Um dos principais manejos do sistema de produção é o controle de plantas daninhas, principalmente em sistema plantio direto, onde não há o revolvimento do solo para o controle mecânico das plantas daninhas. Segundo ROMAN; VARGAS; RODRIGUES (2006) a competição de plantas daninhas com plantas cultivadas por água, radiação solar e nutrientes pode prejuízos para o trigo, diminuindo sua produtividade do a qualidade do produto final, além disso, certas plantas daninhas podem desempenhar efeito alelopático sobre o trigo, diminuindo seu crescimento e desenvolvimento. Os autores ainda destacam que para a cultura do trigo, o período inicial do desenvolvimento da cultura (45-50 dias após a emergência) é o período de maior vulnerabilidade da cultura frente as influências da competição com plantas daninhas, podendo representar perdas significativas na produtividade do trigo.
Este período é conhecido como período total de prevenção a interferência (PTPI), contudo a AOGSTINETTO et al. (2008) destacam que o período crítico de prevenção a interferência (PCPI) é o período onde as práticas de controle devem ser tomadas para diminuir perdas significativas de produtividade do trigo.
Figura 1. Definição dos períodos de controle e de convivência de plantas de azevém e nabo forrageiro na cultura do trigo, com base na produtividade de grãos de trigo.
Além disso, perdas de produtividade do trigo também foram observadas por CENCI et al. (2013), onde foi avaliada a perda da produtividade do trigo em função do período de convivência com plantas daninhas, demonstrando a importância do controle das daninhas no período inicial do desenvolvimento do trigo (figura 2).
Figura 2. Perda de produtividade de trigo em função do período de competição do trigo com plantas daninhas. (Período em Dias Após Emergência).
Note que as maiores perdas são observadas justamente até o período citado por Segundo ROMAN; VARGAS; RODRIGUES (2006), enfatizando a importância do controle das plantas daninhas nesse período, além disso, segundo LAMEGO et al. (2013) os efeitos da interferência das plantas daninhas no trigo são irreversíveis, ocasionado perdas efetivas na produtividade e qualidade do trigo.
Mas como diminuir a competição de plantas daninhas com o trigo no período inicial do desenvolvimento da cultura?
Em vídeo o Professor da Universidade Federal do Paraná e Pesquisador do Grupo Supra Pesquisas Alfredo Albrecht destaca a “importância de entrar com o cereal de inverno em condições favoráveis”, ele se refere a semeadura da cultura do trigo, destacando a importância do controle de plantas daninhas para a inserção da cultura no campo.
Segundo Alfredo, e semeadura do trigo sem a presença de plantas daninhas é fundamental para que o trigo possa se desenvolver bem, “sem a presença de plantas daninha já no início do seu desenvolvimento”, proporcionando melhores condições para o estabelecimento e crescimento da cultura.
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Figura 3. Ambiente desejável para a semeadura do trigo (ausência de plantas daninhas).
Além disso, Albrecht destaca que a presença de plantas daninhas “verdes” na semeadura do trigo, dificulta o controle dessas plantas daninhas especialmente, por estas se encontrarem em estádios mais avançados do seu desenvolvimento quando realizado o controle químico de plantas daninhas posteriormente no trigo. Já a planta daninha que emerge no mesmo período que o trigo, tem seu controle facilitado dentro da lavoura de trigo, justamente por apresentar pequeno porte.
Confira o vídeo abaixo onde o Professor Alfredo Albrecht aborda o tema.
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Referências:
AGOSTINETTO, D. et al. PERÍODO CRÍTICO DE COMPETIÇÃO DE PLANTAS DANINHAS COM A CULTURA DO TRIGO. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 26, n. 2, p. 271-278, 2008.
CENCI, S. et al. PERÍODO DE CONVIVÊNCIA ENTRE O TRIGO E PLANTAS DANINHAS COMBINANDO REGULADOR DE CRESCIMENTO. Rev. Bras. Herb., v.12, n.2, p.124-130, 2013.
LAMEGO, F. P. et al. HABILIDADE COMPETITIVA DE CULTIVARES DE TRIGO COM PLANTAS DANINHAS. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 31, n. 3, p. 521-531, 2013.
ROMAN, E. S; VARGAS, L; RODRIGUES, O. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS NO TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 63, 2006.
Sobre o autor: Maurício Siqueira dos Santos, Engenheiro Agrônomo formado pela UFSM. Atualmente Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola da UFSM e Integrante da Equipe Mais Soja.