Não é verdadeira a afirmação de que a implantação da calendarização, que reduz a janela
de semeadura, foi realizada sem pesquisas ou justificativas técnicas e serve a interesses
comerciais.

Desde de 2003/04, o Consórcio Antiferrugem realiza os ensaios de eficácia dos fungicidas, estes que permitiram acompanhar a queda de eficiência dos fungicidas. o Consórcio Antiferrugem é formado por diversos cientistas distribuídos em todo o país, inclusive no Mato Grosso.


Por que foi adotado o vazio sanitário e somente agora
se propõe a calendarização?


Esses dados de eficácia são complementados pelos bioensaios e análises moleculares do fungo realizados pelas empresas, e têm permitido acompanhar as mudanças do fungo ao longo dos anos. Quando o Consórcio propôs diversas medidas, entre elas a redução da janela de semeadura para reduzir o número de aplicações e também a pressão de seleção na reunião de 2013/14, foi em função da redução de eficiência das estrobilurinas e da entrada das carboxamidas no mercado. A redução do número de aplicações é uma estratégia antirresistência conhecida e recomendada em qualquer patossistema.

Nem todos os Estados adotaram a redução da janela de semeadura conforme recomendado, e o fato dos primeiros isolados menos sensíveis a carboxamidas terem sido observados nos estados que não adotaram, ao invés do Cerrado que adotou de imediato, mostra que a estratégia foi eficiente. Mas, como as mutações tendem a se uniformizar pela disseminação do fungo pelo vento, nas safras seguintes, os mutantes menos sensíveis a carboxamidas, começaram a ser encontrados nos monitoramentos nas demais regiões. No Sul, onde a janela foi implantada por último, foi onde a mutação i86F foi detectada inicialmente em maior frequência. Existem mais de 23 mutações que ainda podem ocorrer para carboxamidas e, por isso, ainda se insiste na redução do número de aplicações ao longo da safra para reduzir pressão de seleção para resistência.


Não é só a ferrugem-asiática!!


As pesquisas são claras ao mostrar a evolução do fungo, bem como a redução de eficiência do fungicidas. É para isso que medidas vêm sendo propostas. A janela de semeadura é uma delas. A força tarefa para a aprovação das misturas em tanque também fez parte das propostas dessa reunião do Consórcio, com moção encaminhada ao MAPA.

É sabido que nenhuma dessas medidas vai frear a evolução, mas é uma tentativa de atrasar um processo que vem ocorrendo de forma muita rápida e, com isso, dar chance para que novas ferramentas cheguem ao mercado, com o objetivo de ajudar o produtor a manter a estabilidade de produção.

Nunca houve objeções para realizar pesquisas que venham a beneficiar os agricultores. Investimentos vêm sendo feitos em variedades com genes de resistência, mas essas apresentam a mesma limitação dos fungicidas, sendo facilmente vencidas pelo fungo.

O que não se pode concordar é com a pesquisa para o manejo da forma como está sendo proposta, aumentando o risco fitossanitário pelo mero de benefício de alguns poucos. Não é preciso realizar pesquisas específicas para apurar o que já é sabido: a ponte verde representa um problema.


Este post faz parte de documento elaborado pela Andef, Sindiveg, AgroBio Brasil CIB, Abrass, Abrasem, Braspov, Fundação MT, Consórcio Anti Ferrugem e CESB, com apoio do FRAC, IRAC e HRAC. Acesse o documento completo aqui.

Se você concorda com a posição destas instituições, acesse e confira o Manifesto em favor da sustentabilidade de sojicultura Brasileira aqui.


Confira a posição do pesquisador Décio Gazzoni da Embrapa – Soja.


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