Por atuarem principalmente como promotoras do crescimento vegetal, as bactérias do gênero Azospirillum vem sendo muito utilizadas na agricultura, especialmente em culturas pertencentes a família Poaceae (gramíneas) pelos diversos benefícios proporcionados por elas a essas culturas. Embora possuam uma pequena capacidade em fixar nitrogênio (N) atmosféricos, apenas a inoculação da cultura do trigo com essas bactérias não é suficiente para suprir toda a demanda de N pela cultura.
Ainda que a aporte nitrogenado seja necessário para a obtenção de boas produtividades de trigo, a inoculação do trigo com o Azospirillum spp., compreende uma das principais estratégias de manejo visando a sustentabilidade da cultura. De modo geral, a inoculação do trigo com essas bactérias é realizada via sementes, no tratamento de sementes (on farm ou industrial) e/ou via sulco de semeadura.
Contudo, como diversos fatores podem interferir no sucesso de uma atividade agrícola, em algumas ocasiões a inoculação via semente ou sulco pode ser prejudicada ou até mesmo não realizada, sendo necessário corrigir essa deficiência em momentos futuros. Uma das alternativas para isso, é a inoculação via pulverização da parte aérea da cultura.
Analisando o rendimento do trigo (Triticum aestivum) em resposta a diferentes modos de inoculação com Azospirillum brasilense, Pereira et al. (2017) observaram que embora os ganhos de produtividade pela inoculação do trigo via pulverização não sejam tão expressivos quanto os ganhos de produtividade oriundos da inoculação via sementes e sulco de semeadura, a inoculação do trigo via pulverização pode resultar em significativos ganhos de produtividade em comparação ao trigo não inoculado.
Segundo resultados obtidos pelos autores, a inoculação via pulverização do trigo pode representar expressivo aumento de produtividade em comparação ao trigo não inoculado e com mesma adubação nitrogenada (Tabela 1). Para realizar o estudo, os autores utilizaram a cultivar CD 116, com densidade de 420 sementes viáveis m-2. Como observado na tabela 1, diferentes doses de inoculante, de nitrogênio e métodos de inoculação, compuseram o estudo.
Tabela 1. Esquema dos tratamentos com diferentes modos de aplicação do inoculante a base de A. brasilense, associados a doses de nitrogênio e produtividade da cultura do trigo em função dos diferentes tratamentos.
Para o presente estudo, os autores utilizaram inoculante líquido, que continha uma concentração de 2 × 108 unidades formadoras de colônia por mililitros das estirpes AbV5 e AbV6 (Masterfix Gramíneas®), a inoculação via pulverização foi realizada no início do perfilhamento do trigo. Com base nos resultados observados obtidos por Pereira et al. (2017), fica evidente a contribuição da inoculação via pulverização para o aumento da produtividade do trigo, em comparação ao trigo não inoculado com Azospirillum brasilense, entretanto, com valores de produtividade ainda inferiores os obtidos com a inoculação dia sementes.
Logo, pode-se dizer que, como forma de alternativa em suprir uma inoculação ineficiente via tratamento de sementes ou sulco, a inoculação do trigo via pulverização quando empregada em períodos adequados do desenvolvimento do trigo, pode ser uma interessante ferramenta de manejo. Contudo, cabe destacar que não substitui a inoculação via semente ou sulco, sendo melhor empregada quando utilizada de forma complementar a elas. Além disso, os resultados observados por Pereira et al. (2017) evidenciam haver uma relação da adubação nitrogenada com a inoculação do trigo, para o aumento da produtividade, sendo essa, uma estratégia interessante para o aumento do rendimento do trigo.
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Referências:
PEREIRA, L. C. et al. Rendimento do trigo (Triticum aestivum) em resposta a diferentes modos de inoculação com Azospirillum brasilense. Revista de Ciências Agrárias, 2017. Disponível em: < https://revistas.rcaap.pt/rca/article/view/16433 > acesso em: 07/07/2022.