Hoje, vamos continuar entendendo sobre os mecanismos de ação dos herbicidas.
Já vimos sobre os Inibidores da ACCase, Glutamina sintetase, FSI, FSII, Carotenóides e Crescimento Inicial.
No texto de hoje vamos compreender o mecanismo de ação dos herbicidas Inibidores da PROTOX (protoporfirinogen oxidase).
Este grupo é representado pelos herbicidas acifluorfen, carfentrazone, saflufenacil, sulfentrazone, oxadiazon, oxyfluorfen, lactofen, fomesafen, flumioxazin e flumiclorac.
Os herbicidas deste mecanismo de ação fazem parte de 9 grupos químicos, 5 deles com registro no Brasil:
- Difeniléteres: fomesafen, lactofen e oxyfluorfen;
- N-fenilftalimidas: flumioxazin e flumiclorac;
- Oxadiazóis: oxadiazon;
- Triazolinonas: carfentrazone e sulfentrazone;
- Pirimidinadionas: saflufenacil.
Vamos ver agora as principais características dos herbicidas Inibidores da PROTOX.
Principais características
- Pouca ou nenhuma translocação dentro das plantas;
- Precisam de luz para serem ativados;
- Podem ser absorvidos pelas raízes, caule ou folhas de plantas novas;
- Período residual no solo varia de dias a meses, depende do produto;
- Alta sorção na matéria orgânica do solo, por isso são altamente resistentes à lixiviação;
- Quando aplicados em pré-emergência atuam próximo à superfície do solo;
- Quando utilizados em pós-emergência precisam de boa cobertura sobre as plantas (pouca translocação);
Devido a forte sorção com a matéria orgânica, se forem incorporados, reduzem a eficácia.
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Como ocorre o controle das plantas daninhas?
- Este mecanismo de ação atua inibindo a enzima PROTOX (protoporfirinogênio oxidase);
- A enzima PROTOX é encontrada nos cloroplastos e nas mitocôndrias das células das plantas;
- A PROTOX atua na oxidação de protoporfirinogênio IX em protoporfirina IX;
- Com a inibição da enzima acontece o acúmulo de protoporfirina IX;
- Isso acontece porque o protoporfirinogênio IX, precursor da protoporfirina IX, sai do centro de reação do cloroplasto quando a PROTOX é inibida e se acumula no citoplasma;
No citoplasma, a protoporfirina IX interage com o oxigênio e a luz, e forma o oxigênio singlete e inicia o processo de peroxidação dos lipídios.
Agora que vimos como atuam estes herbicidas na planta, vamos ver quais os sintomas que podemos identificar após a aplicação destes produtos.
Sintomas após a aplicação de herbicidas Inibidores da PROTOX
- Após 4 a 6 horas de luz solar e da aplicação destes produtos, em pós-emergência, pode ser observado necrose nas folhas;
- Inicialmente, podem ser vistas manchas verde-escuras nas folhas, com aspecto de folhas encharcadas, isso ocorre devido ao rompimento da membrana celular e derramamento de líquido citoplasmático nos intervalos celulares;
- Já, quando são usados em pré-emergência, o tecido é danificado por contato com o herbicida, no momento em que a plântula emerge, podendo ser observado a necrose do tecido da planta que entrou em contato com o herbicida no solo.
Tiririca com sintomas de sulfentrazone (800 g i.a./ha) aplicado em pré-emergência.
Sintomas de lactofen em soja.
Sintomas de sulfentrazone em plantas de milho
Casos de resistência no Brasil e no mundo!
No mundo estão registrados 13 espécies de plantas daninhas resistentes a este mecanismo de ação.
Casos de resistência aos herbicidas Inibidores da PROTOX
Fonte: weed science.
No Brasil, existem 3 espécies com relato de resistência a este mecanismo de ação: Euphorbia heterophylla, Conyza sumatrensis e Amaranthus retroflexus.
Vamos ver agora as culturas em que são registrados este mecanismo de ação.
A tabela abaixo foi feita com base no Guia de Herbicidas (2018), nela constam as culturas em que podem ser utilizados os herbicidas deste grupo.
Consulte o guia e a bula de cada produto para verificar o modo de aplicação para que você não tenha problemas com a seletividade dos herbicidas.
Conclusão
No texto de hoje entendemos mais sobre o mecanismo de ação do herbicidas Inibidores da PROTOX (PPO).
Vimos as principais características deste grupo, os casos de resistência, sintomas após a aplicação, como atuam dentro das plantas e em quais culturas podem ser utilizados.
Referências utilizadas:
Aspectos da biologia e manejo das plantas daninhas / organizado por Patrícia Andrea Monquero – São Carlos: RiMa Editora, 2014.
Biologia e manejo de plantas daninhas / editores: Rubem Silvério de Oliveira Jr., Jamil Constantin e Miriam Hiroko Inoue – Curitiba, PR: Omnipax, 2011.
Proteção de Plantas – Manejo de Plantas Daninhas. Silva, A.A.; Ferreira, E.A.; Pires, F.R.; Ferreira, F.A.; Santos, J.B.; Silva, J. Ferreira.; Silva, J. Francisco.; Vargas, L; Ferreira, L.R.; Vivian, R.; Júnior, R.S.O.; Procópio, S, 2010.
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Sobre a Autora: Ana Ligia Girardeli é Engenheira Agrônoma formada na UFSCar. Mestra em Agricultura e Ambiente (UFSCar) e Doutora em Fitotecnia (USP/ESALQ). Atualmente está cursando MBA em Agronegócios.
Foto de capa: Elevagro.
Qual o mecanismo de absorção da sulfentrazona na grama seda? Apliquei 3 vezes e não tive o efeito esperado e a planta continua viva. Pode me explicar mais detalhes, como agua no solo, humidade relativa do ar, se aplico na folha ou no solo.