O Azevém (Lolium multiflorum) é uma das plantas daninhas mais preocupantes da cultura do trigo. Sua presença na área de produção pode causar redução significativa da produtividade do trigo pela matocompetição, além disso, o azevém também possuir efeito alelopático sobre algumas espécies. A alelopatia é a inibição do crescimento de uma planta por outra, através da liberação de compostos químicos no ambiente (Roman; Vargas; Rodrigues, 2006).
O Azevém é uma planta conhecida popularmente por seu efeito alelopático sobre algumas culturas, podendo interferir no estabelecimento de algumas lavouras. Conforme destacado por Roman; Vargas; Rodrigues (2006), a redução acentuada da produtividade do trigo ocorre principalmente quando a cultura é submetida a competição com plantas daninhas nos estádios iniciais do seu desenvolvimento, mais especificamente até os 45 a 50 dias após a emergência do trigo.
Analisando os períodos de interferência do azevém na cultura do trigo, Donin (2014) observou que o período anterior a interferência (PAI) foi de 11 dias após a emergência (DAE), enquanto o período total de prevenção a interferência foi de 21 DAE. Isso corrobora o relato de Roman; Vargas; Rodrigues (2006) de que o período inicial do desenvolvimento da cultura é fundamental para determinar as perdas produtivas em decorrência da matocompetição e evidencia a necessidade de controle do azevém no trigo, ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento da cultura.
Figura 1. Produtividade de grãos de trigo (kg.ha-1 ), em função dos períodos de controle (·) e de convivência (o) de azevém.

Tendo em vista o impacto do azevém sobre a produtividade do trigo, medidas de controle são essenciais para evitar maiores danos do azevém na cultura do trigo. Dentre as principais formas de controle, podemos destacar o uso de herbicidas pós-emergentes, entretanto, há uma grande quantidade de populações de azevém com resistência conhecida a vários herbicidas de diferentes mecanismos de ação, o que tornar complexo o controle dessa daninha em pós-emergência, especialmente pela baixa seletividade de herbicidas.
Veja mais: Resistência do azevém a herbicidas – Confira os mecanismos de ação aos quais a planta daninha apresenta resistência e algumas alternativas de manejo
Conforme destacado pelo Eng. Agrônomo André Goral, em virtude da dificuldade de controle do azevém em pós-emergência, deve-se buscar alternativas que possibilitem um controle alternativo dessa planta daninha. Além do estabelecimento da lavoura “no limpo”, o uso de herbicidas pré-emergentes, no sistema “plante – aplique” vem demonstrando bons resultados de controle do azevém, sendo essa uma valiosa ferramenta para o manejo dessa daninha.
Figura 2. Testemunha (a esquerda), tratamento com herbicidas pré-emergente (a direita) visando o controle do azevém em trigo.

Tanto azevém quando aveia-preta tiveram suas ocorrências e densidades populacionais aumentadas nos últimos anos, especialmente pelo uso como cobertura do solo, na rotação de culturas, que evita o cultivo sequencial de trigo na mesma área, e também, pela dificuldade de controle em meio a cultura do trigo (Roman; Vargas; Rodrigues, 2006).
Além do uso de herbicidas pré-emergentes, se tratando do controle eficientes do azevém no trigo, quando houver a necessidade de controle em pós-emergência, deve-se atentar para o estádio de controle da planta daninha, sendo esse fundamental para o sucesso do controle e redução do risco de ocorrência de efeitos fitotoxicos na cultura, especialmente quando trabalhadas associações de herbicidas.
Veja mais: Azevém em trigo – atenção com o estádio de controle
Confira o vídeo abaixo com as dicas e contribuições do Eng. Agrônomo André Goral.
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Referências:
DONIN, E. J. PERÍODOS DE INTERFERÊNCIA DE Lolium multiflorum NA CULTURA DO TRIGO NO ALTO URUGUAI GAÚCHO. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal da Fronteira Sul, 2014. Disponível em: < https://rd.uffs.edu.br/handle/prefix/1070 >, acesso em: 10/08/2021.
ROMAN, E. S.; VARGAS, L.; RODRIGUES, O. MANEJO E CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS EM TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 63, 2006. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/852518/1/pdo63.pdf >, acesso em: 10/08/2021.