O retorno das chuvas, após o período seco durante a maior parte de março, beneficiou as lavouras em florescimento (3%), em enchimento de grãos (19%) e em maturação (39%), promovendo a recuperação da umidade nos grãos e da turgidez foliar
Apesar das interrupções na colheita, a operação avançou rapidamente de 24% para 39% da área cultivada, acompanhando a antecipação do ciclo fenológico. Contudo, essa antecipação reduziu o potencial produtivo e aumentou a incidência de grãos esverdeados, o que indica que muitas plantas não completaram a maturação antes da senescência. As temperaturas elevadas contribuíram para esse fenômeno, pois interferiram na degradação da clorofila e na atividade enzimática.
A dessecação tornou-se necessária em diversas áreas devido à desuniformidade no desenvolvimento das lavouras, causada por replantios, e ao surgimento de brotações após as chuvas de fevereiro, que não secaram naturalmente, conforme o ciclo de cada cultivar.
Com o andamento da colheita, confirma-se a redução dos rendimentos, consequência do déficit hídrico durante o enchimento de grãos. A produtividade média está estimada em 2.240 kg/ha, mas há ampla variação: algumas áreas foram abandonadas, e outras superam 5 mil kg/ha. Em termos geográficos, as lavouras mais afetadas concentram-se no Centro e Oeste do Estado; já no Quadrante Nordeste, estão mais próximas do potencial produtivo inicial. Entretanto, há grande variabilidade nos resultados, mesmo dentro de uma mesma região, em função das chuvas localizadas e das diferenças no ciclo das cultivares.
Em relação ao aspecto fitossanitário, os produtores intensificaram as aplicações de herbicidas dessecantes nos cultivos em final de ciclo e, com o retorno das chuvas, voltaram a atenção para os de ciclo tardio, que ainda demandam proteção ao longo de abril. O aumento da umidade, associado a temperaturas amenas e à formação de orvalho, favoreceu o surgimento de ferrugem em algumas lavouras, cenário que pode se agravar conforme as previsões climáticas. Diante disso, os produtores estão aplicando fungicidas de alta eficácia, isolados ou em mistura com multissítios, especialmente em áreas com bom potencial produtivo.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, o retorno das chuvas beneficiou as lavouras de implantação mais tardia, que apresentavam perdas significativas devido ao estresse hídrico. Paralelamente, a colheita evoluiu. Em Itaqui, 20% das lavouras foram colhidas, mas a produtividade permanece baixa, variando entre 580 e 1.200 kg/ha. Em casos extremos, algumas áreas foram abandonadas em razão da inviabilidade econômica da colheita. Em Maçambará, apesar de algumas interrupções causadas pelas chuvas, a colheita avançou, atingindo 30%. Porém, a produtividade segue extremamente baixa, e os grãos apresentam defeitos, como imaturidade, chochamento e esverdeamento, em decorrência da estiagem.
Em Manoel Viana, o retorno das chuvas ocorreu tardiamente para alguns cultivos, que entraram em senescência prematura, comprometendo o enchimento dos grãos. As lavouras de ciclo tardio, que eram a expectativa de recuperação para muitos produtores, também sofreram severos prejuízos em função do prolongado déficit hídrico registrado em março. Na Campanha, as chuvas foram adequadas para conter as perdas decorrentes da estiagem, que afetou grande parte das lavouras ao longo de março. Em Dom Pedrito, maior área cultivada com a oleaginosa no Estado (165 mil hectares), a estimativa de perdas é de 28%, considerando o potencial inicial de 2.400 kg/ha. Em Candiota e Aceguá, onde se projetaram potenciais produtivos de 2.650 kg/ha e 2.400 kg/ha, respectivamente, as perdas são estimadas em 20%. Muitas lavouras atingiram a maturação; porém, de forma desuniforme em decorrência do estresse hídrico no final do enchimento dos grãos. Até o momento, a colheita ainda está incipiente, restrita a pequenas áreas com cultivares precoces.
