Os nematoides fitopatogênicos são pragas de difícil controle que assolam uma variedade de culturas agrícolas, estando presentes em diversos solos destinados ao cultivo de lavouras de soja, milho, entre outros culturas. Em virtude da complexibilidade em atingir o alvo, o controle de praga pode ser considerado difícil, apresentando baixa eficiência.
Além disso, a maioria das espécies de nematoides possuem uma grande capacidade reprodutiva, fato que contribui para a manutenção das populações da praga em solos agrícolas. Conforme destacado Goulart (2008), dependendo da espécie de nematoide que acomete a cultura da soja, reduções de produtividade de até 30% podem ser observadas na cultura.
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Dessa forma, além do controle químico com o uso de nematicidas, medidas alternativas vêm sendo tomadas a fim de reduzir a incidência de nematoides fitopatogênicos em culturas agrícolas como a soja. Uma das principais medidas é o cultivo de plantas com capacidade em reduzir a populações de nematoides, exercendo certo “controle” sobre eles, onde uma das principais e mais utilizadas culturas para isso é a crotalária.
Figura 1. Características de plantas de cobertura com potencial de uso no sistema de semeadura direta.
O cultivo de espécies de crotalária vem ganhando espaço em áreas infestadas com nematoides em virtude dos benefícios ofertados pela cultura, sendo facilmente inserida no sistema de produção, por meio da rotação de culturas. Além da crotalária solteira ou em mix de plantas de cobertura, é possível consorciar essa planta com culturas de interesse econômico.
Já pensou em consorciar a crotalária com uma cultura comercial?
Analisando o consórcio de milho com braquiária, como fonte de diversificação do sistema de produção, Garcia & Silva (2019) observaram que o consórcio de milho com crotalária em linha intercalar é uma prática agronômica viável e que traz benefícios para o sistema de produção, sem comprometer a colheita e a produtividade do milho.
Os autores avaliaram a produtividade do milho consorciado com diferentes espécies de crotalária (Crotalaria juncea, Crotalaria spectabilis e Crotalaria ochroleuca) em sistema intercalar, ou seja, a linha do milho com 45 cm de espaçamento para a crotalária e 90 cm para a próxima linha de milho (Garcia & Silva, 2019).
Com base nos resultados obtidos pelos autores, na média das três entressafras, a presença da Crotalaria juncea reduziu significativamente a produtividade do milho em comparação ao milho solteiro (testemunha), não sendo uma alternativa para cultivo simultâneo.
Tabela 1. Produtividade de grãos de milho solteiro e consorciado com Crotalaria juncea, C. spectabilis e C. ochroleuca, nas entressafras de 2017, 2018 e 2019(1).
Embora o desdobramento dos anos de cultivo analisados (2017, 2018 e 2019) tenha demonstrado redução significativa da produtividade do milho com o consorcio milho e Crotalaria juncea, as demais espécies analisadas apresentam aptidão para uso em consórcio com o milho, sem causar drásticas reduções da produtividade dos grãos, agregando ao sistema, os benefícios do cultivo da crotalária, sendo assim, uma prática viável agronomicamente.
Figura 2. Produtividade média de grãos de milho solteiro e consorciado com Crotalaria juncea, C. spectabilis ou C. ochroleuca.
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Referências:
FERREIRA, A. C. B. et al. SISTEMAS DE CULTIVO DE PLANTAS DE COBERTURA PARA A SEMEADURA DIRETA DO ALGODOEIRO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 377, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/157493/1/Sistemas-de-cultivo-de-plantas-de-cobertura.pdf >, acesso em: 04/01/2021.
GARCIA, R. A.; SILVA, C. A. CONSÓRCIO DE MILHO COM CROTALÁRIA: ALTERNATIVA PARA DIVERSIFICAR SISTEMAS DE PRODUÇÃO. Embrapa, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 84, 2019. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1118911/1/BP-84-2019-errata.pdf >, acesso em: 04/01/2021.
GOULART, A. M. C. ASPECTOS GERAIS SOBRE NEMATÓIDES-DAS-LESÕES RADICULARES (GÊNERO Pratylenchus). Embrapa, Documentos, n. 219, 2008. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2010/30288/1/doc-219.pdf >, acesso em: 04/01/2021.