O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de combinações do tratamento de sementes industrial no desenvolvimento radicular das plântulas de soja em diferentes períodos de armazenamento
Autores: Ana Karoline Silva Sanches1; Vanessa Francieli Vital Silva2; Gustavo Delabio da Silva3; Andréia Kazumi Suzukawa4; Larissa Vinis Correia5; Renata Cristiane Pereira6
INTRODUÇÃO
A cultura da soja (Glycine max (L.) Merrill) apresenta grande importância econômica para o Brasil. O intenso trabalho de empresas públicas e privadas para o desenvolvimento de variedades adequadas às diferentes regiões brasileiras é um dos principais fatores responsáveis pelo sucesso da cultura.
Para o manejo populacional na produção de grãos, há a necessidade de sementes de soja com elevada qualidade fisiológica, física e sanitária. As sementes podem ser tratadas com fungicidas, inseticidas, micronutrientes, inoculantes, bioestimulantes, hormônios, além de polímeros (Avelar, 2011). Um progresso no tratamento de sementes é o tratamento industrial, entretanto, há a necessidade de estudos para avaliar a qualidade das sementes de acordo com as diversas combinações de tratamentos.
A preservação da qualidade das sementes, desde o momento da colheita até a sua utilização é fundamental para o sucesso na implantação da lavoura. Os esforços para a produção serão desperdiçados se a qualidade fisiológica não for mantida até no mínimo, o momento da semeadura. Contudo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influência de combinações do tratamento de sementes industrial no desenvolvimento radicular das plântulas de soja em diferentes períodos de armazenamento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Laboratório de Tecnologia de Sementes do Núcleo de Pesquisa Aplicada à Agricultura (NUPAGRI), em Maringá – PR. Adotou-se o delineamento experimental inteiramente aleatorizado, no modelo de medidas repetidas no tempo, com cinco repetições.
Foram utilizados 2,5 kg de sementes de soja da cultivar BMX Alvo RR para cada tratamento de sementes. Após o tratamento, as sementes foram armazenadas em sacos de papel Kraft, em condições normais de ambiente de laboratório, com monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar, por meio de termo higrômetro digital, e o armazenamento foi conduzido no Laboratório de Tecnologia de Sementes.
As sementes tratadas tiveram a sua qualidade fisiológica avaliada nos seguintes períodos de armazenamento: 0, 15, 30, 45, 60 e 90 dias após o tratamento das sementes. Os tratamentos utilizados foram: 1 – testemunha absoluta; 2 – combinação de fungicida (F) (thiabendazole, fludioxonil e mefenoxam – Maxim Advanced®, dose: 100 mL 100 kg-1), inseticida (I) (thiamethoxam – Cruiser®, dose: 250 mL 100 kg-1) e um pó secante (P) (Fluidus, dose: 150 g 100 kg-1) em volume de calda de 350 mL 100kg-1; 3 – fungicida (F) (dose: 100 mL 100 kg-1), inseticida (I) (dose: 250 mL 100 kg-1), adição de micronutrientes Co e Mo(M) (CoMo Platinum®, dose: 200 mL 100 kg-1) e pó secante (P) (dose: 150 g 100 kg-1) em volume de calda de 550 mL 100kg-1; 4 – fungicida (F) (dose: 100 mL 100 kg-1), inseticida(I) (dose: 250 mL 100 kg-1), micronutrientes (M) (dose: 200 mL 100 kg-1), adição de bioestimulante (B) (Stimulate®, dose: 500 mL 100 kg-1) e pó secante (P) (dose: 400 g 100 kg-1) em volume de calda de 1050 mL 100kg-1; 5 – fungicida (F) (dose: 100 mL 100 kg-1), inseticida (I) (dose: 200 mL 100 kg-1), inseticida/nematicida (N) (abamectin – Avicta®, dose: 100 mL 100 kg-1), pó secante (P) (dose: 150 g 100 kg-1), polímero (POL) (Disco Ag Green, dose: 100 mL 100 kg-1) em volume de calda de 500 mL 100kg-1;
Para comprimento de raiz, as sementes foram colocadas sobre duas folhas de papel toalha do tipo germitest, previamente umedecidas com água destilada, cobrindo-as com outra folha. As sementes foram semeadas no terço superior, no sentido longitudinal, distribuídas em duas fileiras no papel-toalha. Em seguida, foram confeccionados rolos, os quais foram levados para o germinador, na temperatura constante de 25 ± 2ºC, onde permaneceram por cinco dias. O comprimento de raiz primária das plântulas consideradas normais, foi avaliado no quinto dia, com uma régua milimetrada, efetuando-se as medições em centímetros e os resultados expressos em cm plântula-1 (Nakagawa, 1999).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os tratamentos 2 (fungicida, inseticida na dose 250 mL 100kg-1 e pó secante na dose 150 g100 kg-1), 3 (fungicida, inseticida na dose de 250 mL 100 kg-1, pó secante na dose 150 g 100 kg-1 e micronutrientes) apresentaram-se superiores aos demais aos 0 dias de armazenamento. O tratamento 5 (fungicida, inseticida na dose 200 mL 100 kg-1, pó secante na dose 150 g 100 kg-1, polímero e inseticida/acaricida) não apresentou diferenças significativas com a testemunha aos 15 dias de armazenamento. Estes tratamentos representam, portanto, tratamentos com resultados superiores (Tabela 1).
Tabela 1. Médias do comprimento da raiz primária de plântulas (em cm) oriundas de sementes de soja dos tratamentos de semente industriais em seis períodos de armazenamento.
Com relação ao efeito neutro do tratamento das sementes com o complexo de nutrientes sobre o seu vigor, Bays et al. (2007), utilizando micronutrientes (Co, Mo e B), no tratamento de sementes de soja, juntamente com fungicida e polímero, não observaram aumento na germinação e no potencial fisiológica das sementes. Isto porque estes nutrientes são importantes ao processo de fixação biológica do nitrogênio na soja, em fases posteriores às avaliadas.
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Aos 30 dias de armazenamento, o tratamento 2 permaneceu como uma opção de tratamento de semente superior. Observou-se que no período de 90 dias de armazenamento, o tratamento 4 ocasionou os menores valores de comprimento de raiz, provavelmente devido ao elevado volume de calda. Com isso, houve redução da qualidade fisiológica da semente de soja.
CONCLUSÃO
O tratamento 4 (fungicida, inseticida, micronutrientes, bioestimulante e pó secante) foi a pior opção, entre os tratamentos avaliados, ao longo dos períodos de armazenamento.
REFERÊNCIAS
AVELAR, S.A.G.; BAUDET, L.; PESKE, S.T.; LUDWIG, M.P.; RIGO, G.A.; CRIZEL, R.L.; OLIVEIRA, S. Armazenamento de sementes de soja tratadas com fungicida, inseticida e micronutriente e recobertas com polímeros líquido e em pó. Ciência Rural, 41:1719-1725, 2011.
BAYS, R.; BAUDET, L.; HENNING, A.A.; LUCCA FILHO, O. Recobrimento de sementes de soja com micronutrientes, fungicida e polímero. Revista Brasileira de Sementes, 29:60-67, 2007.
NAKAGAWA, J. Testes de vigor baseados no desempenho das plântulas. In: KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. (Ed.). Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, 1999. Cap.2, p.1-24.
Informações dos autores:
1 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR.
2 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR;
3 Acadêmico do Curso de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR;
4 Doutoranda em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR;
5 Mestranda em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR;
6 Doutoranda em Agronomia, Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR.
Disponível em: Anais do I Congresso Online para aumento da produtividade de soja 2018. Santa Maria, RS.