Na de Caxias do Sul, a colheita foi favorecida pela sequência de dias secos. No entanto, em muitas áreas, há perdas de peso devido à colheita de grãos excessivamente secos, resultado da rápida perda de umidade, provocada por temperaturas elevadas e pela baixa umidade relativa do ar. Os rendimentos variam conforme a localização. Em municípios mais impactados pela estiagem, como em Montauri, na Serra, a produtividade média está inferior a 1.800 kg/ha. Já nos Campos de Cima da Serra, os rendimentos variam entre 3.000 e 4.300 kg/ha.
Na de Erechim, 80% das lavouras foram colhidas, e 20% encontram-se em enchimento de grãos (R8 – maduro para colheita). A produtividade média registrada é de 2.453 kg/ha, representando 33% do potencial inicial de 3.600 kg/ha. A irregularidade das chuvas afetou tanto as cultivares precoces quanto as de ciclo tardio. As vendas da produção seguem em ritmo lento, e os produtores aguardam uma possível valorização dos preços.
Na de Federico Westphalen, 2% das lavouras estão em florescimento e enchimento de grãos, 28% em maturação e 70% colhidos. Embora as chuvas significativas em 27/03 tenham mitigado o estresse hídrico, as perdas estão consolidadas na maioria das lavouras. As precipitações foram benéficas para a soja tardia e para a uniformização da umidade dos grãos nas plantas em maturação.
Na de Ijuí, a colheita ultrapassa 50%. O número de grãos por planta é considerado razoável, apesar do prolongado período de baixa umidade. No entanto, o peso de mil sementes (PMS) está significativamente abaixo do padrão das cultivares, sendo o principal fator de queda na produtividade. Em Catuípe, algumas lavouras registraram reduções de até 70% no PMS em relação às indicações das obtentoras. As produtividades apresentam grande variação, especialmente entre áreas com maior ou menor acúmulo de chuvas ao longo do ciclo. Na Região Celeiro, em Santo Augusto, no cultivo de sequeiro, os rendimentos variam entre 1.800 e 5.100 kg/ha; nas lavouras irrigadas, oscila entre 5.400 e 6.600 kg/há.
Na de Passo Fundo, 20% dos cultivos estão em maturação fisiológica (estágio R7); 30% maduro e por colher; e 50% colhidos. A produtividade reduziu e está estimada em 2.552 kg/ha.
Na de Pelotas, 60% das lavouras encontram-se em enchimento de grãos; 7% em floração; 24% em maturação; e 9% colhidos. Os sojicultores indicam perdas de produtividade entre 20% e 40% da projeção inicial. No entanto, em algumas localidades, o desempenho das lavouras superou as expectativas, podendo atingir 3.600 kg/ha.
Na de Santa Maria, o retorno das chuvas contribuiu para amenizar as perdas nos cultivos ainda em enchimento de grãos. Contudo, estima-se redução de 45% na produtividade, em relação ao potencial inicial de 3.110 kg/ha na região. A colheita alcançou 30% da área semeada, e observou-se aumento significativo nas solicitações de perícias do Proagro, especialmente em Restinga Sêca, Jaguari e São Francisco de Assis.
Na de Santa Rosa, 3% das lavouras estão em final do estágio vegetativo ou em floração; 19% em enchimento de grãos; 40% em maturação e 38% colhidos. As chuvas adiaram parcialmente a colheita, mas beneficiaram os cultivos tardios. As lavouras semeadas dentro do zoneamento agrícola apresentaram produtividades abaixo do esperado devido à estiagem e às altas temperaturas. A produtividade varia entre 1.200 kg/ha e 3.000 kg/ha. A perda média na região é de aproximadamente 45%, e a estimativa atual de produtividade está em 1.743 kg/ha. Muitos produtores acionaram o seguro agrícola e o Proagro, aumentando a demanda por vistorias.
Na de Soledade, o ritmo da colheita intensificou-se no período, e a área colhida passou de 15% para aproximadamente 40%. A estiagem antecipou a maturação, resultando em plantas de menor porte, vagens com falhas na formação de grãos e percentual significativo de grãos com tamanho menor.
Comercialização (saca de 60 quilos)
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 0,17%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 127,60 para R$ 127,38.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1861 Emater/RS completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS