Autores: João Paulo Hubner¹; Antônio Augusto Pinto Rossatto¹; Gabriela Benini¹; Leonardo Seibel Sander¹; Tharles Garbin¹; Daniel Uhry²; Juliano Dalcin Martins³

Introdução 

A intensificação dos sistemas de produção agrícola e a evolução das técnicas de manejo das culturas e do solo foram estratégias evolutivas fundamentais no decorrer dos anos. A evolução da agricultura reconfigurou as formas de produção agrícola, e atualmente, usufruímos de ferramentas, equipamentos, métodos e estratégias de cultivo, de tal forma que possamos utilizá-las conforme suas necessidades, visando uma produção ecologicamente sustentável e economicamente viável.

Com o incremento das áreas agrícolas e da consolidação do Sistema de Plantio Direto (SPD), há maior preocupação com os problemas relacionados à compactação do solo resultante das operações mecanizadas, aliado ao menor revolvimento e maior umidade do solo, esta que se tornou a principal forma de degradação dos solos agrícolas (Silva & Cabeda, 2006). Os gargalos deste sistema, limitam consideravelmente a produtividades das culturas agrícolas, e as principais causas são resultantes da utilização do SPD de forma imparcial, aliado ao tráfego intenso de máquinas e implementos agrícolas (Neto et al., 2007). Para isso, o uso de plantas de cobertura é uma das alternativas disponíveis para mitigar áreas com problemas de compactação do solo.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do tráfego de trator agrícola na densidade do solo, bem como verificar as possíveis alterações da cultura do nabo forrageiro e da aveia preta no solo após o seu cultivo.

Material e Métodos

O experimento foi conduzido na área experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus Ibirubá, na região fisiográfica do Planalto Médio, no município de Ibirubá (RS). Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, adaptado por Moreno (1961), o clima é subtropical Cfa. O solo é do tipo Latossolo Vermelho Distroférico, com 58%, 17% e 25% de argila, silte e areia, respectivamente.

O experimento foi conduzido em Delineamento de Blocos Casualizados (DBC), com 6 tratamentos e 4 repetições, e duas culturas, as quais foram Nabo forrageiro (Raphanus sativus) e Aveia preta (Avena sativa). Os tratamentos foram constituídos em função do tráfego proposital de um trator agrícola nas unidades experimentais, assim distribuídos: T0= 0 passadas (p); T1= 1 p; T3= 3 p; T5= 5 p; T7= 7 p e; T9= 9 p.

A aplicação dos tratamentos foi realizada com solo sob condições friáveis com 25% de umidade na determinação de umidade gravimétrica. O trator agrícola utilizado, foi da marca Valtra; Linha: BM 125i; Modelo AGCO POWER 420DSA; Potência: 132 cv; Massa: 5.720 Kg. A velocidade de deslocamento do trator foi de 0,6 m/s (2,16 km/h).

Após a passagem do trator, realizou-se a semeadura do nabo forrageiro e da aveia preta, utilizando semeadora adubadora, com 20 linhas espaçadas a 0,17 metros. Para a cultura do Nabo e da Aveia foram utilizados 20 Kg e 78 Kg de sementes por hectare respectivamente, e não realizou-se nenhum tipo de adubação na linha e a lanço.

A avaliação de densidade do solo foi realizada em duas etapas: após a semeadura das culturas e, após 40 dias o pleno florescimento das culturas, quando estas foram dessecadas. A coleta foi realizada no local onde houve o tráfego do trator agrícola nas unidades experimentais, através do método do cilindro volumétrico descrito por Teixeira et al. (2017). Foram coletadas amostras de solo na camada 0 a 20 cm do solo, com estratificação a cada 5 cm de profundidade (0 a 5 cm, 5 a 10 cm, 10 a 15 cm e 15 a 20 cm). A determinação da densidade foi estimada por meio da formula matemática: Ds (g/cm³) = Massa (g) / Volume (cm³).

Os resultados obtidos foram submetidos a análise de regressão através do software Sisvar.



Resultados e Discussão 

A intensificação do número de passadas do trator não apresentou diferença significativa na alteração da densidade do solo para todas as profundidades estudadas. Conforme apresentado na figura 1, como não houve diferença estatística, os gráficos de regressão não puderam demostrar uma equação ajustada para as variáveis, resultando em valores de R² baixos. Sendo assim, apesar do efeito não ser significativo entre os tratamentos, houve um pequeno efeito linear do número de passadas do trator na alteração da densidade do solo nas camadas superficiais. Resultados semelhantes foram encontrados por Cortez et al. (2014).

Alguns trabalhos não corroboram com os dados desta pesquisa, entre eles o trabalho de Cunha et al. (2009). Nesta pesquisa houve um preparo inicial de revolvimento do solo em profundidade, e consequentemente, quanto maior o revolvimento e pulverização do solo pela ação dos implementos mecânicos, maior a predisposição do solo em compactar quando submetido a forças de compressão sobre as partículas do solo.

Após o cultivo de nabo forrageiro e aveia preta, houve redução da densidade do solo nas camadas superficiais analisadas, restringindo este efeito para camadas mais profundas do solo. As alterações na densidade do solo são justificadas pela ação do sistema radicular das plantas cultivadas nas diferentes profundidades. Apesar de apresentarem característica distintas de sistemas radicular, o nabo (raiz pivotante) e a aveia (raiz fasciculada), apresentaram efeitos semelhantes na descompactação do solo nas camadas superficiais. Resultados semelhantes foram encontrados por Nicoloso et al. (2008).

Conclusão 

A intensificação do tráfego de trator agrícola aumentou a densidade do solo nas camadas 0-5 cm e 5-10 cm de maneira crescente, apesar de não apresentar significância pela análise de regressão nas condições de solo pré-estabelecidas neste estudo.

O efeito do tráfego do trator não alterou a densidade do solo abaixo de 10 cm de profundidade em função dos tratamentos.

Ambas as culturas estudadas possuem potencial para descompactar o solo e reduzir sua densidade nas profundidades 0-5 cm e 5-10 cm, sem diferirem entre si, efeito este que é reduzido conforme aumenta-se a profundidade do solo.

Referências 

CORTEZ, J. W.; OLSZEVSKI, N.; PIMENTA, W. A.; FILHO, A. P. P.; SOUZA, E. B.; NAGAHAMA, H. J. Avaliação da intensidade de tráfego de tratores em alguns atributos físicos de um argissolo amarelo. Rev. Bras. Ciênc. Solo vol.38 no.3 Viçosa May/June 2014.

CUNHA, J. P. A. R.; CASCÃO, V. N.; REIS, E. F. Compactação causada pelo tráfego de trator
em diferentes manejos de solo. Acta Sci., Agron. vol.31 no.3 Maringá July./Sept. 2009. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-86212009000300001#tab03>.

MORENO, S. A. Clima do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretária da Agricultura, Secção de Geografia, 1961. 38p.

NETTO, O. C. P.; GUIMARÃES, M. F.; RALISCH, R.; FONSECA, I. C. B. Análise do tempo de consolidação do sistema de plantio direto. Rev. bras. eng. agríc. ambient. vol.11 no.5 Campina Grande Sept./Oct. 2007.

NICOLOSO, R. S.; AMADO, T. J. C.; SCHNEIDER, S.; LANZANOVA, M. E.; GIRARDELLO, V. C.; BRAGAGNOLO, J. Eficiência da escarificação mecânica e biológica na melhoria dos atributos físicos de um latossolo muito argiloso e no incremento do rendimento de soja. Rev. Bras. Ciênc. Solo vol.32 no.4 Viçosa July/Aug. 2008. Disponível em: < https://www.scielo.br/scielo.phppid=S010006832008000400037&script=sci_arttext&tlng=pt>

SILVA, A. J. N.; CABEDA, M. S. V. Compactação e compressibilidade do solo sob sistemas de manejo e níveis de umidade. R. Bras. Ci. Solo, 30:921-930, 2006. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbcs/v30n6/a01v30n6.pdf>.

TEIXEIRA, P C.; DONAGEMMA, G. K.; FONTANA, A.; TEIXEIRA, W. G. Manual de Métodos de Análise de Solo. – 3. ed. rev. e ampl. – Brasília, DF : Embrapa, 2017. 574 p. : il. color.

Informações sobre os Autores:

¹ Acadêmico do Curso de Agronomia, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Ibirubá (IFRS), Ibirubá/RS. E-mail: joaopaulo.hubner@hotmail.com; antonio_rossatto@hotmail.com; gaby_benini@hotmail.com; leonardo.sander@ibiruba.ifrs.edu.br
² Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Ibirubá (IFRS), Ibirubá/RS. E-mail: danieluhry@ibiruba.ifrs.edu.br
³ Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) – Santa Maria/RS. E-mail:
julianodalcinmartins@gmail.com

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