As cotações do milho, em Chicago, por enquanto, se consolidaram abaixo dos US$ 6,00/bushel, tendo mesmo alcançado, no dia 19/04, a US$ 5,54. Posteriormente o mercado reagiu, na esteira de um clima mais seco nos EUA, para fechar a quinta-feira (25) em US$ 5,90/bushel, contra US$ 5,55 uma semana antes.
No curto prazo, o clima mais seco é favorável ao avanço do plantio nos EUA, o qual atingiu a 81% da área no dia 21/05, contra a média histórica de 75% para a data. Ao mesmo tempo, 52% da área semeada já havia germinado, contra 45% na média histórica. No médio e longo prazo, em a redução das chuvas continuando, poderá gerar problemas para a produção final do cereal naquele país. Não esquecendo que estamos em pleno “mercado do clima” naquele país, fato que alimenta especulações de toda ordem.
E aqui no Brasil, os preços continuram em recuo. A média gaúcha fechou a semana em R$ 56,59/saco, enquanto as principais praças do Estado negociaram o produto a R$ 52,00. Já no restante do país, as principais praças indicaram valores oscilando entre apenas R$ 41,00 e R$ 53,00/saco. Os negócios, tanto no mercado interno quanto na exportação, continuam fracos.
Já na B3 o quadro é igualmente baixista. Para comparação, no pregão do dia 24 (quarta-feira), o vencimento julho operou à R$ 55,18/saco; setembro à R$ 58,53; novembro à R$ 60,60 e janeiro/24 à R$ 63,15/saco.
Dito isso, as primeiras colheitas da segunda safra tiveram início no país. No Mato Grosso, 0,16% da área havia sido colhida até o início da presente semana. A tendência é que a mesma se intensifique a partir de agora. Das lavouras a serem colhidas, 89,4% estão em fase de florescimento e polinização, com menos de 11% do total em fase de alta exigência hídrica. (cf. Imea)
Afora isso, o Imea informou que os custos de produção do milho de alta tecnologia, já para a safra 2023/24, apresentaram um recuo de 0,7% no seu custeio entre março e abril passados. “Essa retração se deu devido à diminuição nos custos com fertilizantes, de 1,79%, e operações mecanizadas, de 1,7%”. Com isso, o Custo Operacional Total ficou estimado em R$ 5.114,26/hectare, o que torna necessário a comercialização do milho à um preço médio de R$ 48,42/saco, para se obter rentabilidade. Por enquanto não é o caso, pois o preço médio registrado em abril/23, no Mato Grosso, foi de R$ 47,28/saco. Lembrando que, em regiões como a de Campo Novo do Parecis, os preços atuais são de apenas R$ 41,00/saco.
Assim, “considerando esse cenário de preços abaixo do ponto de equilíbrio, seria necessário que o rendimento da safra atingisse, pelo menos, 108,2 sacos/ha para que um produtor modal consiga cobrir seus custos.” (cf. Imea)
Se nada mudar, os produtores mato-grossenses poderão ter margens negativas na segunda safra de milho deste ano, o que pode impactar o plantio em 2024. Enfim, as exportações brasileiras de milho estão muito lentas, contrariando as expectativas. Nos primeiros 14 dias úteis de maio o volume exportado ficou em 149.999 toneladas, ou seja, apenas 13,8% do registrado em todo o mês de maio de 2022. Assim, a média diária de embarques ficou 78,3% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado. (cf. Secex) Ora, este comportamento preocupa o mercado, pois o país precisa exportar ao redor de 50 milhões de toneladas, neste ano comercial, para aliviar a pressão baixista que chega com a safrinha recorde que teremos. (cf. StoneX)
Neste sentido, nova estimativa para a safrinha dá conta de uma colheita de 102,4 milhões de toneladas neste ano (cf. Agroconsult), apesar de o Paraná anunciar preocupações com as poucas chuvas que atualmente ocorrem sobre suas regiões produtoras da segunda safra do cereal. A região Sul daquele Estado teria sido afetada pela falta de chuvas nesta última semana, o que já teria prejudicado a safrinha, pois ali o milho está em fase de formação de grãos. (cf. Deral)
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).
