Entenda sobre os herbicidas inibidores da GS e saiba como utilizá-los da forma mais eficaz na sua lavoura!
Hoje vamos abordar outro grupo de herbicidas de grande relevância para as lavouras brasileiras!
Vamos falar sobre os herbicidas Inibidores da GS, o herbicida que representa este grupo é o glufosinate.
Vamos ver abaixo as principais características deste mecanismo de ação.
Principais características do glufosinato
- Herbicida de amplo espectro de controle de plantas daninhas;
- Classificado como herbicida de contato;
- Este mecanismo de ação é representado pelo glufosinato, cujo grupo químico é o ácido fosfínico;
- Classificado como herbicida não seletivo;
- Absorção foliar;
- Translocação limitada;
- Usado em pós-emergência das plantas daninhas;
- Solubilidade em água de 1.370 g L-1;
- PKa: < 2;
- Persistência no solo: 7 a 20 dias;
- Pouco adsorvido pelos colóides do solo e altamente móvel;
- Rápida degradação no solo por ação microbiana;
- Registrado no Brasil para o controle eficiente das plantas daninhas em jato dirigido ou em pré-semeadura da cultura;
- Recomendado para diversas culturas: frutíferas, olerícolas, culturas anuais, café e eucalipto.
- Utilizado na dessecação para o plantio direto e para antecipar colheita de feijão, batata e soja.
Veja também: Mecanismos de ação de herbicidas
A tabela abaixo foi feita com base no Guia de Herbicidas (2018). Ela contém todas as culturas com registro de uso para o glufosinate.
Para saber a modalidade de aplicação consulte a bula ou o guia, pois lembrem que a seletividade pode ser determinada pelo posicionamento em jato dirigido, em outras o uso é indicado para dessecação.
Grupo químico | Ingrediente ativo | Culturas |
Ácidos fosfínicos
Grupo H |
glufosinate | alface, algodão, banana, batata, café, cana-de-açúcar, citros, eucalipto, feijão, maçã, milho, nectarina, pêssego, repolho, soja, trigo e uva |
Fonte: Guia de Herbicidas.
Agora que já vimos as principais características e em quais culturas esse mecanismo de ação tem registro, vamos entender como acontece o controle das plantas daninhas.
Como acontece o controle nas plantas suscetíveis?
O herbicida glufosinate inibe uma enzima chamada glutamina sintetase (GS);
Essa enzima é muito importante na assimilação de nitrogênio pelas plantas;
A enzima GS inicia a rota metabólica que incorpora o nitrogênio inorgânico (absorvido pelas plantas) e disponibiliza para a planta a forma orgânica;
Assim, o nitrogênio inorgânico absorvido pelas raízes na forma de nítrica é transformado (reduzido) para a forma amoniacal (NH4+) por meio de uma enzima chamada de nitrito redutase;
Então esse nitrogênio reduzido é transformado, pela enzima glutamina sintetase (GS), para a forma orgânica, chamada de glutamina, esta sim é acessível para as plantas;
Outra importante função da enzima glutamina sintetase é a detoxificação do amônio, pois este em concentrações elevadas é tóxico para as plantas.
Em resumo, quando aplicamos o glufosinate, ocorre a inibição da enzima glutamina sintetase (GS), consequentemente não há mais transformação de nitrogênio orgânico para a planta utilizar em seu metabolismo, além de haver acúmulo de amônio.
Veja também: Herbicidas Inibidores da ACCase
Sintomas
- Primeiro sintoma de intoxicação: amarelecimento das folhas e outros tecidos verdes da planta;
- Após isso ocorre o murchamento e morte da planta, entre 7 e 14 dias.
Casos de resistência
Não existem relatos de plantas daninhas resistentes a este mecanismo de ação no Brasil.
Porém, no mundo temos 7 casos, referentes a 4 espécies de plantas daninhas.
A tabela abaixo mostra os casos de resistência no mundo, os locais em que foram relatados, o ano, as culturas, os herbicidas e fotos das plantas daninhas.
Vimos neste texto como funciona o mecanismo de ação dos herbicidas inibidores da glutamina sintetase (GS);
Você aprendeu sobre as principais características do glufosinate, em quais culturas o herbicida é registrado e quais os casos de resistência no mundo.
Gostou do texto? Tem mais informações sobre herbicidas Inibidores da GS? Adoraria ver o seu comentário abaixo!
Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli é Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente está cursando MBA em Agronegócios.