As fortes chuvas ocorridas desde o último fim de semana nos três estados do Sul causaram, sim, impactos sobre as lavouras de trigo. O principal fenômeno foi o acamamento. Os episódios de granizo foram localizados, mas as chuvas fortes também podem ter feito subir o teor de umidade dos grãos e causado possivelmente algum dano.

Mas, isto só será possível quantificar na colheita, que ainda é incipiente no RS, embora já tenha passado dos 90% no PR. Neste estado, da metade para cima praticamente todo o trigo já está colhido, havendo trabalhos de colheita apenas ao sul da BR 277, onde estão sendo pesquisados os efeitos das chuvas.

As informações já recebidas do interior registram que, em Irati, no centro sul do estado, a manhã ensolarada e temperatura de 19°C. Semana com ocorrência de chuvas (35,5 mm) acompanhadas de granizo e ventos fortes, em toda a região. Previsão para o período de tempo e temperatura máxima de 28°C. As chuvas ocorridas na semana ocasionaram acamamento das culturas de inverno e também a ocorrência de granizo causou prejuízos em cultivos de hortaliças, tabaco e feijão.

Na região de Campo Mourão, centro norte do estado, o dia iniciou com boa insolação, após ocorrência de precipitações no final de semana, com repetição no dia de ontem, quando ocorreram também ventos fortes e granizo em pontos localizados, porém não causando danos expressivos na agricultura.

Na região de Guarapuava, centro-sul do estado, nas áreas de culturas de inverno, trigo e cevada principalmente, a preocupação é com o acamamento das lavouras, prejudicando a colheita, pois estas culturas estão em ponto de colheita, o que pode agravar a qualidade da mesma, mas, de modo geral, não deve reduzir a produção esperada, pois as ocorrências foram em poucos pontos e localizados.

No Rio Grande do Sul, a pesquisa não registrou (ainda) danos conhecidos, “mas que houve, houve!”, nos disse um corretor local. Outro agente nos informou que “já começou a aparecer trigos com algum problema de qualidade por causa das chuvas, nada para se assustar ainda, mas alguma coisa já começou a estragar, o que poderia causar cancelamentos de vendas para outros estados devido a problemas de qualidade”.

Estima-se que foram feitas vendas ao redor de 150 mil toneladas para fora do estado até o momento, devendo chegar a “250 mil tons, no máximo, até 20/12”, segundo fontes locais. Mas, todos disseram que é preciso esperar o final da colheita para se apurar a real situação do trigo gaúcho, no que concordamos.

A preocupação do mercado é com os 58% das lavouras que estão em estado de maturação (que podem rebrotar ou sofrer acamação ou ter excesso de umidade e sofrer giberela/fusarium) e os 25% em estado de enchimento de grãos (para estes, as chuvas são ótimas). Além disso, as chuvas continuam e a programação é por muitos dias ainda. Então, é preciso esperar. O estado tinha colhido apenas 16% até uma semana atrás e não deve ter avançado muito mais, justamente devido às chuvas. E o que ficar no campo está sujeito a danos.

O Rio Grande do Sul é o estado que vinha tendo o melhor desempenho no trigo nesta safra, tanto no que se refere ao volume, que não deverá ser de 1,98 MT como diz a Conab, mas de 2,14 MT, como apuramos no início deste mês e de trigos até agora de excelente qualidade. Com isto, geraria uma disponibilidade para outros estados/exportação ao redor de 800 mil toneladas, das quais aproximadamente 100 mil tons já foram comprometidas com a exportação e umas 150 mil tons para fora do estado.

Fonte: T&F Agroeconômica


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