A dessecação em pré-colheita da soja é uma prática realizada por muitos agricultores que visa proporcionar principalmente a uniformidade da lavoura e antecipação da colheita, entretanto, a prática ainda divide opiniões quando a suas vantagens e desvantagens. Isso porque em alguns casos, quando realizada de forma inadequada, em período incorreto, a dessecação em pré-colheita da soja pode inclusive reduzir a produtividade da cultura.
Contudo, conforme observado por Araujo et al. (2018), avaliando a influência dos períodos de dessecação da soja na germinação e componentes de rendimento, quando a dessecação da soja é realizada em R 7.2, não são observadas perdas quantitativas da produção em comparação a soja não dessecada, além disso, os autores observaram efeito negativo da dessecação sobre a qualidades fisiológica das sementes de soja quando a dessecação ocorreu antes do estádio R 7.2.
Conforme observado por Cruz & Carvalho (2019), avaliando o efeito da dessecação na qualidade fisiológica e produtividade da cultura da soja, a dessecação um pouco mais tardia (em R 8.1, momento em que as plantas apresentam 50% de desfolha), pode inclusive beneficiar a produtividade da soja, visto que no estudo conduzido pelos autores, o ponto de máxima produtividade foi obtido no estádio fenológico R.8.1 + 5 dias, onde se obteve 5,475 Mg ha-1 (Cruz & Carvalho, 2019).
Figura 1. Produtividade em função da aplicação de dessecantes em diferentes estádios fenológicos da soja. PM: ponto de máximo.

Mas e com relação a quantidade de óleo e proteína, a dessecação em pré-colheita interfere?
Embora pouco se tenha discutido sobre isso, em vídeo o pesquisador e professor Marcelo Madalosso apresenta alguns resultados de pesquisa que demonstram a influência da dessecação em pré-colheita da soja sobre a o teor de proteína e óleo nos grãos/sementes. Conforme os dados apresentados por Madalosso, a dessecação da soja em pré-colheita não interferiu no teor de óleo e proteína dos grãos ou sementes de soja dessecados em comparação a testemunha (não dessecada).
Figura 2. Teor de proteína e óleo de grãos/sementes de soja em função da dessecação ou não em pré-colheita da soja.

Ou seja, “o fato de dessecar ou não dessecar não esta interferindo na quantidade de óleo e proteína desse grão”. Embora haja a necessidade de maiores estudos, o fato transmite maior segurança com relação a prática de dessecação da soja, pelo menos do ponto de vista da interferência nesses componentes.
Veja mais: Dessecação da soja para colheita! Quando e por que fazer?
Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições do pesquisador e professor Marcelo Madalosso.
Inscreva-se agora no canal do Madalosso clicando aqui!
Referências:
ARAUJO, D. L. et al. INFLUÊNCIA DOS PERÍODOS DE DESSECAÇÃO DA SOJA NA GERMINAÇÃO E COMPONENTES DE RENDIMENTO. Rev. Bras. Cienc. Agrar., Recife, v.13, n.4, e5584, 2018. Disponível em: < http://www.agraria.pro.br/ojs-2.4.6/index.php?journal=agraria&page=article&op=view&path%5B%5D=agraria_v13i4a5584&path%5B%5D=5109 >, acesso em: 07/06/2021.
CRUZ, L. P.; CARVALHO, T. C. EFEITO DA DESSECAÇÃO NA QUALIDADE FISIOLÓGICA E NA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DA SOJA. Revista Cultivando o Saber, n. 2, p. 206-223, 2019. Disponível em: < https://www.fag.edu.br/upload/revista/cultivando_o_saber/5d444dbb19cd8.pdf >, acesso em: 07/06/2021.