O manejo e controle eficiente de doenças é essencial para garantir a manutenção da produtividade e qualidade dos grãos de trigo ou sementes produzidas. Além do manejo da cultura e tratos culturais, diversos fatores a exemplo das condições ambientais e climáticas podem influenciar na ocorrência de doenças no trigo.
Para que ocorra o desenvolvimento de uma doença é necessário a presença do inoculo/patógeno, do hospedeiro e de condições ambientais adequadas. Embora naturalmente a ocorrência de doenças fungicas esteja relacionada a condições de elevada umidade e altas temperaturas, algumas doenças a exemplo do oídio (Blumeria graminis f. sp. tritici) se destacam por se desenvolverem em condições distintas.
Conforme destacado por Santana et al. (2012), o desenvolvimento do oídio é favorecido por temperaturas amenas (entre 15°C e 20°C) e ausência de água livre. Sob condições favoráveis, um ciclo completo do desenvolvimento da doença pode ocorrer em até 5 dias. Como sintomas típicos da ocorrência de oídio em trigo, temos o crescimento micelial do fungo sobre as folhas, que apresenta aspecto de pó branco ou cinza.
Figura 1. Sintomas típicos de oídio em folha de trigo.
Segundo Costamilan (2019), o oídio em trigo pode causar reduções médias de produtividade variando entre 5% a 8%, contudo, em cultivares suscetíveis, as perdas de produtividade podem ser superiores a 60%, em casos de maior severidade da doença.
Costamilan (2019) destaca que o inoculo do oídio se mantém na lavoura durante os períodos entressafra do trigo, sobrevivendo em planta voluntárias e hospedeiras, sendo facilmente disseminado pelo vendo. Embora contribua para a o manejo da doença, a rotação de culturas não é efetiva para o controle da doença, já que o patógeno pode ser encontrado em qualquer período do ano e apresenta rápido ciclo de desenvolvimento, como visto anteriormente.
O oídio pode ser considerado uma das primeiras doenças a acometer a cultura do trigo, principalmente em condições de clima seco onde o desenvolvimento da doença é favorecido. Tendo em vista os impactos da doença na produtividade do trigo, o controle químico do oídio é imprescindível para reduzir as perdas produtivas.
Segundo orientações da Embrapa, o controle químico do oídio em cultivares suscetíveis é mais econômico via tratamento de sementes, do que por meio da aplicação de fungicidas na parte aérea do trigo. Quando houver a necessidade de realizar a aplicação de fungicidas na parte aérea das plantas, recomenda-se realizar o monitoramento para acompanhar a evolução da doença. A aplicação de fungicidas deve ser efetuada quando a incidência foliar, a partir do estádio de alongamento, atingir o nível de ação (Costamilan, 2019).
Com relação ao nível de controle, normalmente recomenda-se que a aplicação de fungicidas seja realizada quando atingidos, cerca de 20% de infestação por oídio, utilizando fungicidas recomendados (Tabela 1).
Tabela 1. Fungicidas(1) para controle de oídio (Blumeria graminis f. sp. tritici), manchas foliares [Bipolaris sorokiniana (Bs), Drechslera tritici-repentis (Dt-r) e Stagonospora nodorum (Sn)], ferrugem da folha (Puccinia triticina) e ferrugem do colmo (P. graminis f. sp. tritici) (Embrapa, 2018).
Além do tratamento de sementes com fungicidas e da aplicação de fungicidas via pulverização na parte aérea da planta, o uso de cultivares resistentes ao oídio constitui uma das principais medidas de manejo da doença.
Veja mais: Inoculação em trigo – Qual método pode resultar em melhores produtividades?
Referências:
COSTAMILAN, L. M. MOMENTO DE OBSERVARO OÍDIO EM TRIGO. Embrapa, Notícias, 2019. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/46358370/artigo—momento-de-observar-o-oidio-em-trigo >, acesso em: 23/05/2022.
EMBRAPA. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE – SAFRA 2019 / XII REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE – SAFRA 2019. Embrapa, 2018. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/196239/1/ID44570-2018InfTecTrigoTriticale2019.pdf >, acesso em: 23/05/2022.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 23/05/2022.