No meio agrícola, existem um falso entendimento que todo fungicida multissítio é protetor. Entretanto, dependendo da situação, essa premissa não é válida, tão pouco correta. Com base em seu espectro de ação, um fungicida pode ser multissítio ou sítio-específico.
Fungicidas sítio-específicos são ativos apenas contra um único ponto da via metabólica de um patógeno ou uma única enzima ou proteína necessária para o fungo (Godoy et al., 2020). Já fungicidas multissítios por sua vez, afetam diferentes pontos metabólicos do fungo.
Figura 1. Alguns locais de ação de fungicidas na célula do fungo.
Os fungicidas multissítios são muito empregados no manejo da resistência de doenças a fungicidas, visto que a seletividade dos fungicidas sítio-específicos, pode resultar no desenvolvimento de resistência por parte do patógeno caso o uso desses fungicidas seja frequente. Logo, gerenciar o uso de fungicidas, sejam eles multissítios ou sítio-específicos é de suma importância para o manejo da resistência de doenças em plantas, sendo um componente crítico para retardar o desenvolvimento de populações resistentes, pela pressão de seleção exercida pela aplicação de fungicidas (FRAC-BR, 2022).
Mas por que se convencionou que todo fungicidas multissítios é protetor?
De maneira geral, pode-se dizer que a ação protetora de um fungicida, seja ele multissítio ou sítio-específico está condicionada ao momento de aplicação (antes ou depois da infecção do patógeno). Logo, quando aplicado antes da infecção do patógeno, tanto fungicidas multissítios quando sítio-específicos podem atuar como protetores “protegendo a planta contra a doença”.
Normalmente se relaciona fungicidas multissítios a ação protetora em virtude do posicionamento deles na cultura, comumente empregados de forma preventiva a ocorrência das doenças, contribuindo para a “proteção das plantas”. Contudo, quando aplicado de forma preventiva, até mesmo um fungicida sítio-específico pode atuar como protetor, desde que aplicado antes da infecção. Da mesma forma, um fungicida multissítio aplicado após a infeção do patógeno na planta, não atua como protetor.
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Veja mais: Eficiência de fungicidas multissítios e produto biológico no controle da ferrugem-asiática da soja
Referências:
FRAC-BR. CULTURAS: IMPORTANTE: NOVAS RECOMENDAÇÕES PARA O MANEJO DA FERRUGEM ASIÁTICA DA SOJA. Comitê de Ação A Resistência a Fungicidas, 2022. Disponível em: < https://www.frac-br.org/soja >, acesso em: 07/12/2022.
GODOY, C. V. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS MULTISSÍTIOS NO CONTROLE DA FERRUGEM-ASIÁTICA DA SOJA, Phakopsora pachyrhizi, NA SAFRA 2019/2020: RESULTADOS SUMARIZADOS DOS EXPERIMENTOS COOPERATIVOS. Embrapa, Circular Técnica, n. 161, 2020. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/215604/1/CT-161-OL.pdf >, acesso em: 07/12/2022.
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