As cotações do trigo, no embalo do milho, subiram fortemente durante a semana, atingindo a patamares que não eram vistos desde a terceira semana de fevereiro passado. O fechamento desta quinta-feira (23) acabou cedendo um pouco ao ficar em US$ 4,70/bushel, contra US$ 4,67 uma semana antes.
O clima ruim nos EUA também está atrasando o plantio do trigo de primavera naquele país, além de ameaçar a qualidade das lavouras de inverno.
Soma-se a isso a melhoria da demanda pelo trigo estadunidense. As inspeções de exportação somaram 757.704 toneladas na semana encerrada em 16/05, contra uma expectativa de 500.000 toneladas feita pelo mercado. Na semana anterior o volume havia sido de 878.299 toneladas. Em igual momento do ano passado o total inspecionado atingia a apenas 349.742 toneladas.
Já as vendas líquidas de trigo, para o ano comercial 2018/19, somaram 114.500 toneladas na semana encerrada em 9 de maio. Isso representa 52% abaixo da média das quatro semanas anteriores. Para o ano 2019/20 o volume atingiu a 419.400 toneladas, ficando dentro do esperado pelo mercado.
Quanto as condições das lavouras de trigo de inverno o USDA informou que até o dia 19/05 as mesmas estavam em 66% entre boas a excelentes, 26% regulares e 8% entre ruins a muito ruins. Já o plantio do trigo de primavera, na mesma data, atingia a 70% da área esperada, contra 80% na média histórica para a data
E no Mercosul a tonelada Fob para exportação permaneceu entre US$ 215,00 e US$ 220,00 na compra, com a safra nova argentina cotada a US$ 180,00.
Por sua vez, no Brasil o mercado do trigo se manteve estável. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 40,52/saco, enquanto os lotes continuaram em R$ 48,00 na referência. Já no Paraná, o balcão oscilou entre R$ 44,00 e R$ 46,50/saco, enquanto os lotes ficaram entre R$ 54,00 e R$ 54,60/saco. Em Santa Catarina, o balcão se manteve entre R$ 41,00 e R$ 42,00, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, ficaram em R$ 51,00/saco.
Por enquanto, o clima colabora com a nova safra, especialmente no Paraná. No Rio Grande do Sul, as chuvas da última semana atrasaram o plantio, porém, ainda sem causar preocupações. Este plantio, no Estado gaúcho, apenas está iniciando.
Por sua vez, no Paraná, o plantio já alcançava 60% da área esperada no início da presente semana, com as condições das lavouras muito boas. Neste sentido, 96% delas estavam em boas condições e somente 4% em condições regulares. Quanto ao desenvolvimento das mesmas, 37% em germinação e 63% em desenvolvimento vegetativo.
Pelo lado da comercialização, o processo continua lento, sem liquidez devido a escassez de produto nacional disponível. Com a elevação do câmbio para níveis próximos de R$ 4,10 por dólar, as importações de trigo ficaram mais caras, retraindo os moinhos, os quais ainda estão bem abastecidos. Essa questão cambial, se perdurar, pode elevar os preços do trigo nacional quando da nova colheita, a partir de setembro.
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Fonte: Informativo CEEMA UNJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1) e de Jaciele Moreira (2).
1 – Professor do DACEC/UNIJUI, doutor em economia internacional pela EHESS de Paris França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA.
2- Analista do Laboratório de Economia da UNIJUI, bacharel em economia pela UNIJUÍ, Tecnóloga em Processos Gerenciais – UNIJUÍ e aluna do MBA – Finanças e Mercados de Capitais – UNIJUÍ e ADM – Administração UNIJUÍ.