Autor: Dr. Argemiro Luís Brum
A cotação do trigo, para o primeiro mês, em Chicago, voltou a ultrapassar os US$ 11,00/bushel durante a corrente semana, disparando após o anúncio do relatório de oferta e demanda do USDA, no dia 12. O fechamento, portanto, desta quinta-feira (12), ficou em US$ 11,74/bushel, contra US$ 10,96 uma semana antes. A cotação desta quinta-feira, em Chicago, é a mais alta para o trigo em pouco mais de dois meses.
O relatório de oferta e demanda do USDA, neste dia 12/05, apontou o seguinte para o mercado do trigo em 2022/23:
- 1) A área a ser semeada com todos os tipos de trigo, nos EUA, fica projetada em 19,2 milhões de hectares, sendo ela 1,5% superior ao registrado no ano anterior;
- 2) A produção dos EUA fica prevista em 47,1 milhões de toneladas, contra 44,5 milhões no último ano, e a média esperada de 48,7 milhões pelo mercado para este novo ano;
- 3) Os estoques finais de trigo, nos EUA, somariam 16,8 milhões de toneladas, após os 17,8 milhões estimados para o corrente ano, assim como este era o volume esperado pelo mercado para o novo ano;
- 4) O preço médio do bushel de trigo, ao produtor estadunidense, está projetado em US$ 10,75, ou seja, um pouco abaixo do atualmente praticado;
- 5) A produção mundial de trigo, para o novo ano comercial, fica projetada em 774,8 milhões de toneladas, contra 779,3 milhões no corrente ano;
- 6) Os estoques finais mundiais estão projetados em 267 milhões de toneladas, contra 279,7 milhões no corrente ano e 271,6 milhões na média esperada pelo mercado neste relatório;
- 7) A produção da Argentina fica projetada em 20 milhões de toneladas, a da Austrália em 30 milhões e a do Canadá em 33 milhões de toneladas;
- 8) A produção da Rússia projetada em 80 milhões de toneladas, enquanto a da Ucrânia, devido à guerra, recua para 21,5 milhões após as 33 milhões colhidas no ano anterior.
O USDA informou ainda que 27% da área destinada ao trigo de primavera, nos EUA, já foi plantada, enquanto eram 67% do ano passado e 47% na média histórica nesta data. Já sobre o trigo de inverno, o departamentou apontou 29% das lavouras em boas ou excelentes condições, contra 27% da semana anterior, e 49% nestas condições na safra do ano anterior. Por sua vez, os EUA embarcaram 236.847 toneladas de trigo na semana encerrada em 05/05, ficando dentro do esperado pelo mercado.
Com isso, o total embarcado pelos EUA, em trigo, no corrente ano comercial, soma 19 milhões de toneladas, ou seja, 18% abaixo do registrado em igual momento do ano anterior. Enquanto isso, a Índia exportou um recorde de 1,4 milhão de toneladas de trigo em abril, aproveitando-se do espaço deixado pela guerra no Leste Europeu. Em todo o ano comercial anterior, encerrado em 31 de março, a Índia exportou 7 milhões de toneladas de trigo.
Os indianos ficam praticamente sozinhos no mercado mundial nesta época do ano, em termos de produção. Para maio, esperam exportar mais 1,5 milhão de toneladas. A Índia exportou trigo para o sul da Ásia, Sudeste Asiático, Oriente Médio, Europa e norte da África.
E aqui no Brasil, os preços se mantêm firmes, com boas altas no mercado gaúcho. A média semanal, no Rio Grande do Sul, subiu para R$ 102,63/saco, ganhando quase cinco reais por saco, na semana, enquanto as principais praças locais negociaram o produto entre R$ 104,00 e R$ 105,00/saco. No Paraná, o mercado trabalhou com o produto valendo entre R$ 96,00 e R$ 100,00/saco.
A alta nos preços do cereal, neste início de maio, que atinge recordes nominais, vem da valorização externa do cereal; da nova desvalorização do Real, a qual encarece o produto importado; e da baixa oferta de produto nacional de qualidade. E o plantio da nova safra apenas está iniciando, havendo espaço para novas altas até setembro, quando a colheita se inicia pelo Paraná. Aliás, neste Estado o plantio atingia a 26% da área, até o início da presente semana, com 99% das lavouras semeadas estando em boas condições. No atual estágio da planta, o frio e as geadas são positivos ao cereal.
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Fonte: Informativo CEEMA UNIJUI, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum (1)
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUI, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUI).