis perdas de nitrogênio no campo, dando atenção especial para as condições ambientais no momento de aplicação. Dentre as possíveis perdas de nitrogênio no sistema podemos destacar a perda por escoamento superficial, volatilização e lixiviação do N.



Para reduzir as perdas da adubação nitrogenada, é preciso levar em consideração fatores como textura do solo, presença ou ausência de restos culturais, umidade do solo, possibilidade de chuvas e a fonte de N. As perdas por volatilização são maiores com ureia do que com fontes amoniacais ou nítricas, principalmente se o solo estiver úmido e não chover em seguida. Quando a fonte de N é a ureia, as perdas são maiores quando a aplicação ocorre em solo úmido e não ocorre chuva nos dias seguintes, já quando a ureia é aplicada em solo seco (em cobertura) e posteriormente chove, as perdas são menores (Souza, 2018).

Hörbe destaca que para minimizar as perdas de nitrogênio na adubação nitrogenada é importante atentar para as condições climáticas na aplicação e posteriormente a ela, assim como a realização do fracionamento do N e o monitoramento das possíveis perdas, podendo assim, compensar o N perdido em adubações futuras. Além da conhecida perda de nitrogênio por volatilização, chuvas torrenciais podem causar o escoamento superficial no fertilizante, reduzindo sua concentração na superfície do solo.

Outra perda conhecida é a lixiviação, que conforme destacado por Sangoi et al. (2003) é uma das principais causas da perda de N no solo, e que nada mais é, do que a passagem do nitrato da solução do solo das camadas superficiais para as camadas mais profundas do perfil, ficando inexplorado pelo sistema radicular do trigo.


Veja mais: Nitrogênio no Trigo – Quando aplicar?


Confira o vídeo abaixo com as dicas do Pesquisador da CCGL Tiago Hörbe.


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Referências:

DE BONA, F. D.; DE MORI, C.; WIETHÖLTER, S. MANEJO NUTRICIONAL DA CULTURA DO TRIGO. Informações Agronômicas, n. 154, IPNI, 2016. Disponível em: < http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/47520FE3CAA3AEF183257FE70048CC16/$FILE/Page1-16-154.pdf >, acesso em: 30/07/2021.

EMBRAPA. INFLUÊNCIA DO NITROGÊNIO NA QUALIDADE DO TRIGO. EMBRAPA: NEWS, 2014. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/2085244/influencia-do-nitrogenio-na-qualidade-do-trigo >, acesso em: 30/07/2021.

SANGOI, L.et al. LIXIVIAÇÃO DE NITROGÊNIO AFETADA PELA FORMA DE APLICAÇÃO DA URÉIA E MANEJO DOS RESTOS CULTURAIS DE AVEIA EM DOIS SOLOS COM TEXTURAS CONTRASTANTES. Ciência Rural, v. 33, n. 1, jan-fev, 2003. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/cr/a/J6ztdjBwxXsZ5BfYfvVWCXw/?lang=pt >, acesso em: 30/07/2021.

SOUZA, L. O GUIA COMPLETO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA PARA ALTAS PRODUTIVIDADES. Instituto Agro: Excelência no Agronegócio, 2018. Disponível em: < https://institutoagro.com.br/adubacao-nitrogenada/ >, acesso em: 30/07/2021.

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